Estilo de vida
12/12/2023 às 06:52•2 min de leitura
Dois pequenos fósseis ovais, inicialmente catalogados como plantas extintas, surpreenderam a comunidade científica ao revelar sua verdadeira identidade: filhotes de tartarugas pré-históricas. Descobertos na Colômbia e erroneamente identificados como Sphenophyllum colombianum, esses espécimes intrigaram os pesquisadores desde a década de 1950. Um novo estudo, publicado recentemente na revista Palaeontologia Electronica, desvenda a incrível história por trás dessa confusão e reescreve parte da narrativa paleontológica.
(Fonte: Palaeontologia Electronica/Reprodução)
O equívoco que levou à confusão entre plantas extintas e filhotes de tartarugas iniciou nas décadas de 1950 a 1970, quando o padre Gustavo Huertas encontrou os fósseis próximo de Villa de Leyva. Guiado por uma interpretação inicial, Huertas associou erroneamente as linhas marcadas nos fósseis às nervuras de folhas de uma planta extinta, batizando-os como Sphenophyllum colombianum.
A certeza na identificação dos fósseis como Sphenophyllum colombianum perdurou até 2003, quando a paleobotânica Fabiany Herrera e o paleobotânico Héctor Palma-Castro decidiram reexaminar a classificação. A discrepância temporal, com os fósseis datando entre 113 milhões e 132 milhões de anos, em contraste com a extinção da planta há cerca de 251 milhões de anos, levantou dúvidas cruciais sobre a natureza dos espécimes. Essa incoerência despertou suspeitas e questionamentos fundamentais sobre a natureza real desses fósseis.
(Fonte: Palaeontologia Electronica/Reprodução)
O ponto crucial desta narrativa ocorreu quando a equipe, liderada por Fabiany Herrera, buscou a experiência do paleontólogo Edwin-Alberto Cadena, especialista em tartarugas. O contato com Cadena representou uma reviravolta marcante, pois sua experiência revelou uma interpretação completamente nova para os fósseis, concluindo que suas características correspondiam à parte superior óssea de filhotes de tartarugas. A identificação específica como filhotes da Desmatochelys padillai, uma das maiores e mais antigas tartarugas-marinhas, adicionou uma camada adicional de complexidade e fascínio à descoberta.
Turtwig. (Fonte: Pokemon/Reprodução)
Os fósseis, carinhosamente apelidados de Turtwig em homenagem ao universo Pokémon, surpreendem pela sua dimensão extremamente pequena, medindo menos de 6 centímetros cada. Essa pequena estatura contrasta com o potencial impressionante que esses filhotes de tartarugas Desmatochelys padillai poderiam atingir quando adultos, podendo crescer até 4,5 metros de comprimento.
A pesquisa cuidadosa revelou que esses exemplares tinham menos de um ano no momento da morte, destacando sua extrema juventude. A interpretação das linhas de padrões de crescimento ósseo, inicialmente confundidas com veias de plantas, oferece informações valiosas sobre a biologia desses animais pré-históricos, ressaltando a raridade de encontrar fósseis de filhotes de tartarugas em geral.
A equipe de pesquisa está comprometida em ampliar ainda mais os horizontes dessa revelação e planeja exames detalhados para explorar aspectos anatômicos imperceptíveis anteriormente. A busca por novos fósseis reflete um compromisso contínuo com a exploração do potencial paleontológico do local. Os pesquisadores estão otimistas que as rochas locais podem tanto conter mais exemplares da Desmatochelys padillai quanto outros fósseis enriquecedores para nosso entendimento da vida marinha no passado.