Porcos musculosos alterados geneticamente podem produzir bacon mais “magro”

01/07/2015 às 07:352 min de leitura

Para criar animais que produzem carne de qualidade muito superior ao padrão, criadores normalmente passam décadas fazendo cruzamentos seletivos entre animais escolhidos metodicamente. Uma equipe de cientistas com membros chineses e sul-coreanos está desenvolvendo um método para encurtar esse processo drasticamente.

Através da edição de um gene específico do DNA extraído de porcos comuns, eles foram capazes de criar animais que desenvolvem uma musculatura avantajada em pouco tempo, o que garante menos gordura entre as fibras e mais carne por animal. É o mesmo resultado obtido pelos criadores citados anteriormente, mas com um custo e um tempo extremamente reduzido em comparação.

Os cientistas utilizaram uma técnica de engenharia genética chamada TALEN – sigla de Transcrição do Gene Alvo Ativador-Como Nucleases Efetoras, em inglês –, que utiliza enzimas “programadas” para procurar e cortar sequências específicas de DNA, ignorando qualquer outro material genético. No caso em questão, a sequência eliminada foi a do gene miostatina, responsável por inibir o crescimento muscular enquanto um embrião está se desenvolvendo, o impedindo de ficar grande demais.

Os porcos na imagem apresentam musculatura hiperdesenvolvida, graças à eliminação do gene miostatina - Imagem: Nature

Editar, copiar e colar

Com a eliminação desse gene do DNA, as células musculares não sofrem nenhum entrave em seu desenvolvimento, o que faz com que elas se desenvolvam de forma acelerada e mais acentuada. O código genético tenta se reparar do dano sofrido, mas acaba permanecendo com aquela sequência danificada, o que torna as células musculares disfuncionais, isto é, que não se comportam da maneira que deveriam.

O DNA alterado foi então introduzido em células fetais suínas e 32 leitões foram clonados a partir dessa amostra inicial. No entanto, apenas 13 deles passaram dos oito meses de vida devido aos seus tamanhos avantajados. Atualmente, somente dois dos porcos continuam vivos, mas apenas um é considerado saudável.

A pesquisa ainda não foi publicada, mas o objetivo do estudo em longo prazo é desenvolver os primeiros animais alterados geneticamente que sejam aprovados para consumo humano. Como a técnica altera um gene do próprio animal, em vez de acrescentar genes de outro, método mais comumente usado na engenharia genética, eles acreditam que a aprovação dos órgãos regulamentadores seria mais fácil de obter.

 Negócio da China

A preocupação com a saúde dos consumidores e com alterações ao meio ambiente são as razões para que agências governamentais como a US FDA – Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos, na sigla em inglês – e similares não tenham ainda permitido que animais modificados geneticamente sejam consumidos por humanos.

Em vez de continuar alterando o DNA dos porcos para evitar que os animais morram devido ao crescimento desproporcional, a equipe responsável pela pesquisa possui uma ideia diferente. O objetivo deles é buscar aprovação da agência reguladora da China, considerada menos rígida do que as demais, e passar a vender esperma suíno alterado geneticamente para os fazendeiros chineses.

O cruzamento do esperma modificado com óvulos de animais normais faria com que somente parte do DNA fosse alterado, o que deve gerar uma musculatura apenas parcialmente desenvolvida nos porcos. No entanto, isso ainda resultaria em porcos que produziriam mais carne e com uma quantidade menor de gordura em sua fibras.

Consequentemente, o bacon extraído a partir desses animais seria mais "magro". Só não dá para saber ainda se seria tão gostoso quanto o original.

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