Imagem de O dia em que a Ku Klux Klan foi derrotada por nativos americanos no megacurioso

Em 1958, membros da tribo Lumbee participaram da Batalha de Hayes Pond e conseguiram expulsar a KKK do estado da Carolina do Norte

Em 18 de janeiro de 1958, membros da organiza&ccedil;&atilde;o supremacista branca <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/117792-roupa-de-ze-gotinha-vira-meme-ao-ser-comparada-com-ku-klux-klan.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ku Klux Klan</a>&nbsp;(KKK) foram pegos de surpresa. Enquanto tentavam organizar uma carreata pela cidade de Maxton, no estado da Carolina do Norte, o grupo se viu obrigado a enfrentar 500 membros da tribo Lumbee, nativos americanos.&nbsp;
O confronto ficou historicamente conhecido como a Batalha de Hayes Pond. Para a surpresa de muitos, entretanto, essa tamb&eacute;m &eacute; a data em que a Klan foi chutada para fora da cidade e teve que buscar outro lugar para realizar suas reuni&otilde;es. Saiba mais sobre a hist&oacute;ria desse conflito.
<h2>Recrutando novos membros</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/25/25182632539528.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
O objetivo da KKK na Carolina do Norte era apenas um: recrutar novas pessoas para participarem da organiza&ccedil;&atilde;o. Por&eacute;m, houve um s&eacute;rio problema de planejamento nessa estrat&eacute;gia, visto que o Condado de Robeson, onde deveriam ocorrer as passeatas, tinha uma larga popula&ccedil;&atilde;o de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/110148-18-vestimentas-usadas-pelos-antigos-nativos-americanos-de-causar-pesadelos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nativos americanos</a>.
O evento estava sendo organizado por James William &ldquo;Catfish&rdquo; Cole, um l&iacute;der da Klan na Carolina do Sul que desejava expandir seu comando para o norte. No entanto, Cole n&atilde;o contava com o poder dos Lumpee, que ficaram extremamente furiosos quando tomaram conhecimento da not&iacute;cia.
A tribo, ent&atilde;o, reuniu rifles, espingardas, cassetetes e pedras, e marchou em dire&ccedil;&atilde;o a Hayes Pond, uma localiza&ccedil;&atilde;o fora da cidade onde a KKK havia montado um pequeno acampamento. Ao fim do dia, os racistas haviam sido derrotados e uma era de terror para as comunidades negras e ind&iacute;genas chegou ao fim na Carolina do Norte.
<h2>Escalada do conflito</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22112921792161.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Na d&eacute;cada de 1950, o Condado de Robeson era uma comunidade dividida. Apesar de 40% da sua popula&ccedil;&atilde;o ser composta de pessoas brancas, os ind&iacute;genas da tribo Lumbee representavam um ter&ccedil;o da somat&oacute;ria e pessoas negras eram um quarto. Por mais que os dois &uacute;ltimos grupos fossem perseguidos da mesma forma, n&atilde;o interagiam entre si.
Ao longo daquela d&eacute;cada, a KKK tentava sua expans&atilde;o pela regi&atilde;o e fez seguidas a&ccedil;&otilde;es para incitar o desespero nos grupos minorit&aacute;rios. Um exemplo disso aconteceu em 1958, quando os membros da Klan queimaram uma cruz em frente &agrave; casa de uma mulher Lumbee ap&oacute;s rumores de que ela estava namorando um homem branco.
Foi da&iacute; que surgiu a ideia da passeata por Maxton, que serviria como um recado final para negros e ind&iacute;genas. Panfletos foram distribu&iacute;dos&nbsp;e placas&nbsp;erguidas por todas as partes e o evento aparecia na capa dos jornais. Mesmo assim, os Lumbee decidiram bater de frente.
<h2>A Batalha de Hayes Pond</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22113043839162.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
A resist&ecirc;ncia Lumbee foi organizada por Simeon Oxendine e Sanford Locklear, l&iacute;deres daquela comunidade. Na calada da noite, algu&eacute;m havia atirado na &uacute;nica fonte de luz que iluminava o acampamento da Klan em Hayes Pond. Amedrontados, a KKK tentou retaliar cegamente.
Com apenas 50 participantes, os <a href="https://www.megacurioso.com.br/comportamento/39952-defensor-da-supremacia-branca-descobre-que-tem-dna-africano-ao-vivo-na-tv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">supremacistas</a> estavam em desvantagem num&eacute;rica. Ao perceberem a situa&ccedil;&atilde;o em que estavam, muitos correram e at&eacute; mesmo deixaram mulheres e filhos para tr&aacute;s para se proteger. Sem que ningu&eacute;m fosse morto na batalha, os nativos americanos vitoriosamente expulsaram a KKK da sua regi&atilde;o.
Orgulhosamente, os Lumbee posaram para fotos exibindo uma faixa abandonada pela KKK como s&iacute;mbolo de sua conquista. N&atilde;o demorou muito para que o conflito se tornasse um marco de resist&ecirc;ncia no pa&iacute;s inteiro e fosse divulgado em larga escala pela imprensa nacional.&nbsp;

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O dia em que a Ku Klux Klan foi derrotada por nativos americanos

Imagem de E se uma bomba nuclear fosse detonada na Lua? no megacurioso

Acredite ou não, essa foi a indagação e o plano dos americanos e soviéticos em 1950

A segunda metade do s&eacute;culo XX ficou marcada pela busca de dois t&iacute;tulos: qual pa&iacute;s&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119589-quais-paises-testam-bombas-nucleares-mesmo-com-o-tratado-de-proibicao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">seria respons&aacute;vel por produzir a maior bomba nuclear da hist&oacute;ria</a> e qual teria o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119953-como-foi-decidido-o-fim-da-corrida-espacial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">poderio da Lua</a>. Uma coisa levou a outra para que isso fosse poss&iacute;vel, visto que a Corrida Espacial foi, em sua ess&ecirc;ncia, uma disputa de tecnologia armamentista.
S&oacute; em 1945, considerado o in&iacute;cio do Per&iacute;odo At&ocirc;mico, foram detonados mais de 2 mil dispositivos nucleares por pelo menos 8 na&ccedil;&otilde;es no mundo, principalmente nos at&oacute;is do oceano Pac&iacute;fico e em algumas partes do Cazaquist&atilde;o.
Em meio &agrave; <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119421-aos-10-anos-samantha-smith-tentou-acabar-com-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a> de busca implac&aacute;vel, pesquisadores norte-americanos procuraram maneiras de militarizar a Lua, e esse pensamento persistiu at&eacute; o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1990. A ideia teria surgido com a pergunta: o que aconteceria se atac&aacute;ssemos a Lua com uma bomba nuclear?
<h2>A trama</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Daily Mail&nbsp;" data-fonte-url="https://i.dailymail.co.uk/1s/2020/06/21/22/29890478-8445395-Nuking_the_Moon_would_be_a_huge_show_of_force_an_explosion_visib-m-32_1592776727145.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16192948823614.jpg" alt="(Fonte; Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O objetivo de militarizar a Lua significava construir bases militares em seu solo com a inten&ccedil;&atilde;o declarada de determinar que o sat&eacute;lite da Terra poderia oferecer a uma na&ccedil;&atilde;o com armas nucleares. Al&eacute;m disso, seria uma &oacute;tima maneira de fazer os sovi&eacute;ticos "comerem poeira" naquela corrida que os americanos estavam perdendo com o recente lan&ccedil;amento do bem-sucedido sat&eacute;lite Sputnik, em 1957.
Por outro lado, a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica teve a "brilhante" ideia de militarizar a Lua &mdash; o que certamente teria feito, se tivesse chegado l&aacute; primeiro. Mas o que aconteceria se a Lua fosse detonada?
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16193147729615.jpg" alt="(Fonte: PBS/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: PBS/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O estudo encomendado pela For&ccedil;a A&eacute;rea dos Estados Unidos em 1950 mostrou que o objetivo era projetar uma ogiva termonuclear de 100 megatoneladas, duas vezes mais poderosa que a bomba Czar, detonada em outubro de 1961 pelos sovi&eacute;ticos, contendo 50 megatons.
A explos&atilde;o aconteceu em uma ilha desabitada perto do C&iacute;rculo Polar &Aacute;rtico, a 4 mil metros do ch&atilde;o, e seu clar&atilde;o foi visto a mais de 965 quil&ocirc;metros de dist&acirc;ncia, com pessoas sentindo o calor a 250 quil&ocirc;metros do marco zero. De acordo com o Live Science, o resultado de uma explos&atilde;o da Lua seria diferente devido a sua atmosfera &uacute;nica, por&eacute;m o estrago seria imenso.
<h2>A grande bagun&ccedil;a</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16193453541617.jpg" alt="(Fonte: ArtStation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: ArtStation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Visto que a Lua n&atilde;o tem uma atmosfera para oferecer um escudo contra uma detona&ccedil;&atilde;o, a Terra seria diretamente afetada pela explos&atilde;o, apesar de sua dist&acirc;ncia. "Quando uma arma nuclear &eacute; detonada perto da superf&iacute;cie da Terra, a densidade do ar &eacute; suficiente para atenuar a radia&ccedil;&atilde;o (n&ecirc;utrons e raios gama) a tal ponto que os efeitos dessas radia&ccedil;&otilde;es s&atilde;o geralmente menos importantes que os da explos&atilde;o e da radia&ccedil;&atilde;o t&eacute;rmica", explica um artigo da NASA.
O texto segue descrevendo que a explos&atilde;o de uma arma nuclear no v&aacute;cuo, sem uma atmosfera para manter tudo sob controle, emitiria radia&ccedil;&atilde;o de alta frequ&ecirc;ncia t&eacute;rmica, a precipita&ccedil;&atilde;o da qual s&oacute; poderia ser mitigada pela dist&acirc;ncia f&iacute;sica, porque n&atilde;o haveria ar que a onda de choque pudesse aquecer.
Em 9 de julho de 1962, a NASA lan&ccedil;ou o Starfish Prime, um dos cinco testes nucleares projetados para estudar armas at&ocirc;micas no espa&ccedil;o sideral inferior, e foi contabilizado que outros testes nucleares de alta altitude realizados na Terra j&aacute; criaram um cintur&atilde;o artificial de destrui&ccedil;&atilde;o radioativa que devastou um ter&ccedil;o de todos os sat&eacute;lites em &oacute;rbitas inferiores.
A explos&atilde;o nuclear da Lua n&atilde;o s&oacute; mataria de radia&ccedil;&atilde;o qualquer astronauta em &oacute;rbita, visto que n&atilde;o haveria uma dist&acirc;ncia segura do evento para visualiza&ccedil;&atilde;o, como tamb&eacute;m causaria um terremoto de magnitude 7 na escala Richter em toda a Terra ao mesmo tempo &mdash; j&aacute; que a Lua &eacute; muito menor que o planeta.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16193706713620.jpg" alt="(Fonte: PaulingBlog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: PaulingBlog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O impacto da bomba formaria no solo lunar uma cratera, erguendo at&eacute; 100 milh&otilde;es de m&sup3; de poeira e rochas, que seriam lan&ccedil;ados em dire&ccedil;&otilde;es diferentes. Sem nenhuma atmosfera para desacelerar, esses micrometeoritos atingiriam sat&eacute;lites e naves antes de chover na Terra.
Segundo o INSH, seria necess&aacute;ria uma bomba muito maior que 100 megatons para perturbar a &oacute;rbita da Lua, mais especificamente uma equivalente a 10 trilh&otilde;es de megatons de TNT. S&oacute; essa for&ccedil;a empurraria o sat&eacute;lite natural para longe de nosso planeta, causando estragos irrevers&iacute;veis pelo caminho.
A Terra ent&atilde;o ficaria exposta a meteoros gigantes; toda a vida marinha morreria sem as influ&ecirc;ncias lunares; n&atilde;o existiriam mais esta&ccedil;&otilde;es do ano; as noites seriam totalmente escuras; n&atilde;o haveria mais mar&eacute;s, tampouco eixo de rota&ccedil;&atilde;o est&aacute;vel do planeta.
O mais bizarro de tudo isso &eacute; imaginar que, naquela &eacute;poca, nem todo mundo pensava que a destrui&ccedil;&atilde;o do sat&eacute;lite natural da Terra fosse mudar algo.

