Artes/cultura
08/11/2021 às 06:30•3 min de leitura
O Japão, historicamente, permaneceu isolado do Ocidente por muitos séculos. Em 1542, por exemplo, os primeiros navios mercantes de Portugal chegaram ao país. Mas isso apenas fez que a nação se fechasse ainda mais, especialmente porque não gostaram da presença de jesuítas tentando espalhar o cristianismo.
(Fonte: Japão em Foco/ Reprodução)
Mais de 200 anos depois, em 1853, Matthew C. Perry (1794-1858), um oficial naval dos Estados Unidos (EUA), acompanhado por uma frota de combatentes, conseguiu ancorar na Baía de Tóquio e forçar o país a “dar uma chance” para o comércio com outros países.
Ainda assim, o Japão continuou firme na resolução de não permitir que nenhum japonês deixasse o lugar. Essa situação somente começou a mudar em 1857, ano em que o imperador Meiji (1852-1912) chegou ao poder.
Durante o seu reinado, entre 1864 e 1912, o imperador Meiji colocou em prática uma série de reformas que ficaram conhecidas como Revolução Meiji (de 1868 a 1900). Mudanças intensas foram feitas nos campos social, religioso, político, econômico, educacional, entre outros.
Imperador Meiji. (Fonte: Academia do Reiki/ Reprodução)
Basicamente, o país, naquela época com um regime democrático recém-iniciado, voltava-se para a abertura econômica, especialmente liberando o acesso aos portos por estrangeiros. O intenso processo de urbanização e de ocidentalização que transformou o Japão em uma das maiores potências do mundo teve início nesse período.
Não demorou muito para que o Japão do imperador Meiji se tornasse um dos melhores e mais bem-sucedidos casos de modernização de todo o Oriente. Isso deu poder ao país, que, no final do XIX, fez incursões dominando territórios da China e da Coreia, bem como a Ilha Formosa — hoje, Taiwan.
Já no início do século XX, a vitória militar do Japão contra os soviéticos fez que o país começasse a ser visto como uma potência imperialista militar. Além disso, tornou-se o principal rival econômico dos EUA no Pacífico.
Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o país já tinha seus gigantescos conglomerados empresariais, como Mitsui e Mitsubishi. Contudo, mesmo sendo uma das maiores potências mundiais da época, estava tendo problemas internos. A economia não ia bem, a pobreza aumentava nas zonas rurais e o desemprego não parava de subir.
(Fonte: About Japan/ Reprodução)
O povo não estava feliz, e diversos setores da sociedade criticavam o governo, principalmente devido à maneira como estava expandindo o domínio e a influência do país, ou seja, na base da força militar.
Então, o governo viu na imigração uma oportunidade onde todos ganhariam, tanto quem recebia os imigrantes quanto quem os enviava. Parecia ser uma ideia melhor do que as conquistas militares.
Por aqui, faltava mão de obra nas plantações de café. O problema é que os péssimos salários e as condições de trabalho nada decentes não agradaram os europeus. A situação foi tão crítica que a Itália proibiu aos seus cidadãos que viessem para o Brasil patrocinados pelo governo brasileiro. Com isso, a mão de obra voltou a faltar nos cafezais.
(Fonte: BBC/ Getty Images/ Reprodução)
Do outro lado do mundo, o Japão tentava lidar com a pobreza. Como o governo do país queria mandar japoneses para o exterior, quem precisava de trabalho aproveitou a oportunidade. Muitos grupos se estabeleceram no Peru e no México, mas foi nas plantações de café de São Paulo que os imigrantes da "terra do sol nascente" encontraram a prosperidade.
A vinda dos japoneses para o Brasil chegou ao ápice no fim dos anos 1920 e começo dos anos 1930. Contudo, o sentimento de aversão à população japonesa cresceu por aqui. Em 1934, Getúlio Vargas (1882-1954), impulsionado pelas próprias políticas nacionalistas, restringiu a entrada de cidadãos do Japão no Brasil.
Já durante o Estado Novo (1937-1945), Vargas colocou em prática uma série de restrições legais que afetavam a comunidade. O ano de 1942 é considerado a época em que a imigração japonesa para o Brasil teve fim. Nesse período, havia por aqui cerca de 190 mil japoneses; atualmente, são mais de 2 milhões — entre pessoas que nasceram no Japão e seus descendentes em terras brasileiras.