Cientistas revelam a origem da intolerância ao glúten

20/08/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 20/08/2024 às 08:00

Se você já se perguntou de onde vem aquela sensação desagradável após comer pão ou macarrão, temos novidades! Cientistas finalmente descobriram onde a intolerância ao glúten começa no corpo humano, segundo um estudo recente publicado na revista Nature

Pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, identificaram que a resposta autoimune ao glúten tem início em células específicas do sistema imunológico chamadas células dendríticas. Mas o que isso significa para quem sofre com essa condição?

Início nas células dendríticas

Doença celíaca é caracterizada por reação autoimune do corpo ao glúten. (Fonte: Getty Images)
Doença celíaca é caracterizada por reação autoimune do corpo ao glúten. (Fonte: Getty Images)

As células dendríticas são como os guardiões do sistema imunológico. Elas patrulham o corpo em busca de invasores — como vírus e bactérias —, e soam o alarme quando algo estranho é detectado. No caso da intolerância ao glúten, essas células podem reconhecer a proteína como uma ameaça, levando o corpo a reagir de forma exagerada e causando os sintomas incômodos que, infelizmente, muitos conhecem bem.

De acordo com os cientistas, as células dendríticas estão entre as primeiras a entrar em contato com o glúten no intestino. Quando elas identificam essa proteína como uma ameaça, ativam outras células do sistema imunológico para atacar. Essa resposta é descontrolada em pessoas com a doença celíaca, resultando em danos ao intestino delgado. Para investigar esse processo, os pesquisadores utilizaram camundongos geneticamente modificados que possuem uma resposta imunológica semelhante à observada em humanos com a doença celíaca. Esse modelo animal foi fundamental para elucidar como as células dendríticas iniciam a resposta ao glúten.

Essa nova constatação abre portas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para a intolerância ao glúten. Com a identificação das células dendríticas como o ponto de partida para a resposta imune, os cientistas agora podem focar em maneiras de acalmar essas células e, potencialmente, impedir que o corpo reaja à proteína. Isso significa que, no futuro, poderemos ter novos tratamentos que aliviem ou até eliminem os sintomas, permitindo que as pessoas voltem a desfrutar de refeições com glúten sem medo.

Os próximos passos

Pesquisadores esperam que novos dados possam ser usados para a criação de novos tratamentos. (Fonte: Getty Images)
Pesquisadores esperam que novos dados possam ser usados para a criação de novos tratamentos. (Fonte: Getty Images)

Atualmente, a única forma eficaz de tratar a doença celíaca é a adoção de uma dieta rigorosamente sem glúten, o que pode ser desafiador, especialmente em situações sociais. A pesquisa sugere que, ao desenvolver medicamentos que visem especificamente as células dendríticas, pode-se revolucionar o tratamento da intolerância ao glúten e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.

Ainda há bastante para ser descoberto, mas os pesquisadores estão otimistas. Com essa nova informação, eles estão mais perto de entender completamente como a intolerância ao glúten funciona e como combatê-la. Para quem sofre com essa condição, essa é uma notícia que traz a esperança de dias melhores, onde o pão quentinho e um prato de macarronada podem voltar a ser um prazer — e não uma preocupação.

Os próximos passos da pesquisa envolvem aprofundar a compreensão sobre como as células dendríticas reconhecem o glúten e como essa resposta imune pode ser modulada. Se os cientistas conseguirem desenvolver um tratamento que impeça a ativação dessas células, isso pode mudar radicalmente — para muito melhor —, a vida de milhares de pessoas afetadas pela intolerância ao glúten ao redor do mundo. 

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