
Ciência
11/01/2018 às 10:50•2 min de leitura
Estupro é um assunto delicado e que, infelizmente, precisa estar em pauta com frequência, para que se crie uma boa educação social sobre o que é, de fato, o estupro e inclusive sobre o tratamento com a vítima, que muitas vezes acaba sendo considerada responsável pela violência que sofreu.
Quem é que nunca ouviu alguém dizendo que determinada pessoa não teria sido estuprada se estivesse em casa, se estivesse com a família ou, quem sabe, se estivesse usando uma roupa “comportada”?
Esse tipo de lógica é errada e cruel, pois acaba compreendendo a cabeça do criminoso e culpabilizando quem teve seu corpo invadido de alguma maneira. Estupros acontecem em casa, em escolas, em igrejas e em todos os lugares, assim como as vítimas podem estar usando minissaia ou moletom.
É justamente para mostrar que a roupa de uma vítima não tem nada a ver com a violência que ela sofreu é que uma exposição foi feita na Bélgica. Chamada de “O que você estava vestindo?”, a mostra em Bruxelas criou uma exposição de roupas idênticas às que diversas vítimas estavam vestindo quando foram atacadas.
Galeria 1
Abaixo de cada combinação de roupa há também uma descrição do ataque, o que mostra que nem mesmo as roupas mais “inocentes”, como pijamas e camisetas, não representam qualquer tipo de segurança.
De acordo com os organizadores da mostra, a ideia era “criar uma resposta tangível a um dos nossos mitos mais universais sobre a cultura do estupro. A crença de que a roupa ou o que alguém estava vestindo ‘causa’ estupro é extremamente prejudicial aos sobreviventes”.
Como observou Lieshbeth Kennes, que trabalha no Centro Marítimo Comunitário, onde a exposição está acontecendo, além de vermos as roupas que as pessoas estavam usando, percebemos também que o estupro é um ato violento e marcante, ao ponto de a vítima se lembrar de todas as roupas que usava quando foi violentada. A exibição está aberta até o dia 20 de janeiro – conte para a gente o que você achou da ideia.
No Brasil, o estupro é um crime que ameaça ou violenta a dignidade e a liberdade sexual de uma pessoa. Não é preciso que haja penetração para que um ato seja caracterizado como tal.
O ideal é denunciar esse tipo de violência, de preferência em uma Delegacia da Mulher. Se precisar de ajuda, ligue para o 180.
Se você está com medo de ter contraído alguma doença ou engravidado, procure um posto de saúde o mais rapidamente possível – lá, profissionais treinados farão os exames e as profilaxias necessárias. Lembre-se sempre: quem tem culpa de um estupro é o estuprador e não a vítima.