Ciência
04/10/2022 às 06:07•9 min de leituraAtualizado em 17/10/2024 às 15:24
A Maçonaria, uma sociedade discreta e repleta de símbolos, intriga e fascina a humanidade há séculos. Com raízes que se perdem no tempo, a ordem maçônica é envolvida em um manto de mistério, alimentando teorias e especulações.
Estamos falando da maior e mais antiga sociedade fraternal que busca promover valores como a integridade, a bondade e a justiça, além de ser conhecida por suas doações e ações de caridade. Fato é que definir o que é maçonaria em apenas uma linha é uma tarefa complicada.
Com quase 300 anos de história, a maçonaria reúne uma série de rituais e símbolos, além de ter sido adotada por muitas personalidades que marcaram a história do Brasil e do mundo.
Neste artigo, vamos desvendar alguns dos segredos dessa organização e entender sua história, seus rituais, seus símbolos e seu papel na sociedade.
A falta de documentos e registros confiáveis não nos permite afirmar com certeza onde estão as origens da ordem. Existem especialistas que acreditam que a maçonaria teve início na Mesopotâmia, enquanto outros acreditam que ela possa ter surgido entre as primeiras manifestações religiosas que ocorreram no Egito.
Há também quem defenda que a construção do Templo de Salomão marca o início da maçonaria. Ainda, é frequente ver a Ordem dos Cavaleiros do Templo e a Fraternidade Rosa-Cruz sendo citadas como influências na criação da maçonaria.
Já a sociedade fraternal nos moldes que conhecemos hoje foi estabelecida em 1717 na Inglaterra a partir de ideais iluministas e com a ajuda dos maçons já existentes e de construtores que haviam se reunido para reerguer a cidade de Londres após o incêndio de 1666.
Atualmente, os maçons somam mais de seis milhões de pessoas que não formam exatamente uma sociedade secreta – ou não estaríamos falando sobre isso abertamente –, mas sim uma organização que mantém seus segredos.
Nesse sentido, Nigel Brown, grande secretário do United Grand Lodge da Inglaterra em entrevista à BBC, revelou que até 2017, ano em que a ordem completará seu tricentenário, a organização pretende ser mais “aberta e transparente” para “afastar os mitos da cabeça das pessoas”.
No mais, existem diversas teorias sobre seu surgimento, desde ligações com antigas guildas de pedreiros até conexões com sociedades secretas da Antiguidade. Confira:
Uma das teorias mais difundidas é a que associa a Maçonaria às antigas guildas de pedreiros, que transmitiam seus conhecimentos e técnicas de construção de geração em geração.
Outra teoria sugere que a Maçonaria tem suas raízes em sociedades secretas da Antiguidade, como os mistérios egípcios ou os pitagóricos.
Há quem defenda que a construção do Templo de Salomão foi um marco fundamental para a origem da Maçonaria, sendo considerado um local de conhecimento e sabedoria.
A Maçonaria é estruturada em lojas, que são como pequenas comunidades locais onde os maçons se reúnem para realizar seus rituais e desenvolver seus estudos.
A organização é hierárquica, com diversos graus e ritos, cada um com seus próprios ensinamentos e símbolos. Os principais graus maçônicos são:
Os maçons se reúnem regularmente em suas lojas para realizar rituais, estudar os ensinamentos da ordem e praticar a filantropia. A Maçonaria promove valores como a fraternidade, a igualdade, a liberdade e a tolerância.
Os maçons são incentivados a desenvolver suas qualidades morais e intelectuais, buscando a perfeição pessoal e contribuindo para o bem da sociedade. Algumas das atividades dos maçons incluem:
Os maçons dedicam tempo ao estudo de textos filosóficos, históricos e religiosos, buscando expandir seus conhecimentos e desenvolver seu pensamento crítico.
Os rituais maçônicos são repletos de simbolismo e têm como objetivo transmitir ensinamentos morais e espirituais.
A Maçonaria incentiva seus membros a praticar a filantropia, realizando obras de caridade e contribuindo para o bem-estar da comunidade.
Para se tornar um maçom, é necessário ser indicado por um membro da ordem. O candidato deve passar por um processo de seleção e ser aprovado pelos membros da loja.
Mas, também é possível submeter uma solicitação a uma loja – como são chamados os templos maçônicos. O candidato precisa ser maior de idade e do sexo masculino, embora também existam organizações que admitem mulheres.
Ainda, é preciso acreditar em um ser ou força superior, e por não ser uma religião, a maçonaria aceita muçulmanos, católicos, espíritas etc. Por esse motivo, temas controversos – como religião e política – não podem ser discutidos durante as reuniões.
