Ciência
08/10/2018 às 05:00•5 min de leitura
"A história é émula do tempo, repositório dos factos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro", já dizia Miguel de Cervantes, emprestando para isso a fala de seu mais icônico personagem: Dom Quixote.
Certo estava ele ao dizer que precisamos dela para nos basear em nossos atos presentes, relembrar do que já passou por meio do testemunho de quem viveu esses fatos e sempre, sempre, sempre nos basearmos nela para nos prepararmos para o que virá.
À exceção talvez dos produtos tecnológicos, em termos de política, economia, democracia e tantos outros assuntos, a História pode nos ensinar muito e nos ajudar a preparar um futuro melhor. Em tempos em que nossa democracia e nosso futuro se encontram tão incertos e ameaçados, que tal buscar nela, a História, um pouco de inspiração?
Confira nesta edição dos Drops Históricos sete fatos que marcaram a semana nos últimos dois séculos.
1871: Grande incêndio de Chicago
Na metade do século XIX, a cidade de Chicago foi uma das que registraram o maior crescimento em todo o país norte-americano, atraindo pessoas de várias regiões da nação e tornando-se, ao mesmo tempo, uma das mais perigosas, com grande número de favelas e povoados com pouca estrutura de vida. Nesse contexto, ao qual se somava a seca e onde incêndios e acidentes domésticos se tornaram frequentes, aconteceu também um dos maiores e mais longos incêndios da história dos Estados Unidos.
Iniciado no dia 8 de outubro de 1871, foram necessários dois dias inteiros até ele ser vencido pelos bombeiros. Não se sabe ao certo como ele foi incicado, mas estima-se que 300 pessoas tenham morrido. Além disso, 17.450 prédios foram destruídos e 100 mil pessoas ficaram sem lar, o equivalente a 31% da população da cidade. Um distrito inteiro foi queimado, efeito potencializado pelos fortes ventos, que espalhavam as chamas — que só pararam de arder depois que uma chuva começou e o incêndio chegou ao lago Michigan.
O evento é tão significativo para a história da cidade norte-americana que foi registrado até mesmo em sua bandeira. Nela, o fundo branco tem duas faixas azuis e quatro estrelas vermelhas — a segunda representa o Grande Incêndio.
1962: Uganda se torna uma República
O território que hoje conhecemos como Uganda já pertenceu e foi lar de uma grande variedade de povos e sofreu intervenção de diversos países estrangeiros. Em 1894, tornou-se protetorado do Reino Unido ainda como Reino de Buganda. Forças nacionais lutaram politicamente por décadas para se libertar do domínio britânico e conseguir sua autonomia política e econômica, mas foi somente em 1961 que as primeiras eleições foram realizadas.
Na ocasião, o povo elegeu Benedicto Kiwanuka como Ministro-Chefe e, no ano seguinte, em 9 de outubro, nasceu a República da Uganda. No entanto, nem isso resultou na estabilidade do país, já que vários golpes de Estado e revoluções aconteceram desde então. Em 1971, um novo golpe iniciou a ditadura de Idi Amin, que durou uma década e tirou a vida de 300 mil ugandeses.
1846: Descoberta de Tritão
Muitas descobertas envolvendo astronomia e o Sistema Solar vieram antes mesmo de surgirem as tecnologias que temos hoje. É o caso da identificação do satélite Tritão, do planeta Netuno. Mesmo estando a cerca de 4,5 milhões de quilômetros do Sol e muito distante da Terra, ele foi descoberto e batizado em 1846, pelo astrônomo inglês William Lassel.
O próprio Netuno foi descoberto por Lassel 17 dias antes! O mais legal é que a profissão principal do astrônomo era a de cervejeiro! No entanto, ele gostava tanto de astronomia que começou a construir seu próprio telescópio. E foi nesse telescópio, construído em 1920, que o homem enxergou pela primeira vez um planeta e seu satélite.
Tritão tem órbita retrógrada, ou seja, gira em torno do planeta em um sentido contrário à rotação dele, e é um dos maiores satélites naturais da galáxia.
