Máscara pertencente à sociedade secreta é descoberta na China

26/03/2021 às 04:003 min de leitura

Uma nova descoberta arqueológica tem gerado um grande mistério na China nas últimas semanas. Após uma série de escavações no sítio arqueológico de Sanxingdui, em Guanghan, pesquisadores encontraram uma máscara de ouro de 3 mil anos que seria pertencente a antiga civilização Shu, uma sociedade secreta oriental.

Pesando cerca de 200 gramas, o artefato composto de 84% ouro foi encontrado entre outros 500 objetos espalhados por seis "fossos sacrificiais" da região. Os arqueólogos suspeitam que esta máscara foi usada por um padre em uma cerimônia religiosa de seu povo. A locação foi desvendada pela primeira vez entre novembro de 2019 e maio de 2020 e, desde então, tem despertado bastante interesse da comunidade historiadora.

O passado dos Shu

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Chamado de Ruínas de Sanxingdui, acredita-se que o complexo arqueológico era usado por culturas antigas para rezar e também para ofertar sacrifícios. Segundo o vice-diretor da Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China, Song Xinchao as novas descobertas devem servir para "enriquecer e aprofundar nossa compreensão da cultura Sanxingdui."

Através das explorações, os pesquisadores se demonstraram esperançosos sobre a possibilidade de encontrar novas pistas sobre o Estado de Shu, que seria uma civilização da Idade de Bronze que teria governado bacia de Sichuan ocidental até ser conquistada pelo estado vizinho de Qin em 316 a.C.

Os Shu são descritos como uma sociedade secreto, visto que seu povo não deixou nenhum registro histórico escrito para trás — ou ao menos nenhum que tenha sido descoberto até então. Até então, todas as informações que existem sobre essa população só pode ser encontrada na literatura ou em lendas contadas pelos povos contemporâneos.

O mistério da população Shu

(Fonte: Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China)(Fonte: Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China)

Por muitos anos, o Estado de Shu foi visto apenas como uma lenda urbana repassada pelos antigos chineses. Em 1929, porém, um fazendeiro esbarrou em um acervo de jade e outros artefatos feitos de pedras preciosas em uma vala de esgoto de Sichuan, o que acabou dando início a uma enorme jornada arqueológica.

Posteriormente, a obra do acaso se transformaria no que hoje são as Ruínas de Sanxingdui, um sítio arqueológico onde mais de 50 mil objetos históricos foram encontrados ao longo das últimas décadas. Agora, a questão que paira no ar é se o local trará novas informações sobre a civilização Shu.

Para começar, os arqueólogos encontraram restos de seda nas fossas sacrificais. No passado, esse material servia para a confecção de diversos objetos, mas também chegou a desempenhar um importante papel religioso. Na fala da Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China, a seda era vista como "um transportador e meio de comunicação entre o céu, a terra, o homem e Deus."

Isso sugere que o antigo povo Shu usava roupas de seda durante as cerimônias de sacrifício. Por fim, o chefe da equipe de escavação e chefe do Instituto de Pesquisa de Arqueologia e Relíquias Culturais da Província de Sichuan, Tang Fei, constatou que a descoberta indica que o Estado de Shu era uma das principais fontes de seda na antiga China.

Influência Shu na Ásia

(Fonte: Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China)(Fonte: Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China)

Ao que tudo indica, a sociedade secreta dos Shu possuía vasta influência no sudeste asiático durante a Idade do Bronze. Recentemente, arqueólogos encontraram uma série de objetos similares espalhados pelo continente, ressaltando a importância comercial dos antigos chineses sobre outras culturas.

Segundo o arqueólogo da Northwest University, em Xian, Zhao Congcang, é bastante provável que os Shu estiveram envolvidos em "amplas trocas com muitas áreas".  Na visão de alguns historiadores que trabalharam no local, as descobertas recentes nas Ruínas de Sanxingdui podem inclusive desafiar as crenças sobre a história da China.

Atualmente, defende-se a tese de que China moderna tenha crescido através das civilizações existentes ao longo do Rio Amarelo, o sexto maior rio do mundo. Os Shu, por outro lado, estiveram agrupados em torno do rio Yangtze, na província de Sichuan, uma área fértil separada do resto da China por montanhas.

Sendo assim, a nação mais populosa da Terra poderia ter sido produto de civilizações espalhadas pelo país ao contrário de grupos exclusivamente desenvolvidos nas margens de Huang He, o Rio Amarelo.

Aprofundando as pesquisas

(Fonte: China News Service/Reprodução)(Fonte: China News Service/Reprodução)

Além da máscara de 3 mil anos, a lista de artefatos encontrados em Sanxingdui é bastante diversificada. No local, os historiadores também acharam bronze, folhas de ouro, artefatos feitos de marfim, jade e osso, uma caixa de madeira e um recipiente marcado com padrões e símbolos em forma de coruja.

Para os próximos meses, os arqueólogos pretendem continuar com as escavações nas Ruínas visando desenterrar outros tesouros semelhantes a máscara de ouro. Com mais de 30 instituições realizando um trabalho conjunto para desvendar novas partes da história Chinesa, é possível que em breve o mundo seja presenteado com mais informações sobre a existência da civilização Shu.

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