Clima pode determinar se pessoas falam alto ou baixo

02/01/2024 às 03:002 min de leitura

Cara característica distintiva de uma língua, como sons, cadências e padrões gramaticais, foi moldada ao longo do tempo à medida que cada língua se desenvolvia. Por conta disso, um novo estudo analisou cerca de 346 mil palavras de cerca de 5 mil idiomas e dialetos para calcular a "sonoridade" média de cada um deles.

A sonoridade é uma medida que pode ser parcialmente entendida como volume, embora também incluem o quão ressonante é uma palavra. Então, eles analisaram os registros de temperatura global da NASA para avaliar se havia algum tipo de conexão entre temperatura de determinada região e o quão alto seu povo fala. 

Volume e temperatura

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A pesquisa descobriu que as famílias linguísticas que se desenvolveram em climas mais quentes tendem a ter maior sonoridade, ou tendem a ser mais altas, do que aquelas que se desenvolveram em áreas mais frias. Sendo assim, isso não significa que as pessoas que falam estas línguas tendem a falar mais alto, mas que a qualidade das palavras dentro desses idiomas é mais ressonante, ou mais fácil de dizer em voz alta.

As descobertas publicadas na revista PNAS Nexus falam sobre algumas teorias que tentam explicar esse "fenômeno". Porém, segundo o primeiro autor do artigo e estudante de doutorado em linguística computacional da Universidade de Nankai, Tianheng Wang, não existe um consenso para isso até agora. A primeira teoria é que climas frios, como o ar gelado, é mais seco que o ar quente e a secura pode dificultar a vibração das cordas vocais. Sendo assim, a linguagem se tornaria mais silenciosa nessas partes do mundo por ser mais confortável.

A segunda teoria, segundo Wang, afirma que, como o ar em climas mais quentes tende a absorver e amortecer sons de frequência mais alta, as línguas desenvolveram sons mais sonoros e ressonantes que poderiam suportar melhor essa distorção. 

Dados polêmicos

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A recente investigação também acrescentou algumas evidências adicionais a trabalhos anteriores que tentam ligar a sonoridade e a temperatura, mas também carrega algumas das mesmas limitações. Por um lado, os investigadores incluíram apenas cerca de 40 palavras por língua no estudo — em parte porque algumas línguas só tinham dados sobre esse número específico de palavras. Isso traria um retrato muito imperfeito do som de determinados idiomas e dialetos.

As palavras escolhidas para análise também não foram ponderadas. Para ter noção precisa de como é o som de uma língua, uma palavra que contém mais vogais, mas que é usada raramente, não deveria ter o mesmo peso na análise que uma palavra com poucas vogais que é usada o tempo todo. Por esse motivo, os investigadores acreditam que ainda serão necessárias análises mais granulares para apoiar a ligação entre sonoridade e temperatura.

Afinal, ainda seria necessário estabelecer uma diferença entre temperatura e umidade ou levar em consideração como a altitude também pode afetar o ar e como os sons são produzidos. Sendo assim, você ainda não pode dizer aos quatro cantos que fala alto por ter nascido em alguma parte quente do Brasil com 100% de convicção.

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