1965: Polícia invade UnB
Apenas 1 ano havia passado desde o Golpe Militar de 1964, e o Brasil vivia os chamados Anos de Chumbo, durante os quais houve um endurecimento do Estado com relação principalmente às atividades universitárias.
A Universidade de Brasília foi uma das que sofreram ataques e censuras contínuas. Depois de uma primeira invasão logo em seguida ao golpe, em 1965 ocorreu uma segunda tentativa dos militares de inviabilizar as atividades dos alunos e professores.
Em 8 de setembro, os docentes fizeram uma greve de 24 horas para protestar contra a demissão de alguns colegas. Alguns dias depois, os alunos aderiram ao manifesto. No dia 11 de outubro, tropas cercaram o prédio, e soldados impediam os alunos e professores de se agruparem e não permitiam a entrada de ninguém na estrutura.
A invasão terminou com 15 professores demitidos, o que piorou a situação: 222 dos 305 docentes da UnB pediram demissão em protesto contra o clima de insegurança e instabilidade.
1808: Fundação do Banco do Brasil
A mais antiga instituição financeira do país comemora seus 210 anos neste dia 12 de outubro. Fundado por D. João VI quando a Família Real Portuguesa desembarcou por aqui, em 1808, o Banco do Brasil tinha como primeira sede um prédio na Rua de São Pedro, na cidade do Rio de Janeiro, na esquina com a Rua Direita, e iniciou suas atividades oficialmente em 11 de dezembro do ano seguinte.
Suas intenções iniciais eram facilitar a exportação de produtos industrializados e a importação de matérias-primas, e o Banco do Brasil foi o primeiro a integrar um território português. Foi o quarto banco emissor do mundo, mas sua trajetória inicial não durou muito; seguiu apenas até 1833, quando o acúmulo de dívidas da Corte levou à sua liquidação. No entanto, em 1851 a instituição foi refundada pelo Visconde de Mauá, dessa vez com uma atuação mais ampla e lucrativa.
1972: O Milagre dos Andes
No dia 13 de outubro de 1972, o voo Força Aérea Uruguaia 571 saiu do Aeroporto Internacional de Carrasco para cruzar a fronteira entre a Argentina e o Chile, sobrevoando a Cordilheira dos Andes. O avião levava 45 pessoas e tinha como principal objetivo transportar um time de rugby para um evento esportivo.
A aeronave, no entanto, atingiu o pico de uma montanha e caiu, matando 12 pessoas imediatamente. Outras 6 morreram nos dias seguintes e 8 não sobreviveram a uma avalanche que atingiu a área no dia 29 de outubro.
Apenas 16 das 45 pessoas sobreviveram, mesmo depois de terem sido dadas por mortas, já que as buscas foram canceladas após 8 dias de tentativas de encontrar o avião. Para aguentar, elas foram obrigadas a recorrer ao canibalismo, transformando os colegas mortos em alimento para não sucumbir à fome em meio à neve.
O resgate somente aconteceu quando dois dos sobreviventes partiram em uma caminhada montanha acima para tentar encontrar algum espaço onde pudessem se comunicar e avisar que estavam vivos.
1964: Martin Luther King Jr. recebe o Nobel da Paz
Foi em uma cerimônia em 10 de dezembro de 1964 que Martin Luther King foi até Oslo, na Noruega, para receber a premiação que lhe foi concedida em 14 de outubro do mesmo ano. Nesse dia, ele se tornou a pessoa mais jovem da História a receber o Prêmio Nobel da Paz.
Luther King é conhecido pelo seu intenso comprometimento com a luta pela igualdade racial e até hoje é um grande símbolo das disputas contra a desigualdade e por mais justiça social a quem tem a pele negra. Mesmo em seu discurso, ele não deixou de notar o quanto ainda é longo o caminho pela frente:
Eu aceito o Prêmio Nobel da Paz em um momento em que 22 milhões de negros dos Estados Unidos estão engajados em uma batalha criativa para acabar com a longa noite de injustiça racial. Eu aceito este prêmio em nome de um movimento de direitos civis que está se movendo com determinação e um desprezo majestoso pelo risco e perigo de estabelecer um reino de liberdade e uma regra de justiça.
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