Artes/cultura
13/03/2017 às 15:07•2 min de leitura
Você já sentiu uma vontade louca de se coçar quando viu alguém se coçando? O processo psicológico é bastante semelhante ao que acontece com o bocejo, e os ratinhos de laboratório também sofrem do mesmo mal – tanto é que eles estão nos ajudando a entender como tudo isso funciona.
Anteriormente, muitos estudos tentavam se apoiar na empatia para explicar por que sentimos a necessidade de compartilhar esses comportamentos sociais “contagiosos”. Porém, isso ainda não era conclusivo, até que cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, resolveram testar o mesmo comportamento em outros mamíferos.
O ratinho foi o escolhido: para isso, dois indivíduos foram colocados em recipientes vizinhos, e um deles quase sempre se coçava ao ver o outro fazendo isso. Tentando provar que o estímulo visual criava a necessidade da repetição do comportamento, os ratos eram isolados apenas com uma tela de vídeo que mostrava um companheiro virtual. Mesmo assim, quando o rato do filme se coçava, o outro repetia.
Ratos compartilham da mesma vontade involuntária de se coçar dos homens ao ver um semelhante se coçando
O curioso do experimento acima é que os ratos são conhecidos por terem uma visão bastante fraca. Alguns cientistas achavam que eles sequer iriam decodificar a imagem da tela de vídeo – e isso não apenas aconteceu, como causou a reação da coceira da mesma forma como se ele estivesse com um companheiro de verdade.
Outro dado interessante é que os ratos normalmente demonstram empatia apenas por quem eles conhecem. Logo, ao se coçarem por ver um indivíduo estranho fazer o mesmo, a empatia realmente pode não ser a causa desse comportamento contagioso.
Então, analisando o cérebro dos bichinhos durante a coceira copiada, foi possível notar um aumento de atividade no núcleo supraquiasmático, que normalmente é responsável pelo ciclo circadiano – o tal relógio biológico. Os nervos desse núcleo se comunicam usando uma molécula semelhante ao peptídeo liberador de gastrina (GRP), que também é o responsável por enviar os sinais de coceira da pele à medula espinhal.
O núcleo supraquiasmático dos humanos, assim como o dos ratinhos, fica no hipotálamo
Com base nessas conclusões, os cientistas norte-americanos resolveram bloquear a GRP no cérebro do animalzinho. Dessa forma, ele não sentia mais o comichão de se coçar, nem mesmo ao ver outro rato se coçando. Porém, se o GRP fosse estimulado através de eletrodos no cérebro, a coceira vinha sem nem sequer ser necessário um estímulo visual para isso.
Ainda não está claro, porém, se esse é o mesmo caminho que acontece nos seres humanos. A próxima etapa do projeto é analisar o trajeto exato que a imagem desencadeia nos neurônios dos ratos, para daí, sim, termos uma resposta precisa sobre como esse “contágio” funciona.
Será o fim da coceira contagiosa?