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E se uma bomba nuclear fosse detonada na Lua?

Imagem de O Nobel da Paz que levou a Etiópia para sua guerra mais sangrenta no megacurioso

Ganhador do Nobel da Paz optou pela guerra para resolver os problemas do país

Abi Ahmed, ganhador do Pr&ecirc;mio Nobel da Paz em 2019 e atual primeiro-ministro da Eti&oacute;pia, est&aacute; por tr&aacute;s de uma das <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/110200-100-dias-de-morte-o-genocidio-de-ruanda-ignorado-pelo-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guerras civis</a> mais sangrentas da &Aacute;frica. Entre os eventos das &uacute;ltimas semanas est&atilde;o os intensos ataques militares contra Tigray e o partido que governa a regi&atilde;o, a Frente de Liberta&ccedil;&atilde;o do Povo Tigray (TPFL).
Desde que assumiu o cargo em 2018, Ahmed se posicionou como um pol&iacute;tico pacifista e reformador. O Nobel da Paz que ganhou em 2019 foi por conseguir fechar o t&atilde;o sonhado acordo de paz entre a Eti&oacute;pia e a Eritreia, ap&oacute;s 20 anos de conflitos na fronteira.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18200757782153.jpg" alt="Abiy Ahmed. (Fonte: AFP/ BBC/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Abiy Ahmed. (Fonte: AFP/ BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mas, em menos de tr&ecirc;s anos, Ahmed, que prometia inclus&atilde;o e transpar&ecirc;ncia em seu governo, apoio &agrave;s liberdades e reformas institucionais, decidiu deixar a diplomacia de lado e declarar guerra contra um governo regional para resolver quest&otilde;es pol&iacute;ticas e ideol&oacute;gicas.
<h2>A raiz dos conflitos</h2>
Os embates atuais na Eti&oacute;pia tem uma rela&ccedil;&atilde;o direta com a guerra civil de 1991. Nessa &eacute;poca, a Frente Democr&aacute;tica Revolucion&aacute;ria do Povo Et&iacute;ope (EPRDF), uma coaliz&atilde;o constitu&iacute;da por quatro partidos, tamb&eacute;m chamada TPFL, conseguiu obter o controle do governo do pa&iacute;s ap&oacute;s derrubar o Derg, uma junta militar que governou o pa&iacute;s de 1974 a 1991.
O TPFL, historicamente, sempre foi dominado pelo povo de etnia Tigrayan. Contudo, os dois maiores partidos &eacute;tnicos do pa&iacute;s s&atilde;o os Oromos (35%) e os Amharas (27%). Dessa forma, especialistas apontam que o conflito entre o primeiro-ministro e governos regionais, al&eacute;m da pol&iacute;tica, tem um enraizamento &eacute;tnico muito grande, sendo quase imposs&iacute;vel haver uma desvincula&ccedil;&atilde;o.
A coaliza&ccedil;&atilde;o da TPFL manteve o dom&iacute;nio do governo et&iacute;ope por 27 anos. Extensos registros de abusos aos direitos humanos, repress&atilde;o, bem como pris&atilde;o de jornalistas e l&iacute;deres da oposi&ccedil;&atilde;o se tornaram marca registrada desse per&iacute;odo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18200927001154.jpg" alt="Ahmed pede aos civis que se juntem &agrave; guerra de Tigray. (Fonte: Getty Images/ BBC/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Ahmed pede aos civis que se juntem &agrave; guerra de Tigray. (Fonte: Getty Images/BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os esfor&ccedil;os de Ahmed na tentativa de reestabelecer os la&ccedil;os com a Eritreia, e sua consequente chegada ao poder em um complexo e tenso processo de transi&ccedil;&atilde;o, terminou por isolar ainda mais a TPFL.
O primeiro-ministro prometeu que prenderia todos os criminosos do governo de Tigray e que os levaria a julgamentos pelos crimes cometidos. Contudo, o que se viu foi o aumento exponencial de relat&oacute;rios tenebrosos sobre estupros, viola&ccedil;&atilde;o dos direitos humanos e assassinatos praticados pelas for&ccedil;as militares sob suas ordens.
<h2>O que deu errado</h2>
Segundo analistas, a inabilidade e completo fracasso de Ahmed em conseguir navegar pelas &aacute;guas profundas das divis&otilde;es &eacute;tnicas que assolaram o segundo maior pa&iacute;s em popula&ccedil;&atilde;o da &Aacute;frica, &eacute; uma das principais raz&otilde;es do problema.
Agora, devido &agrave;s tens&otilde;es e den&uacute;ncias de crimes, a Eti&oacute;pia foi isolada pela Europa e EUA, o que aumenta as incertezas sobre o que est&aacute; por vir.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18201420517155.png" alt="As regi&otilde;es de Afar e Amhara parecem estar cada vez mais amea&ccedil;adas pelo governo de Ahmed. (Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />As regi&otilde;es de Afar e Amhara parecem estar cada vez mais amea&ccedil;adas pelo governo de Ahmed. (Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Wolbert Smidt, historiador et&iacute;ope que atua h&aacute; d&eacute;cadas nas universidades do pa&iacute;s, chama aten&ccedil;&atilde;o para o comportamento do ocidente, mais precisamente, para a ingenuidade com a qual olharam Abi Ahmed. Para Smidt, pol&iacute;ticos ocidentais parecem gostar de l&iacute;deres africanos que tenham uma narrativa simples para os complexos problemas de seus pa&iacute;ses.
Ele tamb&eacute;m diz que, Ahmed, com relativo apoio ocidental, &ldquo;se elevou acima das leis e institui&ccedil;&otilde;es que eram capazes de garantir um equil&iacute;brio prec&aacute;rio entre os muitos grupos rivais&rdquo;. Por isso, h&aacute; quem diga que o Nobel da Paz serviu apenas para estimular e dar seguran&ccedil;a para o Ahmed fazer o que est&aacute; fazendo.
Tamb&eacute;m &eacute; preciso considerar que muitas das reformas e a&ccedil;&otilde;es realizadas nos &uacute;ltimos tempos, n&atilde;o resultaram das decis&otilde;es ou diplomacia de Abi Ahmed, mas sim, da coaliza&ccedil;&atilde;o governista que liderava o pa&iacute;s. Por exemplo, ele era frequentemente elogiado pela liberta&ccedil;&atilde;o de presos pol&iacute;ticos, no entanto, foi seu antecessor quem deu in&iacute;cio a a&ccedil;&atilde;o.
<h2>Consequ&ecirc;ncias amplas</h2>
As tens&otilde;es ficaram ainda piores depois que os Tigrayans realizaram as elei&ccedil;&otilde;es regionais indo contra as diretrizes de Addis Abeba, em um desafio direto ao governo. Ahmed ficou t&atilde;o incomodado com isso que convidou o ditador da Eritreia para enviar suas tropas para ajudar na invas&atilde;o &agrave; regi&atilde;o de Tigray.
A partir da&iacute;, Tigray passou a ser o centro de uma guerra brutal. H&aacute; relatos de que o estupro e a fome est&atilde;o sendo amplamente usados como arma de guerra, especialmente pelos soldados da Eritreia, os mais novos aliados de Ahmed.
Desde o m&ecirc;s de julho deste ano, o primeiro-ministro bloqueia a chegada de ajuda para a regi&atilde;o. As estimativas apontam que entre 400 e 900 mil pessoas est&atilde;o passando fome, e quase toda a popula&ccedil;&atilde;o est&aacute; dependendo da chegada de ajuda externa. Al&eacute;m disso, os Tigrayans est&atilde;o sendo perseguidos e atacados em qualquer regi&atilde;o do pa&iacute;s.
As consequ&ecirc;ncias da crescente instabilidade na Eti&oacute;pia v&atilde;o muito al&eacute;m de Tigray. Nos &uacute;ltimos tr&ecirc;s meses, centenas de pessoas foram mortas violentamente com base na identidade &eacute;tnica em Benishangul, Oromia e na regi&atilde;o sul do pa&iacute;s. Al&eacute;m disso, milhares est&atilde;o fugindo para o <a href="https://www.megacurioso.com.br/proxima-parada/68352-proxima-parada-sudao-conheca-melhor-este-pais-repleto-de-piramides.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sud&atilde;o&nbsp;</a>que, por sua vez, j&aacute; tem seus pr&oacute;prios problemas internos.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;(Fonte: REUTERS / Tiksa Negeri/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)&nbsp;" data-fonte-url="https://www.theafricareport.com/50001/ethiopia-escalating-strife-with-tigray-could-lead-to-civil-war/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18204140392164.jpg" alt="Membros da For&ccedil;a Especial de Amhara retornam &agrave; base militar da 5&ordf; divis&atilde;o mecanizada de Dansha ap&oacute;s lutar contra a TPLF, em Danasha, regi&atilde;o de Amhara. (Fonte: REUTERS / Tiksa Negeri/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Membros da For&ccedil;a Especial de Amhara retornam &agrave; base militar da 5&ordf; divis&atilde;o mecanizada de Dansha ap&oacute;s lutar contra a TPLF, em Danasha, regi&atilde;o de Amhara. (Fonte: REUTERS/Tiksa Negeri/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em uma escala ainda maior, tudo isso pode acabar com qualquer possibilidade de o Chifre da &Aacute;frica e a regi&atilde;o do Mar Vermelho se moverem para al&eacute;m de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119896-guerra-anglo-zanzibar-o-conflito-mais-rapido-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">d&eacute;cadas de conflito</a> c&iacute;clico em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; estabilidade e integra&ccedil;&atilde;o.

