Ciência
19/12/2023 às 12:00•2 min de leitura
Em uma nova descoberta que pode ter impactos significativos para a medicina no futuro, cientistas identificaram compostos sanguíneos ligados à ideação suicida. O estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, encontrou biomarcadores ligados à disfunção mitocondrial, que interrompe a forma como as células "conversam" entre si e podem ser um fator na ideação suicida.
Embora o suicídio seja um problema de saúde complexo e que inclui fatores amplos, como trauma e estresse, ser capaz de identificar aqueles que correm maior risco pode ser uma ferramenta de diagnóstico crucial para o futuro, acreditam os envolvidos na investigação.
(Fonte: GettyImages)
No início de 2023, pesquisadores descobriram ligações moleculares com a ideação suicida, mostrando que algumas pessoas que sofrem de depressão podem estar em maior risco. Estudos desse gênero estão em andamento desde 2019. “As doenças mentais como a depressão têm impactos e motivações que vão muito além do cérebro”, disse Robert Naviaux, professor da Universidade da Califórnia, em comunicado oficial.
Segundo Naviaux, há 10 anos, era difícil estudar como a química de todo o corpo influencia o nosso comportamento e estado de espírito. Contudo, tecnologias modernas estão ajudando a interpretar as conversas das células na sua língua nativa: a bioquímica. Neste novo estudo, os investigadores analisaram o sangue de 99 adultos com depressão e ideação suicida, bem como 99 participantes "saudáveis" sem histórico de doença mental.
Embora centenas de compostos químicos diferentes tenham sido encontrados no sangue dos dois grupos, cinco específicos foram identificados como fatores-chave para a depressão resistente ao tratamento e a ideação suicida. A quebra na comunicação intercelular, por sua vez, estava se originando nas mitocôndrias, que facilitam a produção de energia ATP — essencial para abastecer o corpo. Os cinco produtos bioquímicos, que foram constantes entre homens e mulheres, parecem alterar esse processo entre as pessoas com depressão.
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Tendo em mente os novos dados obtidos, os investigadores agora esperam que estas descobertas possam levar a um tratamento de saúde mental mais personalizado e a um alvo para medicamentos que possam ajudar aqueles que não responderam aos cuidados clínicos modernos. “Se tivermos 100 pessoas que não têm depressão ou que têm depressão e ideação suicida, seríamos capazes de identificar corretamente 85 a 90 pessoas com maior risco com base em cinco metabólitos em homens e outros cinco metabólitos em mulheres”, disse Naviaux.
Nesse sentido, os cientistas acreditam que isso também pode ser importante em termos de diagnóstico, mas também abre uma conversa mais ampla na área sobre o que realmente está causando essas alterações metabólicas. Entre os metabólitos identificados, alguns existem atualmente em suplementos como folato e a carnitina.
Segundo Naviaux, porém, nenhum desses metabólitos é uma solução mágica que reverterá completamente a depressão de alguém. No entanto, com base nos resultados, os médicos poderiam empurrar o metabolismo humano na direção correta para ajudar os pacientes a responder melhor aos tratamentos e, no contexto do suicídio, isso pode ser o suficiente para evitar que mais pessoas ultrapassem esse limiar.