Ciência
08/01/2022 às 08:00•3 min de leitura
Entre todas as contribuições que os egípcios antigos fizeram para o mundo moderno, a quantidade de conhecimento e textos médicos são a fonte mais inestimável da História. A quantidade de registros em papiro sobre anatomia, fisiologia, farmacologia e outros campos médicos são incontáveis.
Nas 30 mil múmias inspecionadas, porém, não foram encontradas evidências de cirurgias consideráveis, deixando claro que a ideia de que os egípcios antigos executaram procedimentos médicos complexos é falsa. No entanto, foram encontrados alguns vestígios de amputações, fraturas curadas e feridas tratadas, mas os antigos pouparam a maior parte de seus conhecimentos pelos mortos.
(Fonte: History/Reprodução)
Isso porque eles enxergavam o corpo com uma visão holística, ou seja, acreditavam que as pessoas têm corpo e alma. Portanto, para curar doenças graves, os curandeiros naturais recorriam à terapia com larvas e esterco, por exemplo, ou tratavam os pacientes com ervas e outras substâncias.
Muitas dessas substâncias tiveram sua propriedade curativa comprovada, mostrando que os egípcios sabiam mais sobre produtos farmacêuticos do que sobre cirurgias.
Esses são três dos procedimentos do Egito Antigo.
(Fonte: Brewminate/Reprodução)
Os egípcios encaravam o útero como um órgão místico por ser o local da concepção, então eles desenvolveram vários procedimentos diferentes quando o órgão começava a apresentar problemas. Eles sabiam que a mulher sofria de “doença do útero” devido aos sintomas que apareciam, como dor nos olhos ou no pescoço.
Como a escritora Lesley Smith descreve em seu artigo no Journal of Family Planning and Reprodutive Heatlh Care, os egípcios realizavam um processo de fumigação vaginal, massagem abdominal e meios farmacêuticos para tratar a doença, chegando a inserir os medicamentos na vagina, aplicando à pele ou aconselhando a ingestão.
Quando o fármaco era ingerido, se tratava de uma mistura de bolor de madeira e cerveja, que também poderia ser aplicado como uma pomada. Já a fumigação era feita com a fumaça da cera em chamas ou de excrementos humanos secos. Além disso, eles costumavam usar uma combinação de alho cru e chifres de vaca, que acreditavam ter propriedades curativas.
(Fonte: Penn Museum/Reprodução)
Os egípcios também estudaram bastante os meios de contracepção, inclusive um dos métodos mais infames e notórios é o anticoncepcional de esterco de crocodilo. As fezes eram inseridas na vagina e compactada contra o colo do útero, não por contato direto, mas sim queimando o esterco picado sobre o leite azedo e fumigando para o interior da vagina.
Também foi muito usada a técnica de “borrifar” mel no útero enquanto a mulher estava deitada em uma cama coberta de pó mineral de natrão, podendo adicionar incenso, óleo fresco, tâmaras e cerveja durante o processo.
Já o aborto era feito por meios não invasivos misturando tâmaras, cebolas, mel e frutos de acanto que eram aplicados em uma pasta através de um pano inserido na mulher.
Para induzir o parto, por exemplo, eles podiam tanto aplicar hortelã-pimenta, quanto derramar óleo quente nos órgãos genitais, colocando sal e ervas no abdômen ou até inserindo bolas de esterco de vespa na vagina — certamente alheios aos problemas de saúde que isso poderia causar.
(Fonte: Ancient Origins/Reprodução)
Não, os egípcios antigos não foram os primeiros povos a inventar a circuncisão. Muitas civilizações africanas, do Oriente Médio e até na Oceania já praticavam esse ritual de passagem na vida masculina. Mas no Egito, ele não era para qualquer um.
A circuncisão aconteceu apenas como parte da iniciação ao sacerdócio, apesar de alguns vestígios terem sido encontrados em corpos que pertenciam à nobreza da época. Acredita-se que o procedimento também tenha sido uma maneira de diferenciar indivíduos da realeza de plebeus.
Um dos fatores que também diferiam a circuncisão egípcia das demais culturas é que ela não acontecia de forma completa, apenas uma parte do prepúcio do pênis era removida. Na tumba de Ankmahor, com datação entre 2355 e 2343 a.C., uma das representações mais antigas sobre o procedimento mostra um jovem sendo circuncidado por um sacerdote hamita usando uma faca.
“As facas de pedra usadas para circuncisão estão entre os instrumentos médicos mais antigos encontrados na história da humanidade”, escreveu Beryl Hirschfeld em The History of the Treatment by Extension of Fractures of Long Bones. Os egípcios também acreditavam que Osíris, o primeiro rei do Egito, introduziu a prática da circuncisão aos povos.