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O Nobel da Paz que levou a Etiópia para sua guerra mais sangrenta

Imagem de Bauhaus: o legado da escola modernista perseguida pelo nazismo no megacurioso

Mesmo considerada uma 'frente esquerdista', o Terceiro Reich encontrou uma forma de usá-la

Fundada em 12 de abril de 1919, em Weimar, logo ap&oacute;s o fim da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119011-as-tropas-britanicas-sofreram-com-as-ists-na-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a>, pelo arquiteto alem&atilde;o Walter Gropius, a Bauhaus foi um s&iacute;mbolo ao se tornar uma das maiores e mais importantes escolas do Modernismo.
Combinando arquitetura, artesanato e uma academia de artes, esse objetivo a colocou no centro de uma s&eacute;rie de conflitos internos e externos que moldaram sua trajet&oacute;ria pela Alemanha. Subsidiada pela Rep&uacute;blica Weimar, a escola viveu seu apogeu de 1925 a 1932 na cidade de Dassau, onde deixou sua marca em quase todos os edif&iacute;cios erguidos por ela, agora considerados &iacute;cones da arquitetura do s&eacute;culo XX.
<h2>Da ascens&atilde;o &agrave; queda</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16194659729625.jpg" alt="(Fonte: Facing History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Facing History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Respons&aacute;vel por formar a sociedade moderna, Bauhaus foi for&ccedil;ada a deixar a cidade de Weimar por motivos pol&iacute;ticos, ap&oacute;s uma mudan&ccedil;a nos quadros do governo, e chegou em 1925 em Dassau por sua pol&iacute;tica de esquerda, ap&oacute;s uma competi&ccedil;&atilde;o com outras cidades, como Frankfurt e Magdeburg.
Quando o modernismo encontrou o nazismo emergente na Berlim de 1932 sob o rec&eacute;m-implantado governo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117281-germania-o-plano-de-hitler-de-destruir-a-arquitetura-de-berlim.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Adolf Hitler</a>, a persegui&ccedil;&atilde;o come&ccedil;ou. Vinte anos antes, os nazistas se opuseram ao que Bauhaus pregava, condenando que o movimento era sintoma de uma &ldquo;doen&ccedil;a disseminada por judeus e comunistas que contaminava o corpo pol&iacute;tico alem&atilde;o&rdquo;.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Exibart&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQbjNHlgz1kOp29i4mkGU6WMvWkqW5xSawxXURfbTAh3hL7Enl7eUFe2cERGK3knHRXGQ0&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16194817231626.jpg" alt="(Fonte: Exibart/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Exibart/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Portanto, quando Hitler ascendeu, a escola foi considerada uma forte frente comunista de progresso, principalmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam no local. Em 1933, ap&oacute;s muitos conflitos, Bauhaus foi finalmente fechada pelos nazistas sob alega&ccedil;&otilde;es de que a institui&ccedil;&atilde;o era um &ldquo;terreno f&eacute;rtil para o bolchevismo cultural&rdquo;.
Em encontro com Alfred Rosenberg, ent&atilde;o Ministro da Cultura, Mies van der Rohe, diretor da escola, ouviu que o governo apoiaria a continua&ccedil;&atilde;o dela apenas se fosse abandonado o modernismo e se tornasse uma ferramenta de propaganda do Terceiro Reich. Van der Rohe decidiu permanecer com as portas fechadas.
<h2>A persegui&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16195043546628.jpg" alt="(Fonte: Bauhaus Kooperation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Bauhaus Kooperation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi ent&atilde;o que come&ccedil;ou todo o processo de persegui&ccedil;&atilde;o e ex&iacute;lio por parte de todos os envolvidos com Bauhaus, porque o governo nazista foi implac&aacute;vel com todos que se recusaram a sucumbir as suas vontades.
O legado da escola, no entanto, foi aproveitado de maneira obscura pelo nazismo, bem como tudo leg&iacute;timo que existiu antes da domina&ccedil;&atilde;o hitlerista. Em 2019, Nicholas Fox Weber, diretor-executivo da Funda&ccedil;&atilde;o Josef e Anni Albers, visitou uma exposi&ccedil;&atilde;o no Museu Novo (Berlim, Alemanha), cujo tema era Franz Ehrlich, um ex-aluno da Bauhaus que foi preso como comunista pelos nazistas e enviado para Buchenwald.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16194926623627.jpg" alt="(Fonte: The Times of Israel/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Times of Israel/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ele s&oacute; sobreviveu devido a sua experi&ecirc;ncia em design, sendo contratado para projetar partes do campo de concentra&ccedil;&atilde;o, incluindo os not&oacute;rios port&otilde;es que sustentam o prov&eacute;rbio alem&atilde;o &ldquo;A cada um o seu&rdquo;, que se refere a um antigo ideal de justi&ccedil;a.
As letras sem serifa eram completamente modernistas para &eacute;poca, e sua eleg&acirc;ncia n&atilde;o combinava com os horrores que aconteceram atr&aacute;s daqueles port&otilde;es.
At&eacute; hoje n&atilde;o se sabe exatamente se Ehrlich cooperou por desespero para sobreviver, se foi um ato oportunista ou, como mencionado na exposi&ccedil;&atilde;o, um ato heroico de resist&ecirc;ncia. A maioria dos historiadores concorda que o designer nunca se identificou com a ideologia nazista.
No entanto, outros graduados pela Bauhaus, como Fritz Ertl, se tornou arquiteto do mais alto escal&atilde;o do Terceiro Reich, respons&aacute;vel pela expans&atilde;o do campo de Auschwitz. Herbert Bayer tamb&eacute;m foi um caso mais grave de associa&ccedil;&atilde;o ao regime.
O designer gr&aacute;fico que projetou a tipografia da Bauhaus fugiu da Alemanha no final da d&eacute;cada de 1930 para os Estados Unidos. De l&aacute;, ele fez p&ocirc;steres e folhetos enaltecendo as gl&oacute;rias da vida sob o regime nazista.
No entanto, de acordo com Weber, as hist&oacute;rias pessoais de uma minoria de Bauhaus n&atilde;o alteram o legado radical e duradouro da pr&oacute;pria escola, que se solidificou na hist&oacute;ria da modernidade e da constru&ccedil;&atilde;o da sociedade.

