Estilo de vida
18/03/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 21/03/2024 às 10:53
Na natureza, há elementos que para nós, humanos, são encarados como vantagens, enquanto para outros animais são tidos como um empecilho ou mesmo uma variável que os inibe. E a Lua é uma delas — ou melhor, a luz do sol que se reflete sobre ela, sobretudo durante a Lua cheia.
Como esse tipo de impacto foi pouco analisado até então, muitos comportamentos passam despercebidos ou são incompreendidos. Pensando nisso, pesquisadores foram investigar em diferentes habitats a relação entre a atividade dos animais mamíferos e o ciclo lunar.
Nesse sentido, seria de se esperar que a copa da floresta seria o local onde boa parte dessas mudanças seriam percebidas, mas o estudo mostra como abaixo dela também se desdobram muitas outras dinâmicas.
Para descobrir quais animais apresentam fobia a luz lunar, uma equipe de pesquisadores analisou 88 espécies de mamíferos presentes em 17 florestas de três continentes. A partir de capturas fotográficas, alguns padrões foram percebidos. Tanto animais que vivem em florestas temperadas quanto em tropicais foram acompanhados.
Foi identificado que 20 espécies eram noturnas e nove diurnas. Além disso, 14 apresentaram fobia lunar. Ao ponderar o que poderia estar por trás disso, a redução da atividade é encarada como uma forma de autopreservação para muitos animais.
Uma das conclusões do artigo, que ainda não foi revisado por pares, é que dentre as espécies mais ativas à noite, maior era a chance de serem mais ativas na Lua nova. E o inverso também foi percebido, quanto menos ativas as espécies eram durante a noite, mais ativas ficaram durante a Lua cheia.
Dentre estas 14 espécies de animais que tinham fobia lunar, 11 delas reduziram os níveis gerais de atividade durante a noite de luar e oito se tornaram "menos noturnas", reduzindo parcialmente a atividade. Três delas apresentaram fobia lunar mais acentuada, com redução total das atividades à noite. São elas: Philander opossum, Hoplomys gymnurus e Tylomys watsoni.
Vale destacar que os roedores fizeram parte do grupo animal que mais manifestou essa fobia, independente da região, com uma perceptível redução das atividades nesse período noturno mais luminoso. Além disso, a fobia foi mais evidente entre os mamíferos de pequeno e médio porte que são presas de onças-pintadas e jaguatiricas.
Houve casos que, devido ao menor número de registros coletados para análise, as espécies foram consideradas como indiferentes ao ciclo lunar. Mas como o próprio estudo destaca, por si só, isso não é o bastante para apontar a ausência de fobia lunar. O esquilo gigante da floresta (Protoxerus stangeri), por outro lado, foi o único a apresentar maior atividade durante as fases lunares intermediárias, de transição.
Considerando que o estudo ainda pode ser utilizado para estimar os impactos da iluminação artificial, os resultados obtidos se mostram promissores. Isso porque já tem sido observado como a luz artificial está, cada vez mais, desencadeando mudanças na rotina e no comportamento de diversos animais selvagens.