Estilo de vida
21/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 21/10/2024 às 21:00
Uma descoberta surpreendente abalou a comunidade científica: pela primeira vez, pesquisadores encontraram vida animal escondida sob o fundo do mar, em sistemas de ventilação hidrotermal a mais de 2.500 metros de profundidade. Isso desafia a antiga crença de que apenas micróbios ocupavam essa região extrema, sugerindo que uma parte muito maior da crosta terrestre pode abrigar formas de vida complexas. A expedição foi conduzida pelo navio de pesquisa Falkor (too), do Instituto Schmidt Ocean, e revelou um ecossistema vibrante no fundo do oceano Pacífico.
Explorando o fundo do mar ao redor do East Pacific Rise, uma cadeia vulcanicamente ativa onde duas placas tectônicas se encontram, os cientistas usaram veículos operados remotamente para investigar como larvas de animais se estabeleciam no leito marinho. Durante as buscas, eles se depararam com bolsões de fluidos hidrotermais preenchidos por vida animal nas cavidades rasas sob a superfície da crosta.
Ao investigar essas cavidades aquecidas entre duas crostas convergentes, os pesquisadores documentaram a presença de vermes tubulares gigantes, conhecidos como Riftia pachyptila ou "vermes-barba", que podem crescer até 3 metros de comprimento. Além deles, havia um verdadeiro festival de criaturas móveis, incluindo caramujos, mexilhões e outras espécies de vermes, vivendo em um habitat que mais parecia um condomínio subterrâneo.
Estima-se que cerca de 70% da vida microbiana do planeta esteja debaixo da superfície, mas é a primeira vez que se encontra um ecossistema tão diversificado de vida animal abaixo do leito marinho. Os cientistas envolvidos, liderados por equipes da Universidade de Viena e do Instituto Real de Pesquisa Marinha dos Países Baixos, já haviam mencionado a descoberta no ano passado, mas agora os detalhes foram oficialmente publicados.
De acordo com o estudo, “esta é a primeira vez que relatamos a descoberta de animais escavados de cavidades rasas cheias de fluido na subsuperfície dos respiradouros hidrotermais do fundo do mar”. Isso levanta questões sobre até onde esses ecossistemas podem se estender e quais outras formas de vida ainda estão escondidas.
O que exatamente esses animais estão fazendo ali embaixo? Os pesquisadores acreditam que as larvas dos animais que habitam o leito marinho podem se instalar nesses habitats subterrâneos, viajando através do subsolo com a ajuda dos fluidos que fluem dos respiradouros. Se essa teoria for confirmada, isso significa que os ecossistemas do oceano, do fundo do mar e da subsuperfície, estão muito mais interligados do que se pensava anteriormente.
Embora o estudo tenha se concentrado em uma pequena parte do fundo do Pacífico, a equipe sugere que outras áreas da crosta ao redor do mundo também podem abrigar vida animal. Como os autores do estudo afirmaram, "o estudo da biosfera subterrânea para vida animal está apenas começando". Isso sugere que estamos apenas arranhando a superfície – ou melhor, perfurando o fundo – do que existe por lá.
Esse é só o começo de uma jornada que promete mudar nossa visão sobre o que é possível no fundo do mar. O fundo do mar, com suas cavernas aquecidas e tectonicamente agitadas, é um terreno fértil para novas revelações e mistérios que, até pouco tempo atrás, eram inimagináveis, mas que agora se tornaram mais acessíveis.