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Bauhaus: o legado da escola modernista perseguida pelo nazismo

Imagem de Sorveteiros vs. Traficantes: a guerra que preocupou Glasgow em 1984 no megacurioso

Na tentativa de promover negócios ilícitos, traficantes escoceses tornaram-se uma grande preocupação para as autoridades... e para os sorveteiros

Na d&eacute;cada de 1980, as ruas escocesas foram palco para um dos conflitos civis mais curiosos do s&eacute;culo XX: fac&ccedil;&otilde;es de traficantes de drogas entraram em confronto para deter o monop&oacute;lio das vans de sorvetes, consideradas um dos principais instrumentos log&iacute;sticos na &eacute;poca. O caso, que movimentou as autoridades de Glasgow e incluiu at&eacute; mesmo sorveteiros inocentes, culminou em um terr&iacute;vel assassinato que repercute at&eacute; os dias atuais, mas sem comprova&ccedil;&atilde;o alguma sobre o que realmente aconteceu.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16085832866037.jpg" alt="(Fonte: Flickr / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /> (Fonte: Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os esquemas de habita&ccedil;&atilde;o tiveram uma ascens&atilde;o tremenda no in&iacute;cio dos anos 1960 em Glasgow, na Esc&oacute;cia, garantindo um lar para moradores de baixa renda, por&eacute;m de forma subdesenvolvida e muitas vezes sem o necess&aacute;rio para boas condi&ccedil;&otilde;es de vida. Logo, as pessoas que viviam nos complexos passaram a depender de entregadores de vans, que comercializavam mantimentos, produtos de higiene, jornais e outros itens em modelo de delivery.
Rapidamente, a moda dos entregadores viralizou nas ruas escocesas, e os traficantes de drogas estavam entre os primeiros que encontraram um real potencial no neg&oacute;cio, especialmente pela possibilidade de impulsionar a distribui&ccedil;&atilde;o de il&iacute;citos sem gerar desconfian&ccedil;a da pol&iacute;cia ou de &oacute;rg&atilde;os de fiscaliza&ccedil;&atilde;o. Para isso, eles passaram a investir no mercado de caminh&otilde;es de&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119882-por-que-tomar-sorvete-ou-comer-doce-da-sede.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sorvete</a>, aliciando motoristas e vendedores m&oacute;veis para que seus contrabandos fossem realizados durante o hor&aacute;rio de expediente.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;9News&nbsp;" data-fonte-url="https://www.9news.com.au/world/glasgow-ice-cream-van-wars-andrew-doyle-joe-steele-tc-campbell-scotland-news/83d39728-f744-4148-b081-ca07d8982fc7"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18153918417439.jpg" alt="(Fonte: 9News)" />(Fonte: 9News)
Em poucos anos, a ind&uacute;stria ilegal alavancou no pa&iacute;s e estimulou a concorr&ecirc;ncia interna entre grupos rivais, que disputavam o monop&oacute;lio dos carrinhos de sorvete e chegavam a armar seus motoristas "afiliados", pois era comum encontrar vans sendo apedrejadas, destru&iacute;das ou queimadas na tentativa de defender os neg&oacute;cios e os interesses. Com as coisas esquentando e a for&ccedil;a-tarefa Serious Crimes Squad cada vez mais perdida diante da grande quantidade de casos ocorridos em poucos anos, tudo indicava uma tend&ecirc;ncia natural ao descontrole. E foi exatamente o que aconteceu em 1984.
<h2>O caso da fam&iacute;lia Doyle</h2>
Em fevereiro de 1984, quando o motorista da empresa Marchetti, Andrew Doyle, de 18 anos &mdash; tamb&eacute;m conhecido como "Fat Boy" &mdash;, se recusou a ceder &agrave; intimida&ccedil;&atilde;o de gangues que exigiam seu transporte como ferramenta de distribui&ccedil;&atilde;o de&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120161-embate-quais-sao-as-drogas-mais-poderosas-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">drogas</a>, o ve&iacute;culo foi alvo de tiros disparados por um agressor n&atilde;o identificado. Rapidamente, o jovem escoc&ecirc;s pisou no acelerador e partiu enquanto era atacado, sem saber que estava sendo seguido e que sua fam&iacute;lia acabaria envolvida no atentado.
&Agrave;s 2h da manh&atilde; de 16 de abril de 1984, a viol&ecirc;ncia atingiu seu auge quando o apartamento do &uacute;ltimo andar da fam&iacute;lia Doyle pegou fogo, como resultado de uma bomba de gasolina arremessada no local. Das nove pessoas que dormiam ali, apenas tr&ecirc;s sobreviveram: Andrew, seus irm&atilde;os Daniel e Anthony, sua irm&atilde; Christine, seu sobrinho Mark &mdash; com apenas 18 meses de idade &mdash; e seu pai, James, foram declarados como v&iacute;timas fatais.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16085627162033.jpg" alt="Joe Steele, julgado culpado pelo atentado aos Doyle. (Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Joe Steele, julgado culpado pelo atentado aos Doyle. (Fonte: Getty Images/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Pressionados para resolver o caso, os detetives escolheram Joe Steele e Thomas "TC" Campbell como os respons&aacute;veis pelo crime, ap&oacute;s descartarem outros cinco suspeitos e ouvirem as declara&ccedil;&otilde;es do motorista William Love, que confirmou ter escutado a dupla discutindo o inc&ecirc;ndio. E apesar de n&atilde;o existir qualquer evid&ecirc;ncia forense que relacionasse os dois com o caso, um mapa com um "X" na casa de Doyle encontrado na resid&ecirc;ncia de Campbell foi a pe&ccedil;a que levou &agrave; determina&ccedil;&atilde;o de <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117982-7-serial-killers-que-foram-assassinados-na-prisao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pris&atilde;o</a> perp&eacute;tua de ambos.
Nos anos seguintes, Steele fez um esfor&ccedil;o consider&aacute;vel para se provar inocente, realizando greves de fome, ensaiando fugas e se colando, literalmente, na grade do Pal&aacute;cio de Buckingham, como estrat&eacute;gia de liberdade de express&atilde;o. Foi ent&atilde;o que a altera&ccedil;&atilde;o repentina no depoimento de Love, que confirmou ter mentido anteriormente, reabriu o caso em 2001 e oficializou a libera&ccedil;&atilde;o de Steele e Campbell.
Em 2010, foi amplamente noticiado que o executor Gary Moore havia sido o mandante do assassinato da fam&iacute;lia Doyle; em seu leito de morte, ele confessou ter sido encoberto por seu primo, Gordon Ness. J&aacute; em 2019, Steele revelou ter conhecimento sobre quem ateara fogo na madrugada de 16 de abril: o antigo chefe do crime de Glasgow, Tam McGraw, foi o respons&aacute;vel por ordenar o inc&ecirc;ndio.

