Que amorzinho: sapo tem pupilas curiosas em formato de coração

Normalmente, quando se pensa em sapos, rãs e pererecas, muita gente pode torcer o nariz por achar esses bichos estranhos e, muitas vezes, nojentos. Há também quem sinta vontade de fugir pra bem longe por lembrar que algumas espécies produzem toxinas perigosas. Contudo, o reino animal é sempre uma caixa de surpresa e, com os nossos pequenos amigos, não seria diferente.

Existe uma criatura encantadora, conhecida popularmente como sapo-de-barriga-amarela (Bambina variegata), que é mais um exemplo da diversidade existente na natureza, já que exibe belas pupilas em formato de coração. Essa espécie mostra a incrível variedade de formas pupilares encontradas nos anuros, ordem que incluem rãs, sapos e pererecas.

Os olhos dos anuros têm sido objeto de fascínio e admiração, sendo considerados uma das características morfológicas mais marcantes desses animais. Recentemente, pesquisadores se aventuraram a explorar a diversidade das pupilas desses anuros, buscando desvendar os mistérios por trás de seus diferentes formatos e como eles se relacionam com seus hábitos e ambientes.

Diversidade de pupilas

Em um estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society, os cientistas examinaram fotografias de mais de 3.200 espécies de rãs e sapos, representando uma parcela significativa da diversidade desses animais. O que eles descobriram foi surpreendente: sete formas principais de pupilas, que evoluíram ao longo da história desses anuros em pelo menos 116 ocasiões distintas.

Uma das descobertas mais intrigantes foi a falta de correlação direta entre o formato das pupilas e os hábitos dos animais, com exceção das espécies aquáticas, que tendem a apresentar pupilas circulares. Essa falta de conexão levou os pesquisadores a questionarem o que realmente influencia a evolução dessas estruturas tão distintas e peculiares. 

Ao explorar as hipóteses funcionais por trás da diversidade pupilar, os cientistas levantaram questões fascinantes sobre como a forma das pupilas pode afetar a quantidade de luz que chega à retina e às células receptoras de luz, e como isso pode influenciar a visão e o comportamento desses animais.

Por exemplo, pupilas alongadas, como as horizontais, encontradas em algumas espécies, podem contrair mais do que as pupilas circulares, adaptando-se a ambientes com variações significativas nos níveis de luz. Essa versatilidade funcional das pupilas reflete a incrível capacidade de adaptação dos anfíbios aos diversos ambientes em que vivem, desde florestas tropicais até desertos áridos.

Arrumar mais o que escrever

O estudo das pupilas em anuros pode nos ajudar a entender melhor a visão desses animais e como ela se adapta ao ambiente. Além disso, pode nos fornecer pistas interessantes sobre a evolução da visão em geral. 

Os pesquisadores detectaram que as pupilas dos anuros possuem uma capacidade plástica incrível, de modo que as sete variações percebidas evoluíram cerca de 116 vezes ao longo da história. Será que temos algo parecido em outras espécies?

No entanto, há muito ainda a ser explorado nesse campo. Com a crescente perda de biodiversidade de certos anuros, que recentemente sofreram grande devastação em todo o globo por conta de uma doença na pele, é necessário ter certa urgência para pesquisar como se deu a evolução da visão desse grupo.    

De todo modo, desvendar os segredos dos olhos encantadores de rãs e sapos não é apenas um sinal de curiosidade, mas é também compreender um pouco mais sobre a diversidade e a complexidade da vida na Terra. Cada pequena descoberta nos aproxima um pouco mais da maravilha que é esse planeta.