Artes/cultura
30/01/2024 às 12:00•2 min de leitura
Uma investigação detalhada das amostras do asteroide Ryugu forneceu mais evidências de que as moléculas orgânicas que deram origem à vida no nosso planeta foram trazidas para cá por cometas antigos. Essas amostras de rochas espaciais foram devolvidas à Terra pela missão Hayabusa2 do Japão, realizada em 2018.
Hayabusa2 passou cerca de 18 meses estudando o asteroide e coletando material de superfície, que provou ser um tesouro de informações sobre nosso Sistema Solar. Ryugu é um asteroide próximo à Terra de 870 metros de largura que carece de uma atmosfera protetora. Logo, sua superfície está diretamente exposta ao espaço e pode acumular poeira interplanetária.
(Fonte: Megumi Matsumoto/Divulgação)
A equipe de cientistas por trás dos novos desenvolvimentos na busca pela origem da vida encontrou "respingos de derretimento" de 5 a 20 micrômetros de largura criados quando a poeira cósmica atingiu a superfície de Ryugu. Dentro desses respingos, por sua vez, os pesquisadores encontraram pequenos materiais carbonáceos semelhantes à matéria orgânica primitiva.
“Esta matéria orgânica pode ser as pequenas sementes de vida, uma vez entregues do espaço para a Terra”, disse a professorada Universidade de Tohoky, Megumi Matsumoto, em comunicado oficial. Os cometas tendem a existir em órbitas amplas ao redor do Sol, o que significa que passam a maior parte do tempo nas bordas externas geladas do Sistema Solar.
Porém, quando eles penetram no interior do Sistema Solar, a radiação solar aquece o seu material gelado interior. Isso faz com que o material se transforme diretamente em gás, num processo chamado sublimação. À medida que este material gasoso explode do cometa, ele carrega consigo parte do material da superfície do objeto, deixando rastros de poeira cósmica ao redor do Sol.
(Fonte: GettyImages)
Quando a Terra passa por essas trilhas de poeira cósmica, nós podemos testemunhar show de meteoros enquanto os fragmentos de poeira queimam na atmosfera do nosso planeta. Contudo, é muito mais provável que este material chegue à superfície de corpos sem atmosfera como Ryugu, onde pode ser preservado. Assim, estudar esses restos de poeira nas amostras da Hayabusa2 poderia revelar pistas sobre o material no início do Sistema Solar.
Os materiais carbonáceos encontrados nos derretimentos de Ryugu diferem quimicamente da matéria orgânica normalmente encontrada no material dos cometas porque carecem de oxigênio e nitrogênio. Isto, por sua vez, poderia sugerir como o material foi formado em primeiro lugar. "Nossas imagens de tomografia computadorizada 3D e análises químicas mostraram que os respingos de fusão consistem principalmente de vidros de silicato com vazios e pequenas inclusões de sulfetos esféricos de ferro", acrescentou Matsumoto.
A pesquisadora e sua equipe de trabalho continuam a examinar amostras de Ryugu coletadas pela Hayabusa2 na esperança de descobrir mais derretimentos que possam conter evidências de colisões de poeira cósmica. A esperança é que isso proporcione mais informações sobre o transporte de material orgânico primordial para o espaço ao redor da Terra há mais de 4 bilhões de anos, antes do surgimento da vida.