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Sorveteiros vs. traficantes: a guerra que preocupou Glasgow em 1984

Imagem de Saddam Hussein e a conturbada jornada para criação de uma superarma no megacurioso

A ambição do engenheiro Gerald Bull ganhou proporções trágicas

O gasto bilion&aacute;rio de recursos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120058-por-que-o-homem-nunca-mais-voltou-a-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&eacute; um dos motivos pelo qual o homem n&atilde;o fez mais viagens at&eacute; a Lua&nbsp;</a>desde o fim da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119953-como-foi-decidido-o-fim-da-corrida-espacial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Corrida Espacial</a>, em 1969. Tanto as miss&otilde;es tripuladas quanto n&atilde;o tripuladas foram feitas em foguetes de v&aacute;rios est&aacute;gios que se transformavam em escombros no oceano apenas para conseguir lan&ccedil;ar para fora da Terra um &ocirc;nibus espacial.
Foi pensando em minimizar os custos de produ&ccedil;&atilde;o e desperd&iacute;cio de dinheiro, em meados da d&eacute;cada de 1950, que surgiu o High Altitude Research Project, mais conhecido como Projeto HARP, realizado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Departamento de Defesa Nacional do Canad&aacute;.
O objetivo do HARP era criar uma esp&eacute;cie de canh&atilde;o muito grande para disparar uma c&aacute;psula lunar cheia de carga, como comida para astronautas ou combust&iacute;vel para sat&eacute;lites, a uma grande altitude e velocidade. A ideia era que o proj&eacute;til alcan&ccedil;asse a termosfera sozinho, ou pelo menos chegasse alto o suficiente para que um foguete integrado pudesse impulsion&aacute;-lo nos &uacute;ltimos quil&ocirc;metros para o espa&ccedil;o. Dessa forma, os cientistas esperavam eliminar a necessidade de foguetes imensos apenas para transportar material n&atilde;o vivo.
<h2>A receita para o desastre</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16190736541599.jpg" alt="Gerald Bull.(Fonte: Flying Things/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Gerald Bull. (Fonte: Flying Things/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi o engenheiro canadense e especialista em artilharia, Gerald Vincent Bull (1928-1990), o grande respons&aacute;vel por liderar o Projeto HARP, e seu envolvimento com ele foi uma perfeita &ldquo;receita para o desastre&rdquo; do in&iacute;cio ao fim.
Isso porque o caminho que Bull trilhou levou diretamente ao not&oacute;rio <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/117554-saddam-hussein-cometeu-o-roubo-a-banco-do-seculo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Saddam Hussein</a> (1937-2006), em meados de 1978, exatamente 11 anos ap&oacute;s o Canad&aacute; e os EUA retirarem seu financiamento do projeto idealizado pelo engenheiro.
A princ&iacute;pio, tudo come&ccedil;ou em 1960 com o Projeto Babil&ocirc;nia, um programa que visava a constru&ccedil;&atilde;o de uma s&eacute;rie de superarmas baseadas na pesquisa de Bull, encomendado por Hussein, ent&atilde;o Secret&aacute;rio da Defesa do Iraque. O engenheiro era considerado um dos maiores especialistas em artilharia do mundo, por&eacute;m seu desejo sempre foi lan&ccedil;ar sat&eacute;lites, n&atilde;o m&iacute;sseis.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16190847041601.jpg" alt="(Fonte: Wikimapia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimapia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No entanto, seu erro come&ccedil;ou quando ele decidiu apresentar seu projeto de superarma para o governo do Iraque, em vez de qualquer outra na&ccedil;&atilde;o do mundo. Mas Bull acreditava que o pa&iacute;s era o mais promissor em rela&ccedil;&atilde;o ao seu sonho de ver uma verdadeira arma espacial em a&ccedil;&atilde;o, visto que os projetos que trabalhou em HARP foram descartados.&nbsp;
Em 1970, a comunidade internacional h&aacute; muito havia abandonado a ideia, mas o engenheiro continuou de maneira t&atilde;o obcecada que chegou a criar uma empresa privada para financiar seu empreendimento.
Como foi apontado em uma mat&eacute;ria do The New York Times, sua empresa, Space Research Corporation, vendeu ilegalmente tecnologia de obuses e mais de 50 mil proj&eacute;teis de artilharia ao governo sul-africano, em uma &eacute;poca em que a &Aacute;frica do Sul estava sob embargo da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU). Por esse crime, Bull cumpriu 6 meses de pris&atilde;o, mas isso n&atilde;o o fez parar.
Hussein se interessou ainda mais pelo potencial militar apresentado no conceito do engenheiro, j&aacute; que dessa forma ele poderia fazer lan&ccedil;amento de sat&eacute;lites a baixo custo e atacar pa&iacute;ses vizinhos, como Ir&atilde; e Israel.
<h2>O erro fatal</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16190950619602.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Bull recebeu US$ 25 milh&otilde;es do governo iraquiano para come&ccedil;ar de vez o Projeto Babil&ocirc;nia de Hussein, que deveria produzir pelo menos tr&ecirc;s superarmas. E para ele, o engenheiro fabricou a menor arma do projeto, a Baby Babylon, e componentes para a Big Babylon, como um cano de canh&atilde;o com cerca de 170 metros de comprimento, que deveria ser grande o suficiente para disparar proj&eacute;teis de um metro de largura.
O engenheiro achava que o Iraque n&atilde;o usaria sua artilharia como arma porque era grande demais, por&eacute;m foi exatamente para essa finalidade que o governo aceitou sua proposta. As autoridades esperavam conseguir lan&ccedil;ar um proj&eacute;til que expelisse uma esp&eacute;cie de material pegajoso em um sat&eacute;lite espi&atilde;o ou qualquer outro instrumento do inimigo, deixando-o no escuro para qualquer ataque.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/16/16191101885604.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mas em 22 de mar&ccedil;o de 1990, Bull foi assassinado em seu apartamento em Bruxelas com um tiro no pesco&ccedil;o enquanto tentava entrar em casa. Segundo a Reuters, o homem tinha US$ 20 mil em dinheiro no bolso quando seu corpo foi encontrado. Os investigadores chegaram &agrave; conclus&atilde;o de que ele n&atilde;o foi morto por roubo, mas por outros motivos. Acredita-se que tenha sido obra de agentes do Mossad, o Servi&ccedil;o Secreto de Israel, tentando impedir o avan&ccedil;o da arma.
Ap&oacute;s sua morte, o Projeto Babil&ocirc;nia foi engavetado e perdeu a for&ccedil;a. Apenas duas semanas depois, o Iraque invadiu Kuwait para p&ocirc;r fim ao envolvimento do Ocidente com o regime iraquiano. No ano seguinte eclodiu a famosa Guerra do Golfo, que fez as Na&ccedil;&otilde;es Unidas destru&iacute;rem os componentes das armas criadas por Bull em tr&acirc;nsito pela Europa.

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Saddam Hussein e a conturbada jornada para criação de uma superarma

Imagem de A história da maior comunidade de japoneses fora do Japão no megacurioso

Japoneses encontraram no Brasil uma oportunidade para fugir do desemprego e da pobreza

