Ciência
21/11/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 21/11/2024 às 14:00
Uma teoria arqueológica mundialmente aceita a respeito da maior coleção de dinossauros preservados do mundo acaba de ser contestada. Segundo um estudo recente, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o excepcional estado de conservação desses fósseis não foi o sepultamento repentino por vulcanismo, como se acreditava.
Os chamados fósseis de Yixian, região do nordeste da China, são datados entre 120 e 130 milhões de anos, e representam a maior fonte global de conhecimentos sobre os dinossauros do Cretáceo. Descobertos pelos moradores da região na década de 1990, esses dinossauros, pássaros, mamíferos, insetos, sapos, tartarugas e outras criaturas foram disputados a tapa, no que ficou conhecido como a corrida do ouro fóssil.
O que torna esse conjunto tão diferente dos demais é que os animais foram desenterrados completos, com órgãos internos, penas, escamas, pelos, e líquidos estomacais. Isso sugeriu que eles pudessem ter sido capturados em um processo vulcânico parecido com o que ocorreu com os habitante de Pompeia, durante a erupção do monte Vesúvio no ano 79 d.C.
Para datar os fósseis de Yixian, o autor principal do estudo, Scott MacLennan, da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, analisou pequenos grão de zircão, mineral resistente que tem a capacidade de reter elementos radioativos como urânio e tório por bilhões de anos.
Usando um novo tipo de espectroscopia de massa chamada CA-ID-TIMS, ele apurou que os fósseis e o material circundante datavam de 125,8 milhões de anos, fixados mais ou menos em um período de 93 mil anos.
Como se tratava de um período marcado por muita umidade, muitas dessas criaturas enterradas vivas foram seladas nesses locais, e o oxigênio, que normalmente alimentaria a decomposição dos corpos, não penetrou nas tumbas.
Para o coautor do estudo, Paul Olsen, da Escola do Clima da Universidade de Colúmbia, nos EUA, embora estas descobertas sejam as mais importantes dos últimos 120 anos, afirmou o paleontólogo, o que foi dito sobre elas reflete um viés humano de "atribuir causas extraordinárias, ou seja, milagres, a eventos comuns quando não entendemos suas origens".
Os indícios levantados no estudo atual mostram que, na verdade, esses corpos foram preservados por colapsos repentinos de tocas. Segundo os pesquisadores, como os núcleos de rocha ao redor e dentro dos esqueletos são fininhos, isso significa que havia oxigênio suficiente em seus "túmulos".
Quanto aos icônicos dinossauros terópodes, "congelados" em posição de confronto, sua batalha final pode ter ocorrido, segundo os autores, quando um deles invadiu a toca do outro para tentar devorá-lo ou seus filhotes, especula MacLennan