Artes/cultura
24/11/2021 às 12:00•2 min de leitura
Fundada em 12 de abril de 1919, em Weimar, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, pelo arquiteto alemão Walter Gropius, a Bauhaus foi um símbolo ao se tornar uma das maiores e mais importantes escolas do Modernismo.
Combinando arquitetura, artesanato e uma academia de artes, esse objetivo a colocou no centro de uma série de conflitos internos e externos que moldaram sua trajetória pela Alemanha. Subsidiada pela República Weimar, a escola viveu seu apogeu de 1925 a 1932 na cidade de Dassau, onde deixou sua marca em quase todos os edifícios erguidos por ela, agora considerados ícones da arquitetura do século XX.
(Fonte: Facing History/Reprodução)
Responsável por formar a sociedade moderna, Bauhaus foi forçada a deixar a cidade de Weimar por motivos políticos, após uma mudança nos quadros do governo, e chegou em 1925 em Dassau por sua política de esquerda, após uma competição com outras cidades, como Frankfurt e Magdeburg.
Quando o modernismo encontrou o nazismo emergente na Berlim de 1932 sob o recém-implantado governo de Adolf Hitler, a perseguição começou. Vinte anos antes, os nazistas se opuseram ao que Bauhaus pregava, condenando que o movimento era sintoma de uma “doença disseminada por judeus e comunistas que contaminava o corpo político alemão”.
(Fonte: Exibart/Reprodução)
Portanto, quando Hitler ascendeu, a escola foi considerada uma forte frente comunista de progresso, principalmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam no local. Em 1933, após muitos conflitos, Bauhaus foi finalmente fechada pelos nazistas sob alegações de que a instituição era um “terreno fértil para o bolchevismo cultural”.
Em encontro com Alfred Rosenberg, então Ministro da Cultura, Mies van der Rohe, diretor da escola, ouviu que o governo apoiaria a continuação dela apenas se fosse abandonado o modernismo e se tornasse uma ferramenta de propaganda do Terceiro Reich. Van der Rohe decidiu permanecer com as portas fechadas.
(Fonte: Bauhaus Kooperation/Reprodução)
Foi então que começou todo o processo de perseguição e exílio por parte de todos os envolvidos com Bauhaus, porque o governo nazista foi implacável com todos que se recusaram a sucumbir as suas vontades.
O legado da escola, no entanto, foi aproveitado de maneira obscura pelo nazismo, bem como tudo legítimo que existiu antes da dominação hitlerista. Em 2019, Nicholas Fox Weber, diretor-executivo da Fundação Josef e Anni Albers, visitou uma exposição no Museu Novo (Berlim, Alemanha), cujo tema era Franz Ehrlich, um ex-aluno da Bauhaus que foi preso como comunista pelos nazistas e enviado para Buchenwald.
(Fonte: The Times of Israel/Reprodução)
Ele só sobreviveu devido a sua experiência em design, sendo contratado para projetar partes do campo de concentração, incluindo os notórios portões que sustentam o provérbio alemão “A cada um o seu”, que se refere a um antigo ideal de justiça.
As letras sem serifa eram completamente modernistas para época, e sua elegância não combinava com os horrores que aconteceram atrás daqueles portões.
Até hoje não se sabe exatamente se Ehrlich cooperou por desespero para sobreviver, se foi um ato oportunista ou, como mencionado na exposição, um ato heroico de resistência. A maioria dos historiadores concorda que o designer nunca se identificou com a ideologia nazista.
No entanto, outros graduados pela Bauhaus, como Fritz Ertl, se tornou arquiteto do mais alto escalão do Terceiro Reich, responsável pela expansão do campo de Auschwitz. Herbert Bayer também foi um caso mais grave de associação ao regime.
O designer gráfico que projetou a tipografia da Bauhaus fugiu da Alemanha no final da década de 1930 para os Estados Unidos. De lá, ele fez pôsteres e folhetos enaltecendo as glórias da vida sob o regime nazista.
No entanto, de acordo com Weber, as histórias pessoais de uma minoria de Bauhaus não alteram o legado radical e duradouro da própria escola, que se solidificou na história da modernidade e da construção da sociedade.