O Jap&atilde;o, historicamente, permaneceu isolado do Ocidente por muitos s&eacute;culos. Em 1542, por exemplo, os primeiros navios mercantes de Portugal chegaram ao pa&iacute;s. Mas isso apenas fez que a na&ccedil;&atilde;o se fechasse ainda mais, especialmente porque n&atilde;o gostaram da presen&ccedil;a de jesu&iacute;tas tentando espalhar o cristianismo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/04/04090636671034.jpg" alt="(Fonte: Jap&atilde;o em Foco/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Jap&atilde;o em Foco/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mais de 200 anos depois, em 1853, Matthew C. Perry (1794-1858), um oficial naval dos Estados Unidos (EUA), acompanhado por uma frota de combatentes, conseguiu ancorar na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118627-7-fatos-curiosos-que-provam-que-o-japao-e-um-pais-unico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ba&iacute;a de T&oacute;quio</a> e for&ccedil;ar o pa&iacute;s a &ldquo;dar uma chance&rdquo; para o com&eacute;rcio com outros pa&iacute;ses.
Ainda assim, o Jap&atilde;o continuou firme na resolu&ccedil;&atilde;o de n&atilde;o permitir que nenhum japon&ecirc;s deixasse o lugar. Essa situa&ccedil;&atilde;o somente come&ccedil;ou a mudar em 1857, ano em que o imperador Meiji (1852-1912) chegou ao poder.
<h2 class="uk-text-justify">As reformas do imperador</h2>
Durante o seu reinado, entre 1864 e 1912, o imperador Meiji colocou em pr&aacute;tica uma s&eacute;rie de reformas que ficaram conhecidas como Revolu&ccedil;&atilde;o Meiji (de 1868 a 1900). Mudan&ccedil;as intensas foram feitas nos campos social, religioso, pol&iacute;tico, econ&ocirc;mico, educacional, entre outros.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/04/04085635264027.jpg" alt="Imperador Meiji. (Fonte: Academia do Reiki/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Imperador Meiji. (Fonte: Academia do Reiki/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Basicamente, o pa&iacute;s, naquela &eacute;poca com um regime democr&aacute;tico rec&eacute;m-iniciado, voltava-se para a abertura econ&ocirc;mica, especialmente liberando o acesso aos portos por estrangeiros. O intenso processo de urbaniza&ccedil;&atilde;o e de ocidentaliza&ccedil;&atilde;o que transformou o Jap&atilde;o em uma das maiores pot&ecirc;ncias do mundo teve in&iacute;cio nesse per&iacute;odo.
<h2 class="uk-text-justify">Moderniza&ccedil;&atilde;o japonesa</h2>
N&atilde;o demorou muito para que o Jap&atilde;o do imperador Meiji se tornasse um dos melhores e mais bem-sucedidos casos de moderniza&ccedil;&atilde;o de todo o Oriente. Isso deu poder ao pa&iacute;s, que, no final do XIX, fez incurs&otilde;es dominando territ&oacute;rios da China e da Coreia, bem como a Ilha Formosa &mdash; hoje, Taiwan.
J&aacute; no in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, a vit&oacute;ria militar do Jap&atilde;o contra os sovi&eacute;ticos fez que o pa&iacute;s come&ccedil;asse a ser visto como uma pot&ecirc;ncia imperialista militar. Al&eacute;m disso, tornou-se o principal rival econ&ocirc;mico dos EUA no Pac&iacute;fico.
<h2 class="uk-text-justify">Pobreza e desemprego</h2>
Por ocasi&atilde;o da Segunda Guerra Mundial, o pa&iacute;s j&aacute; tinha seus gigantescos conglomerados empresariais, como Mitsui e Mitsubishi. &nbsp;Contudo, mesmo sendo uma das maiores pot&ecirc;ncias mundiais da &eacute;poca, estava tendo problemas internos. A economia n&atilde;o ia bem, a pobreza aumentava nas zonas rurais e o desemprego n&atilde;o parava de subir.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/04/04090045374029.jpg" alt="(Fonte: About Japan/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: About Japan/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O povo n&atilde;o estava feliz, e diversos setores da sociedade criticavam o governo, principalmente devido &agrave; maneira como estava expandindo o dom&iacute;nio e a influ&ecirc;ncia do pa&iacute;s, ou seja, na base da for&ccedil;a militar.
Ent&atilde;o, o governo viu na imigra&ccedil;&atilde;o uma oportunidade onde todos ganhariam, tanto quem recebia os imigrantes quanto quem os enviava. Parecia ser uma ideia melhor do que as conquistas militares.&nbsp;
<h2 class="uk-text-justify">O Brasil como destino</h2>
Por aqui, faltava m&atilde;o de obra nas planta&ccedil;&otilde;es de caf&eacute;. O problema &eacute; que os p&eacute;ssimos sal&aacute;rios e as condi&ccedil;&otilde;es de trabalho nada decentes n&atilde;o agradaram os europeus. A situa&ccedil;&atilde;o foi t&atilde;o cr&iacute;tica que a It&aacute;lia proibiu aos seus cidad&atilde;os que viessem para o Brasil patrocinados pelo governo brasileiro. Com isso, a m&atilde;o de obra voltou a faltar nos cafezais.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/04/04085433279024.jpg" alt="(Fonte: BBC/ Getty Images/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BBC/ Getty Images/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Do outro lado do mundo, o Jap&atilde;o tentava lidar com a pobreza. Como o governo do pa&iacute;s queria mandar japoneses para o exterior, quem precisava de trabalho aproveitou a oportunidade. Muitos grupos se estabeleceram no Peru e no M&eacute;xico, mas foi nas planta&ccedil;&otilde;es de caf&eacute; de S&atilde;o Paulo que os imigrantes da "<a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/41972-por-que-o-japao-e-chamado-de-terra-do-sol-nascente-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">terra do sol nascente</a>" encontraram a prosperidade.
A vinda dos japoneses para o Brasil chegou ao &aacute;pice no fim dos anos 1920 e come&ccedil;o dos anos 1930. Contudo, o sentimento de avers&atilde;o &agrave; popula&ccedil;&atilde;o japonesa cresceu por aqui. Em 1934, Get&uacute;lio Vargas (1882-1954), impulsionado pelas pr&oacute;prias pol&iacute;ticas nacionalistas, restringiu a entrada de cidad&atilde;os do Jap&atilde;o no Brasil.
J&aacute; durante o Estado Novo (1937-1945), Vargas colocou em pr&aacute;tica uma s&eacute;rie de restri&ccedil;&otilde;es legais que afetavam a comunidade. O ano de 1942 &eacute; considerado a &eacute;poca em que a imigra&ccedil;&atilde;o japonesa para o Brasil teve fim. &nbsp;Nesse per&iacute;odo, havia por aqui cerca de 190 mil japoneses; atualmente, s&atilde;o mais de 2 milh&otilde;es &mdash; entre <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/107540-mais-15-provas-de-que-o-japao-e-um-dos-paises-mais-incriveis-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pessoas que nasceram no Jap&atilde;o&nbsp;</a>e seus descendentes em terras brasileiras.

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A história da maior comunidade de japoneses fora do Japão

Imagem de Como o Império do Japão quase importou judeus refugiados no megacurioso

Em 1930, Japão lançou o chamado Plano Fugu, que visava trazer centenas de refugiados para impulsionar a economia do país

Em um determinado per&iacute;odo da humanidade, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118335-igreja-catolica-ja-condenava-o-antissemitismo-em-1919.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">antissemitismo</a> crescia deliberadamente, e as comunidades judaicas eram amea&ccedil;adas em diversas partes do mundo. O mesmo era v&aacute;lido para o Jap&atilde;o, sobretudo dentro dos c&iacute;rculos militares e pol&iacute;ticos do pa&iacute;s que acreditavam que os judeus faziam parte de uma conspira&ccedil;&atilde;o para "dominar o mundo".
Por conta disso, o imp&eacute;rio japon&ecirc;s tinha uma estrat&eacute;gia em mente: o Plano Fugu, um esfor&ccedil;o generalizado para encorajar a imigra&ccedil;&atilde;o judaica para o territ&oacute;rio japon&ecirc;s antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a fim de impulsionar a prosperidade econ&ocirc;mica do pa&iacute;s. Dessa forma, eles poderiam utilizar o "inimigo" a seu favor.
<h2 class="uk-text-justify">Antissemitismo no Jap&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/01/01110147768128.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
O movimento antissemita passou a crescer no Oriente ap&oacute;s a chega do livro Os Protocolos dos S&aacute;bios de Si&atilde;o (1903), que pregava &oacute;dio aos judeus, pelas m&atilde;os do ex&eacute;rcito do General Grigory Semyonov, um l&iacute;der do movimento branco durante a Guerra Civil Russa.&nbsp;
Ap&oacute;s esse per&iacute;odo, a obra passou a fascinar o Major Norihiro Yasue, que era fluente em russo e um candidato natural para trabalhar para as for&ccedil;as japonesas como int&eacute;rprete e oficial de intelig&ecirc;ncia quando as tropas do pa&iacute;s partiram da China para o norte em 1918.&nbsp;
Yasue decidiu traduzir o livro para o japon&ecirc;s e passou a compartilh&aacute;-lo entre os militares. Muitos passaram a acreditar no conte&uacute;do antissemita e viam a viol&ecirc;ncia como medida necess&aacute;ria. Ao mesmo tempo, alguns oficiais questionavam esse tipo de comportamento e passaram a tra&ccedil;ar uma nova estrat&eacute;gia.
<h2 class="uk-text-justify">Origem do Plano Fugu</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/01/01110102409126.jfif" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
O Minist&eacute;rio de Rela&ccedil;&otilde;es Exteriores do Jap&atilde;o passou a ficar realmente interessado pela ideia de Yasue para controlar a popula&ccedil;&atilde;o judaica no pa&iacute;s. Ao longo da d&eacute;cada de 1930, a expans&atilde;o imperial do pa&iacute;s pela China e pelo Pac&iacute;fico tinham causado um isolamento diplom&aacute;tico, e os l&iacute;deres buscavam uma forma de recuperar uma influ&ecirc;ncia internacional.
Foi ent&atilde;o que as autoridades locais passaram a trabalhar com a ideia de trazer judeus refugiados para o pa&iacute;s para mant&ecirc;-los sob controle e faz&ecirc;-los trabalhar pelo benef&iacute;cio do Imp&eacute;rio. As tratativas estavam concentradas sobretudo no oficial da marinha Koreshige Inuzuka, que havia-se tornado uma conex&atilde;o militar com as comunidades judaicas que foram dominadas na China.&nbsp;
Inuzuka tinha como ideia levar milhares de judeus alem&atilde;es para a Manchuria, com a esperan&ccedil;a que eles ajudassem a controlar a f&uacute;ria da popula&ccedil;&atilde;o local com a m&atilde;o de obra barata. Em 1939, o militar publicou um artigo encorajando a chegada das comunidades judaicas em territ&oacute;rio japon&ecirc;s e escreveu aos seus superiores dizendo que "os judeus s&atilde;o como um fugu (baiacu); &eacute; muito delicioso, mas a menos que voc&ecirc; saiba bem como o cozinhar, pode ser fatal".
<h2 class="uk-text-justify">Derrocada da ideia</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Pearl_Harbor_attack#/media/File:USS_SHAW_exploding_Pearl_Harbor_Nara_80-G-16871_2.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/01/01110241675130.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Para Inuzuka, existia o conceito de que os judeus eram "criaturas venenosas", mas que poderiam ser usados para alcan&ccedil;ar as comunidades judaicas nos Estados Unidos, expandir a influ&ecirc;ncia japonesa no Ocidente e injetar capital na economia do pa&iacute;s. Os conspiracionistas tamb&eacute;m acreditavam que esses refugiados poderiam trazer mais informa&ccedil;&otilde;es sobre um eventual plano de "domina&ccedil;&atilde;o global".
Entretanto, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o Plano Fugu parecia se tornar algo completamente improv&aacute;vel. O governo japon&ecirc;s aparentava n&atilde;o estar disposto a gastar tanto dinheiro financiando a chegada de imigrantes, e os judeus refugiados pareciam criar maiores la&ccedil;os com os Estados Unidos, recusando aceitar o convite para se mudarem para outros pa&iacute;ses, e tudo teria ido para o fundo do po&ccedil;o com o ataque de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/112083-conheca-a-historia-do-pearl-harbor-brasileiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Pearl Harbor</a> em 1941.
Al&eacute;m disso, o Imp&eacute;rio do Jap&atilde;o acabou criando la&ccedil;os pol&iacute;ticos com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/59833-aliados-do-nazismo-ford-e-as-ideias-antissemitas-que-inspiraram-hitler.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Alemanha Nazista</a> durante o conflito armado. Sendo assim, qualquer plano que envolvia abrigar judeus alem&atilde;es refugiados poderia comprometer o bem-estar diplom&aacute;tico entre as duas na&ccedil;&otilde;es. Por fim, o Plano Fugu acabou nunca saindo do papel e ficou conhecido como apenas mais uma ideia bizarra daquele per&iacute;odo hist&oacute;rico.

