Ciência
03/12/2023 às 09:00•2 min de leitura
Há 40 anos, a organização que mantém uma posição de princípio em relação aos animais em cativeiro Born Free surgiu após a eutanásia de Pole Pole, o último elefante do Zoológico de Londres, no Reino Unido. Em 2023, o grupo convidou o público a explorar caminhos para oferecer maior apoio à conservação animal, biodiversidade, proteção de ecossistemas e pesquisas eficazes que vão além da existência dos zoológicos.
No dia 29 de novembro, um painel de especialistas foi elaborado para discutir o futuro dos zoológicos e como poderíamos mudar como abordamos a conservação e a ameaça da perda de biodiversidade. Quem liderou os debates foi o cofundador e presidente executivo da Born Free, Wil Travers, e o conservacionista e apresentador de televisão sobre vida selvagem, Chris Packham.
(Fonte: GettyImages)
Durante o evento, chamado de "Beyond Zoos", Travers destacou a importância de apreciar e compreender o significado desse tipo de discussão, tendo em vista que "repetir o passado é algo danoso". Para o cofundador da Born Free, a fala de Packham, que trabalhou como zoológico na Ilha de Wright e atualmente administra um santuário animal, é importante para conseguirmos desempenhar uma transição dos zoológicos para um futuro mais plausível e eficaz.
Packham destacou que o principal objetivo da conferência é alcançar as pessoas da indústria dos zoológicos para uma discussão saudável. Com diversos especialistas reunidos no mesmo local, os pesquisadores tiveram um espaço para pensar em como é possível transformar a manutenção de animais em cativeiro no futuro. Segundo os líderes do evento, a manutenção de animais selvagens em cativeiro não mostrou ser uma experiência de sucesso até então.
Então, o que poderia ser feito para mudar esse cenário? Caso ainda exista uma crença na conservação das espécies ameaçadas, muito precisa ser repensado para abrandar, travar ou até mesmo inverter o declínio da biodiversidade na natureza.
(Fonte: GettyImages)
Durante o evento, os especialistas discutiram situações como as que ocorrem no Zoológico de Londres, detentor de alguns espécimes de tigres de Sumatra. A floresta de Sumatra desapareceu em 95% desde 1990. Portanto, qual seria o planejamento para os animais que estão sendo criados em cativeiro? Onde eles serão colocados no futuro? Quais habitats estarão disponíveis para eles serem libertos em segurança? Na visão dos especialistas, não há uma capacidade atual para fazer isso.
Algumas espécies como ursos polares, cães selvagens e diversos cetáceos correm riscos parecidos. Na visão de Packham, por que não deixamos então essas populações que estão em cativeiro, que claramente não poderão ser devolvidas à natureza, simplesmente morrer efetivamente fora do seu ambiente natural e serem substituídas naturalmente? Essa é uma discussão sem resposta definitiva no meio científico e que gera opiniões bem distintas entre os pesquisadores.
Travers, por sua vez, destaca que seria "loucura" dizer que nenhum jardim zoológico contribuiu para um resultado positivo de conservação ou de educação em relação às espécies ameaçadas. Porém, a continuidade desse trabalho não é uma solução definitiva. Logo, o principal trabalho deveria estar voltado na restauração e conservação de habitats e biodiversidade, aumentando o número de terras protegidas para 2030. O tempo de mudança tem se mostrado escasso e, com isso, muitos outros animais podem perder seu espaço no planeta durante os próximos anos.