O "machismo botânico" existe, piora sua rinite e você não faz ideia do que é!

28/05/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 28/05/2024 às 18:00

As faces do machismo são várias, e infelizmente elas seguem aparecendo em diversos lugares, por mais que nos esforcemos para combatê-lo. O curioso é que, mesmo não tendo absolutamente nada a ver com o "machismo humano", existe outro ramo onde a vantagem de indivíduos machos prejudica muita gente: a botânica.

É isso mesmo. Se você costuma espirrar muito e ficar com coceira nos olhos e no nariz durante a primavera, é bem provável que você esteja sendo vítima do sexismo botânico.

O que é machismo botânico?

(Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Paisagistas priorizam as plantas masculinas para evitar a queda de frutos e sementes. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Chama-se de sexismo ou machismo botânico a prática de cultivar plantas masculinas clonadas em áreas urbanas. Isso é feito principalmente para evitar a serrapilheira, que é a camada formada pela deposição dos restos de plantas e acúmulo de material orgânico vivo em decomposição que reveste superficialmente o solo.

Mas dessa ação decorre um problema: como as plantas masculinas produzem o pólen, isso pode levar a um alto nível dele no ar, tornando o ambiente bastante desagradável para quem tem alergias.

Ou seja, a disparidade entre o feminino e o masculino está sendo reproduzida nos jardins das casas e nas ruas das cidades e podermos todos respirar melhor, é necessário encarar esse machismo.

O sexo das plantas

(Fonte: GettyImages/ Reprodução)
O ser humano interferiu na reprodução das plantas, causando desequilíbrio. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Para entender o fenômeno, é preciso compreender primeiro o funcionamento da reprodução vegetal. As plantas podem ser masculinas, femininas e até mesmo hermafroditas (quando elas possuem flores masculinas e femininas desde o início da floração). 

No passado, costumava haver um equilíbrio no ecossistema, algo que começou a mudar a partir da intervenção humana. Urbanistas e paisagistas passaram a plantar mais árvores masculinas sobretudo por uma razão basicamente estética: elas não produzem frutos e sementes que acabam sujando as ruas e as calçadas.

Acontece que isso teve um resultado indesejado, porque as plantas masculinas produzem muito mais pólen, os minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas, sendo os elementos reprodutores masculinos. Por consequência, o pólen passou a circular muito mais.

Portanto, ao se favorecer a predominância das plantas masculinas, os seres humanos estão estimulando a criação de uma verdadeira nevasca de pólen, que causa todo tipo de reação desagradável nas pessoas alérgicas, como espirros e coceiras irritantes no nariz.

E como solucionar esse problema? É relativamente simples: é preciso investir mais em plantas femininas, que capturam o pólen e geram frutos. Parques cheios de árvores frutíferas, aliás, são interessantes não apenas para solucionar a questão do pólen, mas para fornecer alimentos para animais como pássaros, insetos, abelhas e até para nós.

Portanto, o "machismo botânico", embora pareça ser uma piada, é uma questão relevante a ser olhada. É a evidência de que o sexismo também precisa ser combatido quando envolve apenas as plantas.

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