Ciência
09/03/2022 às 06:30•3 min de leitura
O Boko Karam é um grupo radical islâmico de perfil fundamentalista e terrorista, formado no ano de 2002, eles visam à imposição da sharia, a lei islâmica, no norte da Nigéria, por meio do uso da força e da violência.
Seu nome significa, figurativamente, "a educação ocidental é um pecado" e, por essa razão, eles lutam para acabar com a democracia no país e promover uma educação exclusivamente islâmica.
Agindo com extrema violência e perversidade, o Boko Haram ficou famoso por atacar aldeias inteiras, incendiando casas, raptando, violando e causando ferimentos graves às vítimas para depois matá-las ou capturá-las.
Desde o início de sua insurgência, em julho de 2009, o grupo já matou dezenas de milhares de pessoas. As estimativas mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que mais de 350 mil pessoas foram mortas, a maioria delas crianças com menos de 5 anos.
(Fonte: AFP/Getty Images)
Fundado por Mohammed Yusuf no ano de 2002, uma das ideias do líder do Boko Haram com a onda de sequestros era purificar o norte da Nigéria. O grupo acreditava que a jihad, conceito da religião islâmica habitualmente entendido como "guerra santa" que envolve uma luta armada contra os infiéis e inimigos do Islã, deveria ser adiada até seu fortalecimento, de modo que conseguissem derrubar o governo nigeriano.
Estudiosos afirmam que Yusuf seria inspirado pelo pregador islâmico Mohammed Marwa, o Maitatsine. Dessa forma, havia uma negação maior à educação ocidental, incluindo negar a teoria da evolução, o fato de a Terra ser esférica, entre outros pontos.
Para os integrantes do Boko Haram, a ocidentalização da sociedade nigeriana havia levado o país a uma cultura da corrupção. Analistas creditam esse ponto específico às crises econômicas enfrentadas pelo país africano, cuja concentração de riqueza se ateve a membros de uma pequena elite política, principalmente no sul do país, que é uma região majoritariamente cristã.
(Fonte: Reuters/Joe Penney)
Desde o famoso sequestro de 2014, em que mais de 270 meninas foram raptadas na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria, o número de crianças sequestradas vem aumentando exponencialmente.
Isso ocorre porque o ato em Chibok deu notoriedade ao Boko Haram. Soma-se a isso que sequestrar estudantes, e não turistas, garante visibilidade e envolvimento do governo nigeriano — o que pode render milhões de dólares em resgate.
Especialistas afirmam que esse movimento tornou os sequestros lucrativos, mas também alertam que o Boko Haram faz das crianças um alvo para que elas sejam usadas como escravas em seus campos, incluindo fins sexuais, no caso de meninas. Já o sequestro de meninos pode ter ligação com um alistamento forçado de novos combatentes.
De acordo com dados da Nigeria Security Tracker, mais de US$ 18 milhões foram pagos como resgate por vítimas sequestradas entre os anos de 2011 e 2020. Esse dinheiro permite que o grupo fundamentalista financie suas operações e mantenha sua unidade. Em 20 anos de existência, foram apenas três líderes diferentes, ainda que o assassinato do segundo, Abubakar Shekau, tenha levado a uma cisão no grupo.
(Fonte: EPA/Tony Nwosu)
A Nigéria é um país complexo. Ao mesmo tempo que é a maior economia da África — um dos maiores exportadores de petróleo do mundo — e tem a maior população africana, o país tem também graves problemas sociais, entre eles o separatismo e a violência política.
A Nigéria é uma nação dividida religiosa e culturalmente. Enquanto no norte tem predominância muçulmana, o sul é majoritariamente cristão. O fim de 15 anos de ditadura militar, em 1999, deixou mais expostas essas feridas, o que permitiu o surgimento e fortalecimento do Boko Haram.
A separação do grupo em 2016, com o surgimento de uma facção hostil com ligação ao Estado Islâmico deve levar mais terror à região, especialmente porque deram início a ações nos países vizinhos, como Camarões, Chade e Níger. Há muita pressão sobre o governo local para acabar com a violência dos grupos armados, mas, por enquanto, o futuro é incerto.