Ciência
23/06/2024 às 19:00•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 11:03
Assim como nós, humanos, os elefantes-africanos têm uma maneira de se comunicar que sugere o uso de "nomes" individuais. Essa descoberta fascinante foi feita em estudos recentes no Quênia, que confirmaram que a complexa interação social e comunicativa entre esses animais é ainda maior do que imaginávamos.
Analisando os chamados de 470 elefantes em diferentes parques nacionais, o estudo da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, indicou que esses animais podem, de fato, usar vocalizações únicas para se dirigirem a indivíduos específicos, como se fossem nomes.
Medindo as características acústicas dessas vocalizações, os cientistas descobriram que era possível prever a identidade do receptor com uma precisão significativamente maior do que o acaso. Essa descoberta sugere uma forma de comunicação que se aproxima do uso de nomes.
Um aspecto particularmente interessante é que esses chamados não são simplesmente imitações das vocalizações do receptor, como acontece com golfinhos e alguns papagaios, que imitam os sons característicos uns dos outros. Nos elefantes, os chamados são arbitrários, semelhantes à maneira como usamos palavras na linguagem humana.
Para confirmar essa hipótese, os pesquisadores reproduziram gravações de chamados direcionados a elefantes específicos e observaram suas reações. Os elefantes responderam mais rapidamente e com maior vocalização quando ouviram chamadas que haviam sido dirigidas a eles, comparado a chamadas direcionadas a outros indivíduos.
Esse comportamento indica que os elefantes conseguem identificar e responder aos seus "nomes" mesmo fora do contexto original.
A habilidade de usar sons arbitrários para se referir a outros indivíduos sugere uma capacidade de pensamento abstrato nos elefantes, uma característica que compartilhamos com poucas outras espécies.
Além disso, essa comunicação complexa é provavelmente facilitada pela estrutura social dos elefantes, que frequentemente se separam e se reúnem em grupos variados. Chamar alguém por um "nome" pode ser uma maneira eficiente de atrair a atenção de um indivíduo específico em meio a um grupo grande.
Essa descoberta não só aprofunda nosso entendimento sobre a inteligência e a comunicação dos elefantes, mas também nos oferece pistas sobre a evolução da linguagem em geral. Antes de desenvolver uma língua, nossos ancestrais precisaram aprender a criar e reconhecer novas vocalizações — uma habilidade que os elefantes, golfinhos e papagaios também possuem.
Além do seu valor científico, entender melhor a comunicação dos elefantes pode aumentar nossa apreciação por essas criaturas majestosas e ajudar na sua conservação. Os elefantes enfrentam ameaças significativas devido ao conflito com humanos, e reconhecer sua complexidade social e comunicativa pode fomentar esforços para protegê-los.