Ciência
28/07/2022 às 08:00•3 min de leitura
O ano de 2022 marca os setenta anos da morte de Maria Eva Duarte de Perón, ou simplesmente Eva Perón, uma das mulheres mais cultuadas na Argentina e célebre no mundo inteiro. Evita - como também é carinhosamente chamada - era a segunda esposa do presidente argentino Juan Domingo Perón, e foi primeira-dama do país até a sua morte em 1952.
A história desta mulher poderosa e carismática já é lendária, e segue gerando discussão até hoje. Neste texto, relembramos um pouco da vida e da morte de Evita Perón, que chegou a ser retratada por Madonna no cinema em um filme de 1996.
(Fonte: Stringfixer)
A menina Maria Eva nasceu em 1919, na cidade de Los Toldos, na Argentina. Era filha de uma família próspera e tinha quatro irmãos. Seu pai, Juan Duarte, era juiz de paz adjunto, e tinha bastante prestígio social.
Nesta época, o Partido Radical de esquerda havia chegado na presidência, o que prejudicava Juan Duarte, que era filiado aos conservadores. Por conta disso, a família passou por momentos difíceis e acabou na pobreza. Quando Evita tinha apenas 7 anos, seu pai morreu em um acidente de carro.
Em 1930, Juana, sua mãe, se mudou com a família para a cidade de Junin. Foi lá que Eva teve seu primeiro contato com o que se tornaria sua grande paixão: os palcos. Foi essa vontade de atuar no teatro e no cinema que fez com que a jovem se mudasse para Buenos Aires, onde sua vida começaria a mudar.
Eva conseguiu um emprego em uma emissora de rádio. Foi lá que, em 1943, conheceu Juan Perón, então secretário de Trabalho e Previdência Social, que tinha ambições de se tornar presidente.
(Fonte: Getty Images)
Eva e Juan Perón começaram então um relacionamento, e se casaram em 1945. Neste mesmo ano, Perón foi preso pela oposição dentro de seu partido, no intuito de diminuir suas chances de se tornar presidente. Eva liderou uma campanha que ajudou a libertar o marido.
Juan Perón chegou à presidência em 4 de junho de 1946. O casal se tornou muito popular entre os pobres e as classes trabalhadoras da Argentina, e Eva foi se transformando em uma figura política muito influente. A visão de governo de Perón acabou dando origem a um partido político e a uma filosofia política que foi chamada de peronismo.
Embora o governo fosse muito abraçado pela população argentina, especialmente pelas classes mais baixas, os Peróns não tinham exatamente apoio no exterior. Eva foi então incumbida de fazer a diplomacia com líderes estrangeiros. Em 1947, a convite do presidente da Espanha, Evita fez uma viagem para a Europa que ficou conhecida como Rainbow Tour, quando se reuniu com líderes na Itália, Portugal, França, Suíça e Mônaco.
(Fonte: Mi Buenos Aires Querido)
Eva Perón desempenhou um papel fortíssimo na Argentina enquanto foi primeira dama. Ela era extremamente próxima das camadas populares e reivindicava benefícios sociais, como salários mais altos. A primeira-dama também costumava visitar fábricas e hospitais e se interessou por políticas de saúde, supervisionando programas de erradicação de doenças como tuberculose, malária e hanseníase.
Em 1947, foi criada a Fundação de Assistência Social Maria Eva Duarte De Perón, que distribuía alimentos, dinheiro e medicamentos aos mais pobres. A fundação foi criticada por conta com os acordos que fazia com empresas e sindicatos em troca destas doações. O resultado é que o governo foi se tornando cada vez menos popular entre as elites argentinas.
Evita também é lembrada por defender os direitos das mulheres. Em 1946, ela apoiou a lei do sufrágio feminino, que foi aprovada em 1947, garantindo o voto a todas as mulheres. Ela também defendeu os direitos de igualdade jurídica entre os cônjuges, que foram incorporados à Constituição em 1949 (e posteriormente seriam revogados pelo golpe militar, em 1955).
Por conta de toda essa atuação, Eva Perón recebeu os apelidos de "porta-bandeira dos humildes" e "mãe dos sem camisa", expressão que era usada na Argentina para designar os mais pobres.
Isso não significava que ela não fosse alvo de críticas. Evita também tinha um grande gosto por roupas, joias e objetos de luxo, e não foram poucos os que apontaram a hipocrisia desta característica em uma mulher que queria defender os pobres.
(Fonte: BBC)
Em 1950, Eva sofreu um desmaio, e foi encaminhada para fazer exames médicos que revelaram um câncer agressivo. Por conta disso, ela anunciou que não acompanharia Perón na nova campanha presidencial. Recolhida, ela publicou um livro chamado A razão de minha vida.
Eva morreu de câncer de colo de útero em 26 de julho de 1952, com apenas 32 anos. Três milhões de pessoas foram acompanhar o seu velório, que durou duas semanas. Seu corpo foi embalsamado com técnicas de taxidermia, permanecendo praticamente ileso depois de anos. A ideia era que ele fosse exposto em um mausoléu chamado Monumento ao Descamisado, que não ficou pronto.
Em 22 de novembro de 1955, a ditadura militar sequestrou o corpo de Eva, que reapareceria só 16 anos depois, em um cemitério em Milão, na Itália. O objetivo dos militares seria verificar que o corpo era de Eva, e não "uma boneca de cera".