Artes/cultura
23/09/2022 às 10:00•2 min de leitura
Charles Darwin não foi o primeiro a pensar sobre a evolução das espécies, mas foi quem melhor difundiu essa teoria. Durante sua viagem pelas Ilhas Galápagos, ele ficou maravilhado com as incríveis criaturas “produzidas” pela evolução — atualmente, a Terra possui cerca de 1 trilhão de espécies. Mas quanto tempo essas espécies levaram para evoluir?
Representação da evolução da vida na Terra.
Existe uma piada comum entre biólogos que diz que para responder qualquer pergunta, basta uma palavra: depende. E de fato, é difícil calcular um tempo médio para a evolução, considerando que cada espécie possui características únicas e está sujeita a diferentes condições e ambientes.
Vale lembrar que a evolução nunca acontece em indivíduos, mas sim em espécies. E que são necessárias várias gerações para que uma determinada característica possa aparecer em um grupo e não em outro. É isso que pode fazer com que uma nova espécie possa surgir, a partir da evolução.
Com isso em mente, vamos aos dados. Um estudo de 2015 publicado na revista Molecular Biology and Evolution tentou chegar a um valor, partindo de 50 mil espécies. A conclusão foi um tempo médio de dois milhões de anos para acontecer o processo de especiação. Porém, esse valor considera algumas espécies de bactérias, que possuem o ciclo de vida muito mais curto — uma colônia de bactérias pode ser duplicada em alguns minutos dependendo da espécie. Ou seja, voltamos ao “depende”.
Para entender um pouco essa conta, podemos olhar para a nossa própria espécie. Nós compartilhamos 99% dos genes com chimpanzés. Isso significa que, em algum momento no passado, havia apenas uma espécie e que por diferentes motivos, surgiram dois grupos que evoluíram para o que somos nós e o que são os chimpanzés. Atualmente, o cálculo mais aproximado desse início de especiação data de 4,1 milhões de anos.
Entre os vertebrados, acredita-se que o recorde de velocidade para especiação completa pertence aos peixes ciclídeos, na África. Eles teriam se diferenciado em 300 espécies, a partir de uma única que habitava o Lago Vitória em um período inferior há 12.000 anos. Apesar disso, alguns pesquisadores questionam esse processo de especiação.
Essa dificuldade para delimitar um tempo médio para o processo de especiação tem várias causas. A primeira é que esse processo pode acontecer de diferentes maneiras. A mais conhecida depende do isolamento geográfico e costuma ser o mais demorado — é o caso dos tentilhões de Galápagos. Mas também é possível que aconteça por pressão seletiva ou mutações genéticas.
Além disso, algumas espécies podem “facilitar” esse processo. É o caso das bactérias, que podem se duplicar em poucos minutos. Outro caso bastante conhecido é o das moscas da larva da maçã nos Estados Unidos. No passado, havia um grupo que se alimentava exclusivamente de outro tipo de planta. A partir do século XIX, quando os EUA começaram a plantar macieiras, formou-se um grupo que naturalmente passou a se estabelecer nas maçãs. Desde então, os dois grupos tornaram-se reprodutivamente isolados, sem barreiras físicas.