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26/03/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 26/03/2024 às 14:00
As doenças autoimunes, a exemplo da diabetes tipo 1, esclerose múltipla, doença celíaca e artrite reumatoide, causam uma série de impactos no bem-estar das pessoas e, além de afetarem no dia a dia, quando não devidamente tratadas, podem acarretar sintomas graves e até mesmo provocar a morte precoce.
Apesar dos avanços nos tratamentos oferecidos para tais condições, ainda não existe uma compreensão mais aprofundada sobre o porquê das células se comportarem de forma agressiva diante de outras, que estão saudáveis, e qual mecanismo pode evitar que esse processo ocorra quando não há algum patógeno invadindo o organismo.
Diante desse desafio, uma equipe de pesquisadores encontrou qual mecanismo está por trás dessa resposta autoimune violenta. As descobertas foram publicadas na revista Nature no final do mês de fevereiro.
Sabe-se que nosso organismo é bastante eficiente em sua resposta imune, o que é benéfico quando estamos doentes, mas preocupante quando até mesmo células saudáveis são combatidas por "engano".
Considerando tudo isso, o estudo avançou na investigação da existência de algum processo que explore como essa resposta imune se inicia e como ela pode ser interrompida em determinados cenários, o que evitaria, por exemplo, a evolução das doenças autoimunes.
A partir de análises em um grupo de células, foi identificado que existe uma espécie de "interruptor celular" atuando. Ou melhor, há complexo proteico chamado de CRL5 – SPSB3 que atua na sinalização e envia uma proteína chamada ubiquitina para a enzima GMP-AMP sintase cíclica, conhecida como cGAS.
Pesquisadores, então, descobriram que esse processo evita que a cGAS atue em reações autoimunes e fique inativa, o que é importante se não há em andamento a infecção por um vírus, por exemplo. Ou seja, a regulação da cGAS é a resposta que tanto foi procurada.
A enzima cGAS já é conhecida, uma vez que na mitose, processo de divisão celular, ela se une aos nucleossomos ao ser posicionada para o interior da célula, ficando coberta por uma proteína chamada BAF. Fato é que a justamente a cGAS é quem detecta DNA estranho e inicia a resposta imune do organismo, ou seja, ela possui um papel bastante importante.
Considerando os resultados dos experimentos realizados com as células, pesquisadores concluíram que "a degradação proteica atua como um determinante da regulação do cGAS no núcleo e fornece insights estruturais sobre um elemento do cGAS que é passível de exploração terapêutica."
Essa espécie de interruptor, portanto, se for controlada, evitaria que o organismo ataque as próprias células saudáveis quando não há patógenos agindo. Ou seja, a expectativa é que tratamentos para as doenças autoimunes possam ser desenvolvidos a partir de estudos complementares que explorarem mais detalhes dessa incrível propriedade.