A maçonaria é composta por ritos, sendo que atualmente cerca de 50 ritos são praticados no mundo. Obrigatoriamente, ele compreende três graus: aprendiz, companheiro e mestre. Após essa fase, eles são classificados em diferentes categorias e os nomes variam de acordo com o rito.
Os ritos têm características particulares e em cada um dos graus os maçons compartilham diversos ensinamentos. Quando um irmão alcança um grau, acontece um ritual cheio de simbologia. Nessas ocasiões, os maçons vestem túnicas, chapéus, aventais e faixas próprias para cada ritual, além de ter palavras e gestos específicos durante o evento.
A Maçonaria é rica em simbolismo, e seus símbolos carregam significados profundos e complexos, que evoluíram ao longo dos séculos. Cada elemento visual dentro de uma loja maçônica possui um propósito específico, servindo como um lembrete dos valores e princípios da ordem.
Os símbolos maçônicos são mais do que simples imagens; eles são ferramentas de aprendizado e autoconhecimento, auxiliando os maçons em sua jornada espiritual e moral. Alguns dos símbolos mais conhecidos e seus significados:
A simbologia maçônica é uma linguagem universal, que transcende as barreiras culturais e religiosas. Através dos símbolos, os maçons exploram temas como:
É importante ressaltar que o significado dos símbolos maçônicos pode variar de acordo com o rito e a interpretação de cada maçom. A simbologia é uma ferramenta viva e em constante evolução, adaptando-se às diferentes culturas e contextos históricos.
A maçonaria, sociedade discreta e fraternal, possui uma história rica e complexa no Brasil, permeada por ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Suas raízes no país remontam ao final do século XVIII, com a criação de lojas maçônicas em diversas regiões.
A chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808 impulsionou ainda mais a expansão da maçonaria. Com a influência de figuras importantes como José Bonifácio de Andrada e Silva, a sociedade maçônica ganhou destaque e se tornou um importante ator na vida política e social do país.
Durante o período da Independência do Brasil, muitos maçons desempenharam papel fundamental, defendendo ideais liberais e republicanos. A maçonaria também foi protagonista na Proclamação da República, contribuindo para a derrubada da monarquia e a instauração de um governo laico e democrático.
Ao longo dos séculos, a maçonaria brasileira se consolidou como uma força influente, atuando em diversos setores da sociedade e promovendo o progresso social. Seus princípios de fraternidade, igualdade e liberdade continuam a inspirar seus membros e a guiar suas ações.
A maçonaria brasileira é marcada por uma diversidade de ritos e tradições, adaptando-se à realidade cultural e histórica do país. Ao mesmo tempo, mantém laços estreitos com as grandes potências maçônicas internacionais, contribuindo para o fortalecimento da fraternidade universal.
Apesar das transformações sociais e políticas ocorridas ao longo dos anos, a maçonaria permanece relevante no cenário brasileiro, buscando adaptar-se aos novos desafios e continuar a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
A Maçonaria, sociedade discreta e fraternal, sempre foi alvo de especulações e teorias da conspiração. A natureza secreta de seus rituais e a influência de seus membros em diversos setores da sociedade ao longo da história alimentaram a imaginação de muitos, dando origem a uma série de narrativas que atribuem à maçonaria um poder oculto e maléfico.
Uma das teorias mais comuns envolve a ideia de que a maçonaria estaria por trás de uma suposta "Nova Ordem Mundial", um plano para estabelecer um governo único e controlador em todo o planeta. Essa teoria, muitas vezes associada a outras organizações secretas como os Illuminati, sugere que a maçonaria estaria manipulando eventos históricos e controlando líderes mundiais para alcançar seus objetivos.
Outra teoria popular é a que associa a maçonaria a práticas ocultas e rituais satânicos. Essa associação, sem qualquer fundamento histórico ou evidência concreta, busca vincular a maçonaria a forças do mal e a práticas consideradas perversas pela sociedade.
É importante ressaltar que essas teorias da conspiração não possuem qualquer base científica ou histórica. A maçonaria, em sua essência, é uma sociedade filosófica e filantrópica, que prega valores como fraternidade, igualdade e liberdade. As acusações de que a maçonaria estaria envolvida em conspirações globais são infundadas e servem apenas para alimentar o medo e a desconfiança.
A persistência dessas teorias pode ser explicada por diversos fatores, como a necessidade humana de encontrar explicações simples para eventos complexos, a busca por culpados para os problemas da sociedade e a propagação de informações falsas através da internet.
