Ciência
22/06/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 22/06/2024 às 18:00
Atletas femininas têm tempos de reação mais rápidos e cometem menos erros quando estão menstruadas, indica um novo estudo feito pela University College London com mais de 200 atletas. Contudo, a pesquisa também demonstrou que elas sentem que seu desempenho é prejudicado em comparação com outras fases do ciclo menstrual.
O estudo buscava entender o motivo das taxas de lesões serem muito mais elevadas em atletas do sexo feminino do que em homens. À medida que a popularidade dos esportes femininos aumentou, os números de lesões tiveram o mesmo resultado, o que gerou um debate sobre os eventuais motivos. As descobertas foram surpreendentes.
Segundo os investigadores, os hormônios são a diferença mais óbvia entre pessoas que têm ciclos menstruais e aquelas que não têm ou usam contracepção hormonal. Até então, o efeito que esses hormônios têm à medida que oscilam ao longo do ciclo menstrual não era claro, embora investigações passadas apontassem para alterações nas funções cerebrais que poderiam afetar o desempenho de uma atleta.
“Mudanças na cognição espacial poderiam, em teoria, ser um fator de risco contribuinte para lesões, especialmente em esportes de ritmo acelerado que exigem precisão de milissegundos nas interações com objetos em movimento”, destacou a cientista esportiva da University College London, Flaminia Ronca, em artigo publicado.
Conforme o estudo, atletas femininas muitas vezes relatam se sentirem desajeitadas durante a ovulação ou até mesmo uma piora no desempenho na última parte do ciclo menstrual. Porém, os dados que tentaram medir esses efeitos foram inconclusivos, demonstrando que a força e potência atingem um pico próximo à ovulação.
Os resultados do estudo mostraram que a resistência das atletas aparentemente diminuiu durante a menstruação, o que explicaria as taxas mais altas de lesões no sexo feminino — sobretudo em casos de ruptura dos ligamentos cruzados anteriores (LCA). Para medir essas informações, Ronca e colegas recrutaram 241 participantes para o seu estudo, sendo 96 atletas do sexo masculino, 105 atletas do sexo feminino que menstruavam e 47 que usavam contracepção hormonal.
Os atletas foram submetidos a uma bateria de testes cognitivos online, projetados para imitar o que o cérebro dos esportistas precisam fazer durante os jogos. O estudo não conseguiu explorar diferenças individuais no desempenho cognitivo ao longo das fases do ciclo menstrual. No entanto, as atletas que menstruaram tinham pior desempenho em tarefas cognitivas na fase folicular tardia do ciclo, à medida que se aproximam da ovulação, e na fase lútea posterior, pouco antes do sangramento.
Mas seu desempenho atingiu um máximo durante a menstruação, mesmo que elas relatassem se sentir piores nessa fase. Como próxima etapa, os pesquisadores pretendem explorar como diferentes tipos de contraceptivos hormonais podem afetar a função cerebral das atletas, ou até mesmo protegê-las de lesões.