Ciência
17/12/2024 às 14:30•2 min de leituraAtualizado em 17/12/2024 às 14:30
Poucos animais vivos são mais surpreendentes que Henry, o crocodilo gigante que comemorou, no dia 16 de dezembro, seu 124º aniversário.
Henry habita o Centro de Conservação Crocworld em Scottburgh, África do Sul, desde 1985. Originalmente, ele foi capturado no Delta do Okavango, em Botsuana, em 1903. Conheça a sua incrível história.
Ninguém sabe ao certo quando o crocodilo nasceu, mas estima-se que foi por volta de 1900. Seus cuidadores comemoram anualmente seu aniversário no dia 16 de dezembro.
Steven Austad, biólogo que estuda envelhecimento animal na Universidade do Alabama, declarou ao portal Live Science que Henry é claramente muito velho. "Se ele tem 100 ou 130 anos, não sabemos realmente. Uma idade de 124 anos não é inconcebível para um crocodilo", comenta.
Isso porque os répteis são conhecidos justamente por terem uma longevidade impressionante. Os biólogos explicam que uma das formas de estimar a expectativa de vida de um animal é observar o seu tamanho. Os bichos menores geralmente têm vidas mais curtas porque possuem metabolismos mais altos, o que significa que eles queimam mais energia e envelhecem mais rapidamente.
Mas o fato é que, mesmo sendo comparados com animais igualmente grandes, os répteis tendem a viver muito mais. O biólogo Steven Austad explica que o fato de eles terem o sangue frio permite que eles conservem energia ao depender de fontes externas de calor para regular sua temperatura corporal.
Ele propõe um comparativo com os humanos: "um crocodilo do mesmo tamanho de uma pessoa precisaria comer apenas cerca de 4% do que um mamífero como nós",
Os crocodilos seguem crescendo ao longo da vida. Henry pesa cerca de 700 kg e mede nada menos que 5 metros, o que o torna o maior da sua espécie. Por ser tão grande, ele consegue ficar seguro de potenciais predadores.
O fato de viver em cativeiro também pode tê-lo ajudado a chegar numa idade tão avançada, já que sempre foi bem alimentado e protegido de acidentes e doenças. "Animais que, por qualquer motivo, vivem em um ambiente seguro tendem a viver mais", diz Austad.
Há ainda outras características biológicas também podem ter contribuído para a longevidade de Henry. Alguns pesquisadores exploram a teoria que proteínas encontradas no sangue de crocodilos do Nilo (a espécie de Henry) podem ter propriedades antibacterianas, o que os ajudaria a combater infecções e doenças. Há também hipóteses sobre como seus microbiomas intestinais podem contribuir para seu potente sistema imunológico.
Os biólogos afirmam que estudar o envelhecimento de crocodilos como Henry é algo complexo, já que ele não foi capturado na infância – o que deixa um mistério sobre várias etapas que sua vida. E, como ele vive mais do que os próprios pesquisadores, é ainda mais complicado. "Crocodilos vivem mais do que as carreiras dos cientistas que os estudam", conclui Austad.