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Como o Império do Japão quase importou judeus refugiados

Imagem de Quando o mundo quase entrou numa guerra nuclear em 1983 no megacurioso

A verdade é que quase ninguém sabia disso, e a dimensão do 'pânico de guerra de 1983' permaneceu em segredo por décadas

Durante as d&eacute;cadas da <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/102864-13-coisas-interessantes-que-voce-vai-curtir-saber-sobre-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a>, entre capitalismo e socialismo, conflitos armados ocorreram <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/103094-10-curiosidades-que-voce-talvez-desconheca-sobre-a-guerra-do-vietnam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">no Vietn&atilde;</a> e no Afeganist&atilde;o, al&eacute;m disso, houve a tens&atilde;o que foi a <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/90639-5-momentos-em-que-a-humanidade-quase-enfrentou-um-apocalipse-nuclear.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Crise dos M&iacute;sseis de Cuba</a>&nbsp;&mdash;&nbsp;o mais perto que chegamos de uma guerra entre as 2 superpot&ecirc;ncias. O que a maioria das pessoas n&atilde;o sabe &eacute; que um susto t&atilde;o grande quanto esse aconteceu em 1983.&nbsp;
Por&eacute;m, sabia-se pouco sobre o epis&oacute;dio, conhecido como "p&acirc;nico de guerra de 1983". Isso mudou depois que novos documentos foram, em 2021, divulgados pelo Escrit&oacute;rio de Hist&oacute;ria do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA) &mdash; quase 40 anos depois. Como se essa hist&oacute;ria n&atilde;o fosse curiosa o suficiente, parece que a guerra nuclear s&oacute; n&atilde;o explodiu porque tivemos sorte.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15195249439002.jpeg" alt="O exerc&iacute;cio de Able Archer era feito todos os anos, mas o de 1983 quase acabou em desastre (Imagem: Popular Mechanics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />O exerc&iacute;cio de Able Archer era feito todos os anos, mas o de 1983 quase acabou em desastre. (Imagem: Popular Mechanics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2 class="uk-text-justify">&Eacute; s&oacute; um exerc&iacute;cio &mdash; ou n&atilde;o...</h2>
Todos os anos, no in&iacute;cio de novembro, as for&ccedil;as militares da Organiza&ccedil;&atilde;o do Tratado do Atl&acirc;ntico Norte (Otan) realizavam o exerc&iacute;cio de Able Archer: simular um ataque comunista na Europa Ocidental, ao qual a Otan responderia com um ataque nuclear sobre a URSS e os pa&iacute;ses do Pacto de Vars&oacute;via. Em 1983, os mesmos exerc&iacute;cios seriam feitos na Europa.&nbsp;
At&eacute; a&iacute; tudo bem. Por&eacute;m, a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica (URSS) suspeitava que a Otan estava indo longe demais com esses exerc&iacute;cios militares &mdash; e que, em algum momento, poderia us&aacute;-los para fazer um ataque de verdade no bloco comunista. Depois do trauma de terem sido pegos de surpresa em 1941, os sovi&eacute;ticos n&atilde;o queriam cometer o mesmo erro.&nbsp;
Mas de onde eles tiraram essa paranoia de ataque ocidental? Al&eacute;m dos exerc&iacute;cios em si, que estavam ficando cada vez mais elaborados, a URSS achava que os EUA tinham vantagens estrat&eacute;gicas na Guerra Fria, que poderiam encoraj&aacute;-los a usar as bombas nucleares. Tamb&eacute;m n&atilde;o ajudou o pronunciamento de <a href="https://www.megacurioso.com.br/aliens/87982-sabia-que-a-urss-e-os-eua-tinham-um-trato-em-caso-de-invasao-alienigena.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ronald Reagan</a>&nbsp;(1911-2004),&nbsp;ent&atilde;o presidente dos EUA, dizendo que a URSS era o "imp&eacute;rio do mal", anunciando a cria&ccedil;&atilde;o de um sistema de defesa especial para impedir um ataque nuclear contra os EUA.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://en.wikipedia.org/wiki/Evil_Empire_speech#/media/File:41st_Annual_Convention_of_the_National_Association_of_Evangelicals.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15195610206003.jpg" alt="A&ccedil;&otilde;es de Ronald Reagan aumentaram a paranoia sovi&eacute;tica (Imagem: Wikimedia Commons)" />A&ccedil;&otilde;es de Ronald Reagan aumentaram a paranoia sovi&eacute;tica. (Imagem: Wikimedia Commons)
<h2 class="uk-text-justify">Cheguei, estou preparada para atacar</h2>
Os sovi&eacute;ticos podiam estar paranoicos, mas realmente tinham suas raz&otilde;es para acreditar que a guerra nuclear ia estourar a qualquer momento. Ent&atilde;o, quando o exerc&iacute;cio de Able Archer de 1983 se aproximou, eles trataram de se armar "at&eacute; os dentes".&nbsp;
Eles colocaram seus ca&ccedil;as na Alemanha Oriental em estado de alerta, refor&ccedil;aram os postos de comando em todo o bloco, suspenderam voos de rotina da For&ccedil;a A&eacute;rea Sovi&eacute;tica e colocaram uma bomba nuclear em cada esquadr&atilde;o de ca&ccedil;a-bombardeiros. Esses esquadr&otilde;es ficaram no n&iacute;vel de prontid&atilde;o 3, ou seja, se eles recebessem o sinal, era para atacar em 30 minutos.&nbsp;
Basicamente, os sovi&eacute;ticos estavam no maior clima de "se me atacar, eu vou atacar", "com a m&atilde;o co&ccedil;ando para apertar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117472-relogio-do-apocalipse-continua-marcando-100-segundos-para-o-fim.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bot&atilde;ozinho do apocalipse</a>"&nbsp;e iniciar a guerra de destrui&ccedil;&atilde;o da Terra.&nbsp;
<div dir="ltr" class="uk-text-justify">
<div dir="ltr">
<div data-e2e="image-placeholder">O neg&oacute;cio &eacute; que os americanos n&atilde;o sabiam de nada disso &mdash; por isso, &eacute; falado que no in&iacute;cio a guerra nuclear s&oacute; n&atilde;o aconteceu por sorte. Eles realizaram o exerc&iacute;cio de Able Archer na maior normalidade. At&eacute; que pr&oacute;ximo ao final, em 9 de novembro de 1983, a Ag&ecirc;ncia de Seguran&ccedil;a Nacional dos EUA recebeu uma informa&ccedil;&atilde;o estranha: um avi&atilde;o <a href="https://www.megacurioso.com.br/acontecimentos-historicos/46813-10-segredos-da-uniao-sovietica-que-voce-talvez-nao-saiba.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sovi&eacute;tico</a> pediu autoriza&ccedil;&atilde;o para tirar uma c&aacute;psula de seguran&ccedil;a porque teve um problema de peso e equil&iacute;brio.&nbsp;</div>
</div>
</div>
Isso s&oacute; podia ter um significado para o general Leonard H. Perroots: o avi&atilde;o carregava armas que nunca tinha carregado, ou seja, uma carga preparada para guerra.&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15194516745000.jpg" alt="Os ca&ccedil;as sovi&eacute;ticos estavam prontos para atacar, em novembro de 1983 (Imagem: Wikimedia Commons)" />Os ca&ccedil;a-sovi&eacute;ticos estavam prontos para ataca em novembro de 1983. (Imagem: Wikimedia Commons)
<h2 class="uk-text-justify">Pode ficar de boa, chefia!</h2>
Perroots contou a situa&ccedil;&atilde;o para o general Billy Minter, comandante da For&ccedil;a A&eacute;rea dos EUA na Europa. Ele, ent&atilde;o, perguntou se os americanos deveriam reagir. Perroots disse que n&atilde;o havia informa&ccedil;&otilde;es suficientes para aumentar o estado de alerta e falou que ia continuar monitorando os movimentos sovi&eacute;ticos.
A quest&atilde;o &eacute; que Perroots n&atilde;o sabia que os inimigos realmente estavam prontos para uma guerra. Isso s&oacute; foi entendido depois que o agente Oleg Gordievski desertou para o Ocidente e contou tudo. Em um relat&oacute;rio entregue anos depois e divulgado s&oacute; agora em 2021, Perroots diz que a sua resposta poderia ter sido diferente se ele soubesse dos planos sovi&eacute;ticos.
Os americanos conclu&iacute;ram os exerc&iacute;cios de Able Archer "tranquilamente", e isso evitou que a URSS colocasse seus planos de ataque em pr&aacute;tica. A ideia de Perroots de esperar mais informa&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m foi essencial para evitar a explos&atilde;o da guerra. Todas as decis&otilde;es foram tomadas por instinto, e n&atilde;o com base em informa&ccedil;&otilde;es concretas.
Se qualquer um dos lados estivesse andando 1 mil&iacute;metro fora da linha ou tomado uma decis&atilde;o diferente, a guerra nuclear teria come&ccedil;ado.

