Estrelas 'vampiras' podem ter 'cúmplice oculto' no espaço

04/12/2023 às 03:002 min de leitura

De acordo com um novo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, o universo pode ser assombrado por diversos sistemas de estrelas "vampiras" — pois crescem atacando estrelas menores. A pesquisa analisou a evolução de um tipo misterioso de estrela chamada de estrelas do tipo Be, que nada mais são do que um subconjunto de estrelas brilhantes, que giram muito rápido e apresentam anéis de matéria em órbita.

Ao analisar dados de alta precisão dos satélites Gaia e Hipparcos, investigadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, mostraram agora que as estranhas características dessas estrelas podem ser explicadas pela influência de duas estrelas companheiras adicionais que orbitam a estrela principal em muitos sistemas de Be. 

Oscilação espacial

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Como primeiro passo, os pesquisadores começaram a estudar como as estrelas Be obtêm seu giro extremamente rápido e seus anéis de assinatura. A teoria predominante é que estas estrelas se desenvolvem a partir de sistemas binários de duas estrelas orbitando um centro de massa comum. Contudo, a estrela Be tende a atacar sua estrela companheira menor, atraindo matéria que se acumula em um anel ao redor da estrela maior.

Ao mesmo tempo, isso também gera um acúmulo angular adicional que faz a estrela Be girar mais rápido. Inclusive, é essa explicação que fez com que elas ganhassem o nome de "estrelas vampiras". No entanto, as evidências deste processo estão longe de serem conclusivas.

Enquanto observavam uma oscilação na trajetória no céu noturno de Sirius, a estrela mais brilhante visível da Terra, os pesquisadores concluíram que as interações gravitacionais com uma estrela companheira deve ser a causa do padrão de rotação mais rápido das estrelas Be. A oscilação decorre de uma diferença no centro de massa do sistema binário e no centro da luz combinada emitida pelas estrelas.

Análise de dados

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Em seus estudos, os pesquisadores descobriram que existem menos sistemas binários para estrelas Be do que para estrelas B no universo. Uma explicação para isso é que nos sistemas Be, a estrela vampírica teria eliminado a matéria de sua parceira a tal ponto que ela não poderia mais ser detectada devido a uma oscilação no caminho da estrela.

No entanto, os dados se complicaram quando a equipe de pesquisa notou que a prevalência de sistemas binários diminuía apenas para um intervalo específico de distâncias de separação entre as estrelas componentes. Logo, quando a distância era grande demais, a estrela Be não conseguia extrair material de sua companheira.

Então, os investigadores notaram que uma estrela Be com uma estrela companheira orbitando a uma distância dentro da faixa onde os binários eram menos comuns tinha muito mais probabilidade de fazer parte de um sistema com mais de dois corpos celestiais. Embora qualquer sistema com mais de dois objetos seja naturalmente caótico, eles tendem a formar arranjos mais estáveis quando dois objetos próximos são circundados por objetos adicionais a uma distância muito maior. 

Sendo assim, esses binários com uma separação dentro da faixa cósmica aceitável teriam mais probabilidade de incluir um grupo adicional de objetos em seu sistema. Essa terceira estrela, por sua vez, aproximaria as duas estrelas internas antes de serem frequentemente atiradas para longe pelo caos da órbita. Com as estrelas internas mais próximas, Be poderia finalmente exercer seu ato de vampirismo e atacar sua companheira. 

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