Ciência
29/01/2024 às 10:00•2 min de leitura
Há dez mil anos, em Huseby Klev, na Suécia, adolescentes da Idade da Pedra mastigavam uma resina preta semelhante a alcatrão, em uma prática que deixou um legado inesperado. Recentemente, cientistas, liderados pelo Dr. Emrah Kirdök do Departamento de Biotecnologia da Universidade de Mersin, na Turquia, conduziram uma pesquisa inovadora sobre os restos desse antigo "chiclete".
A equipe de paleontólogos da Universidade de Estocolmo, na Suécia, liderada pelo coautor Anders Gotherstrom, desempenhou um papel crucial na análise do DNA preservado nos artefatos mastigados. Os resultados do estudo, publicados na revista Scientific Reports, destacam-se como um marco significativo na arqueologia molecular e oferecem uma visão única da vida dos caçadores-coletores da Escandinávia.
Local da escavação. (Fonte: Universidade de Estocolmo/Reprodução)
Os adolescentes da Idade da Pedra, ao mastigarem a resina de bétula, deixaram um rastro genético valioso. Utilizando técnicas avançadas de biotecnologia e genômica, os cientistas extraíram pequenas quantidades de material genético preservado na resina mastigada, superando os desafios relacionados à idade e à deterioração dos artefatos.
A análise do DNA presente nesses "chicletes" revelou detalhes essenciais sobre sua dieta. Antes de saborearem a resina, esses jovens já haviam desfrutado de uma refeição composta por veado, truta e avelãs. Os vestígios de DNA também indicaram o uso dos dentes para preparar ferramentas ou roupas utilizando ossos e peles de aves e outros animais, como o pato-selvagem e o tordo europeu. Isso indica um engenhoso uso dos recursos disponíveis na região costeira escandinava.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Além das preferências alimentares, os cientistas também mergulharam nos problemas de saúde bucal dos adolescentes do passado. Surpreendentemente, um dos jovens apresentou sérios problemas dentários, evidenciados por uma infecção gengival grave, conhecida como periodontite. A análise do "chiclete" sugere que essa condição dolorosa provavelmente levou à perda de dentes pouco depois de mastigar a resina. Essa descoberta proporciona uma visão única das adversidades enfrentadas por esses jovens durante a Idade da Pedra.
Ao estudarem o "chiclete" de 10 mil anos, os cientistas estabeleceram uma conexão única entre o passado e o presente. A pesquisa não apenas desvenda a vida dos caçadores-coletores da Escandinávia, mas também destaca a notável continuidade da condição humana ao longo dos milênios. Assim, essa descoberta arqueológica ressalta a importância de artefatos aparentemente simples e como eles podem proporcionar uma compreensão mais profunda da história humana, ao mesmo tempo em que destaca a resiliência e continuidade das experiências humanas ao longo do tempo.