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Quando o mundo quase entrou em uma guerra nuclear em 1983

Imagem de Projeto Plutão: a arma mais destrutiva criada pelos EUA no megacurioso

A corrida armamentista que foi a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119421-aos-10-anos-samantha-smith-tentou-acabar-com-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a> j&aacute; havia come&ccedil;ado quando a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica realizou seu primeiro teste de armas at&ocirc;micas, em 29 de agosto de 1949, desbancando o ent&atilde;o poderio dos Estados Unidos, que amea&ccedil;ava o mundo ap&oacute;s a destrui&ccedil;&atilde;o que causou com sua <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119302-taramae-e-matsuo-duas-sobreviventes-de-hiroshima-e-nagasaki.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Little Boy e Fat Man&nbsp;</a>no Jap&atilde;o.
Esse movimento sovi&eacute;tico s&oacute; serviu para ambas as na&ccedil;&otilde;es trabalharem sem descanso no desenvolvimento de novas armas e capacidades que fossem poderosas o suficiente para manter a oposi&ccedil;&atilde;o sob controle &mdash; levando o mundo a acreditar que um terceiro conflito global, ou a destrui&ccedil;&atilde;o da civiliza&ccedil;&atilde;o, fosse acontecer naquele per&iacute;odo.
Ap&oacute;s as <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119216-os-horrores-do-bombardeio-mortal-de-toquio-em-1945.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bombas lan&ccedil;adas em solo japon&ecirc;s</a> mudarem o cen&aacute;rio geopol&iacute;tico para sempre, os Estados Unidos se adiantaram para criar <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115935-castle-bravo-a-maior-bomba-nuclear-ja-detonada-pelos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">armas termonucleares</a> mais potentes, novos m&eacute;todos de lan&ccedil;amentos e m&iacute;sseis bal&iacute;sticos, temendo o avan&ccedil;o dos sovi&eacute;ticos.&nbsp;
<h2>Ousado e destrutivo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14183944878423.jpg" alt="(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi assim que o governo dos EUA criou o Projeto Plut&atilde;o para desenvolver motores ramjet (um tipo de motor a jato) movidos a energia nuclear para uso em m&iacute;sseis de cruzeiro. Em 1&ordm; de janeiro de 1957, a For&ccedil;a A&eacute;rea dos EUA e a Comiss&atilde;o de Energia At&ocirc;mica selecionaram o Laborat&oacute;rio de Radia&ccedil;&atilde;o Lawrence para estudar a viabilidade de aplicar o combust&iacute;vel de reatores nucleares em motores a jato.
O projeto ficou nas m&atilde;os do Dr. Theodore Charles Merkle, respons&aacute;vel por administrar o programa M&iacute;ssil Supers&ocirc;nico de Baixa Altitude (SLAM). Com a propuls&atilde;o nuclear, o alcance era praticamente infinito, e estimava-se que um m&iacute;ssil SLAM voaria cerca de 180 mil quil&ocirc;metros ou mais antes que seu combust&iacute;vel se esgotasse &mdash; o equivalente a quatro voltas e meia ao redor do globo.
O ramjet nuclear era projetado para puxar o ar da frente do ve&iacute;culo enquanto ele voava em alta velocidade, criando uma quantidade significativa de press&atilde;o. O <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119408-chicago-pile-1-o-primeiro-reator-nuclear-construido-pelo-homem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">reator nuclear</a> ent&atilde;o superaquecia o ar e o expulsava pela parte de tr&aacute;s, criando a propuls&atilde;o que at&eacute; hoje &eacute; vista em alguns aparelhos hipers&ocirc;nicos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184030519424.jpg" alt="(Fonte: Sandboxx/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Sandboxx/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os reatores que compunham o SLAM produziriam mais de 500 megawatts de pot&ecirc;ncia e operaria a uma temperatura escaldante de 2,5 mil &deg;C, chegando a comprometer a integridade estrutural das ligas met&aacute;licas projetadas para suportar altas quantidades de calor. Foi por isso que as pe&ccedil;as internas de metal foram substitu&iacute;das pelas de cer&acirc;mica.
Os projetistas do m&iacute;ssil teorizaram que uma pessoa poderia morrer s&oacute; de ver um jato de for&ccedil;a nuclear passar voando sobre sua cabe&ccedil;a, de t&atilde;o barulhento que era. Al&eacute;m disso, se a pessoa conseguisse sobreviver, ent&atilde;o a radia&ccedil;&atilde;o gama e os n&ecirc;utrons do reator n&atilde;o blindado lan&ccedil;ando fragmentos de fiss&atilde;o pelo ar, faria isso.
Ou seja, era imposs&iacute;vel voar com o SLAM sobre territ&oacute;rio aliado ou inimigo.
<h2>Tripla destrui&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184151238425.jpg" alt="(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mas os m&iacute;sseis SLAM do Projeto Plut&atilde;o se tornaram praticamente apocal&iacute;pticos tamb&eacute;m pela carga &uacute;til que carregaria. Diferente dos m&iacute;sseis de cruzeiro, projetados com um sistema de propuls&atilde;o destinado a carregar uma s&oacute; ogiva at&eacute; seu alvo, o SLAM transportaria uma ogiva e mais 16 bombas de hidrog&ecirc;nio que poderia lan&ccedil;ar ao longo de seu caminho at&eacute; seu alvo.
No final das contas, a amea&ccedil;a aos sovi&eacute;ticos seria imensa: um m&iacute;ssil que chovia radia&ccedil;&atilde;o ao longo do seu caminho, matando quem o visse, destruindo tudo com o poder de seu som, despejando bombas mortais at&eacute; selar o inferno que teria criado quando se chocasse.
Com todo esse n&iacute;vel de destrui&ccedil;&atilde;o, testar o m&iacute;ssil se tornou uma tarefa dif&iacute;cil, visto que, assim que o reator fosse acionado, ele continuaria funcionando at&eacute; atingir seu alvo ou exaurir seu combust&iacute;vel &mdash; al&eacute;m da destrui&ccedil;&atilde;o que provocaria ao redor.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184255206427.jpg" alt="(Fonte: Ars Technica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ars Technica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi em 14 de maio de 1961 que os engenheiros acionaram o motor em um vag&atilde;o de trem por apenas alguns segundos. Uma semana depois, um segundo teste foi rodado para o sistema funcionar por 5 minutos. Esses foram os &uacute;nicos testes feitos em larga escala durante todo o Projeto Plut&atilde;o, por medo de algo dar errado durante o processo.
Felizmente, os misseis SLAM nunca deixaram o solo, pois o programa foi cancelado em 1&ordm; de julho de 1964 por v&aacute;rias raz&otilde;es, que foram do desenvolvimento de m&iacute;sseis bal&iacute;sticos intercontinentais ao potencial destrutivo da arma quando lan&ccedil;ada.
As autoridades norte-americanas tamb&eacute;m temiam a retalia&ccedil;&atilde;o sovi&eacute;tica em uma propor&ccedil;&atilde;o ainda pior do que aquela, visto que eles tinham intelig&ecirc;ncia e capacidade suficiente para tanto, pois nunca ficaram atr&aacute;s no quesito armamento. No final das contas, era melhor n&atilde;o arriscar.

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