Estilo de vida
30/05/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 30/05/2024 às 16:00
Pode até ser que você não saiba, mas no meio da Via Láctea existe um buraco negro supermassivo. Diversas estrelas, planetas e demais corpos celestes giram em torno desta fera de apetite insaciável do qual nem mesmo a luz é capaz de escapar. Mas não é só "por aqui" que as coisas funcionam desta maneira.
No centro de cada galáxia existe um buraco negro gigantesco, chegando a ter milhões e milhões (ou até bilhões) de vezes a massa do nosso Sol. Hoje muita coisa sobre eles ainda são um verdadeiro mistério, porém astrônomos parecem ter finalmente desvendado um deles. Após anos de muita pesquisa e observação, parece que finalmente temos uma forma de calcular a velocidade de rotação de buracos negros supermassivos.
Embora hoje em dia tenhamos uma compreensão melhor destes fenômenos espaciais, ainda falta descobrir muita coisa sobre o que são e como exatamente funcionam os buracos negros. Esta nova descoberta feita pelo time de astrônomos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) liderado pelo astrofísico Dheeraj Pasham pode finalmente nos ajudar a compreender ainda melhor os buracos negros supermassivos.
Em um artigo publicado no periódico Nature, o grupo de Pasham afirma que finalmente foi capaz de calcular a velocidade de rotação de um buraco negro supermassivo "próximo" à nossa galáxia, a cerca de um bilhão de anos-luz de distância. De acordo com a publicação, tal objetivo foi alcançado ao analisar o padrão de clarões de raios X AT2020ocn/ZTF18aakelin, produzidos pelo buraco negro imediatamente após um Evento de Perturbação das Marés (EPM).
EPMs ocorrem quando uma estrela chega perto demais de um buraco negro e é capturada pelo seu fortíssimo campo gravitacional. Quando isto ocorre, a massa da estrela é sugada em direção ao buraco negro, formando um rastro em torno do disco de acreção ao redor do buraco negro e emitindo clarões de radiação eletromagnética.
Os dados dos EPMs observados pelos pesquisadores ao longo de 200 dias após a captura do AT2020ocn/ZTF18aakelin permitiram ao time do MIT chegar a algumas conclusões. Eles perceberam que a galáxia observada emitia clarões de raios X em intervalos de mais ou menos 15 dias, o que atribuíram à mudança do eixo de rotação do disco de acreção.
Combinando esta informação com os dados de massa estimada do buraco negro, que teria mais ou menos 2,5 milhões de vezes a massa do Sol, eles foram capazes de calcular a velocidade de rotação do buraco negro observado.
Segundo o texto publicado por Pasham e sua equipe, este buraco negro supermassivo em específico tem velocidade de rotação inferior a 25% da velocidade da luz. Parece pouco, não é mesmo? Mas este valor não necessariamente diz respeito aos demais buracos negros.
Agora, de posse de uma forma de calcular o quão rápido gira um buraco negro supermassivo, é possível calcular a velocidade de outros objetos similares. Basta apontar os satélites em direção ao alvo e esperar por clarões de Evento de Perturbação de Marés.
"Ao estudar diversos sistemas nos próximos anos utilizando este método, astrônomos poderão estimar a distribuição geral das rotações dos buracos negros e entender a antiga questão de como eles evoluem ao longo do tempo", afirma Pasham. Agora, a tendência é que comecemos a desvendar mais e mais mistérios sobre os fascinantes buracos negros supermassivos.