Muitas personalidades históricas e contemporâneas foram maçons, como:
A Maçonaria é uma organização complexa e fascinante, repleta de mistérios e tradições. Ao longo dos séculos, a ordem tem sido objeto de admiração, curiosidade e, por vezes, de perseguição.
Ao desvendar os segredos da Maçonaria, podemos compreender melhor a história da humanidade e o papel que essa sociedade desempenhou na formação de diversas culturas.
A relação entre a Maçonaria e a religião é um tema que gera debates e controvérsias há séculos. A ordem maçônica, por um lado, defende a liberdade de crença e a tolerância religiosa, enquanto por outro, possui uma simbologia e rituais que remetem a elementos religiosos.
Ela não possui dogmas, não adora deidades específicas e não impõe crenças aos seus membros. No entanto, a Maçonaria reconhece a existência de um Ser Supremo, que é frequentemente referido como o Grande Arquiteto do Universo. Essa crença em uma força superior é um dos requisitos para se tornar um maçom.
A Maçonaria aceita membros de todas as religiões, desde que acreditem em um Ser Supremo. Essa característica a diferencia de muitas outras organizações, que frequentemente excluem pessoas com base em suas crenças religiosas.
Muitos dos símbolos utilizados pela Maçonaria possuem raízes em tradições religiosas, como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. No entanto, esses símbolos são interpretados de forma simbólica e não literal pelos maçons.
A Maçonaria compartilha com muitas religiões valores como a fraternidade, a justiça, a caridade e a busca pela verdade.
A Igreja Católica historicamente tem se oposto à Maçonaria, acusando-a de ser uma organização secreta que busca minar os valores cristãos. Essa oposição levou à proibição de católicos de se filiarem à Maçonaria.
Ao longo da história, muitos clérigos foram maçons, o que demonstra a complexidade da relação entre as duas instituições.
A Maçonaria considera que a religião é uma questão pessoal e que cada indivíduo deve ter liberdade para escolher sua própria crença. A ordem não impõe nenhuma religião específica aos seus membros e respeita a diversidade religiosa.
A relação entre a Maçonaria e a religião é complexa e marcada por nuances. A Maçonaria, embora não seja uma religião, reconhece a importância da espiritualidade e da crença em um Ser Superior. A ordem promove a tolerância religiosa e a liberdade de pensamento, mas também possui uma rica simbologia que remete a diversas tradições religiosas.
A participação de mulheres na Maçonaria é um tema complexo e com uma longa história. Tradicionalmente, a Maçonaria era uma instituição exclusivamente masculina, com regras e rituais que refletiam os valores e a sociedade de sua época.
No entanto, ao longo dos anos, a questão da inclusão feminina tem sido objeto de debates e mudanças significativas.
Por muitos séculos, as mulheres foram explicitamente excluídas da Maçonaria. Os antigos rituais e constituições maçônicas estabeleciam claramente que a ordem era reservada aos homens. Essa exclusão se baseava em uma série de razões, incluindo:
Diante da exclusão das mulheres, surgiram diversas ordens femininas inspiradas nos princípios da Maçonaria. Essas ordens, como as Filhas de Jó e a Ordem da Estrela Oriental, ofereciam às mulheres a oportunidade de participar de uma fraternidade e desenvolver seus valores morais e espirituais.
A partir do século XX, a Maçonaria começou a experimentar um processo de abertura gradual em relação à participação feminina. Algumas lojas maçônicas começaram a admitir mulheres como membros, embora essa prática ainda seja controversa e não seja universalmente aceita.
Os principais desafios enfrentados pelas mulheres na Maçonaria:
No Brasil, a Maçonaria feminina também enfrenta desafios e resistências. Embora existam lojas maçônicas que aceitam mulheres, a maioria das grandes Lojas ainda mantém uma política de exclusão.
As mulheres brasileiras que desejam participar da Maçonaria encontram diversas opções, como as ordens femininas inspiradas nos princípios maçônicos e as lojas mistas – que admitem tanto homens quanto mulheres.
Em resumo, a participação de mulheres na Maçonaria é um tema complexo e em constante evolução. A história da Maçonaria é marcada por uma exclusão histórica das mulheres, mas também por um crescente movimento em favor da igualdade de gênero.
Atualmente, a Maçonaria feminina enfrenta diversos desafios, mas também oferece oportunidades para as mulheres desenvolverem seus valores e contribuírem para a sociedade.
Gostou do conteúdo? Para mais matérias sobre mistérios e curiosidades, fique de olho aqui no Mega Curioso. Até a próxima!