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17/04/2023 às 08:00•2 min de leitura
Um estudo recém-publicado pelo departamento de psicologia da Griffith University, Austrália, trouxe informações sobre o comportamento cerebral de homens e mulheres. Segundo a pesquisa, indivíduos do gênero masculino têm uma tendência a acreditar que são mais inteligentes do que realmente são, enquanto as mulheres subestimam seu próprio quociente de inteligência (QI).
A pesquisa, liderada pelo psicólogo Adrian Furnham, teve como propósito a análise da afirmação que homens estimavam sua inteligência. Nesse sentido, os especialistas aproveitaram para avaliar a dimensão de autoestima geral tanto no gênero masculino quanto no feminino, tendo como princípio o viés cognitivo e como essas percepções se estenderiam para características sociais, como honestidade, capacidade de delegar e outros padrões.
Segundo o departamento da universidade australiana, nascer homem e ter traços masculinos (sexo biológico e gênero psicológico) são elementos associados a uma autoimagem intelectual inflada. Nesse caso, o "padrão acima da média" seria taxado como uma espécie de "arrogância masculina", onde indivíduos relacionados a essas tendências pensariam que são mais inteligentes do que realmente são — de acordo com os índices de QI.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Vale lembrar que há um consenso entre pesquisadores de psicologia e de inteligência: não há diferenças entre a média de QI de homens e mulheres. Essa questão, inicialmente, foi baseada no tamanho dos crânios de pessoas de sexos contrários, já que o de um indivíduo feminino é menor que o de um indivíduo masculino. Porém, como o cérebro possui as mesmas dimensões em ambos os casos, essa questão foi naturalmente solucionada pelo campo da ciência.
Porém, em outro caso, as alterações nos níveis de inteligência são perceptíveis: quando há impacto da atuação familiar na percepção e na disciplina infantil. Um estudo anterior comprovou que os pais estimam a inteligência de filhos como superior à das filhas. Essas expectativas afetaram a autoimagem intelectual dos filhos e impactaram em seus perfis acadêmicos. Além disso, no início da adolescência, meninas passariam a avaliar sua autoestima como inferior à de meninos.
O estudo da Griffith University contou com a participação de voluntários e foi baseado na realização de testes de QI logo após as pessoas testadas estimarem a pontuação com o resultado final. Os candidatos à pesquisa também preencheram formulários onde indicaram seu gênero psicológico, já que ele seria visto como um preditor de autoestima melhor que o sexo biológico.
No gráfico abaixo, é possível avaliar os dados com mais clareza. Segundo o projeto, homens e mulheres foram bastante consistentes em relação às informações compartilhadas, mas a maioria de pessoas superestimadas é de homens, enquanto a maior parte de subestimadas inclui mais indivíduos do gênero psicológico feminino. Porém, nesse caso, tanto o sexo biológico quanto o gênero psicológico revelaram detalhes semelhantes: quem se classificava como masculino acreditava ter uma inteligência superior.
(Fonte: Griffith University / Reprodução)
Os líderes do projeto acreditam que esses indicadores podem ser importantes para prever tendências, comportamentos e interesses das pessoas. Quando meninas, por exemplo, subestimam sua inteligência e escolhem se dedicar a conteúdos menos desafiadores na escola, limitam suas opções de carreira e têm mais chances de decidir por empregos com salários menores ou com condições excessivas de trabalho — sem poder de negociação.
Essas expectativas deveriam ser trabalhadas desde cedo pelos pais, com diálogos sobre resolução de problemas complexos e de que forma é possível superar barreiras sociais, acadêmicas e de mercado. "Não seria bom se, como pais, educadores e sociedade, pudéssemos construir a confiança de meninas e mulheres jovens a um nível em que elas acreditassem em si mesmas e estivessem livres dessas dúvidas?", conclui Furnham.