Saddam Hussein e a conturbada jornada para criação de uma superarma

19/11/2021 às 04:003 min de leitura

O gasto bilionário de recursos é um dos motivos pelo qual o homem não fez mais viagens até a Lua desde o fim da Corrida Espacial, em 1969. Tanto as missões tripuladas quanto não tripuladas foram feitas em foguetes de vários estágios que se transformavam em escombros no oceano apenas para conseguir lançar para fora da Terra um ônibus espacial.

Foi pensando em minimizar os custos de produção e desperdício de dinheiro, em meados da década de 1950, que surgiu o High Altitude Research Project, mais conhecido como Projeto HARP, realizado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Departamento de Defesa Nacional do Canadá.

O objetivo do HARP era criar uma espécie de canhão muito grande para disparar uma cápsula lunar cheia de carga, como comida para astronautas ou combustível para satélites, a uma grande altitude e velocidade. A ideia era que o projétil alcançasse a termosfera sozinho, ou pelo menos chegasse alto o suficiente para que um foguete integrado pudesse impulsioná-lo nos últimos quilômetros para o espaço. Dessa forma, os cientistas esperavam eliminar a necessidade de foguetes imensos apenas para transportar material não vivo.

A receita para o desastre

Gerald Bull.(Fonte: Flying Things/Reprodução)Gerald Bull. (Fonte: Flying Things/Reprodução)

Foi o engenheiro canadense e especialista em artilharia, Gerald Vincent Bull (1928-1990), o grande responsável por liderar o Projeto HARP, e seu envolvimento com ele foi uma perfeita “receita para o desastre” do início ao fim.

Isso porque o caminho que Bull trilhou levou diretamente ao notório Saddam Hussein (1937-2006), em meados de 1978, exatamente 11 anos após o Canadá e os EUA retirarem seu financiamento do projeto idealizado pelo engenheiro.

A princípio, tudo começou em 1960 com o Projeto Babilônia, um programa que visava a construção de uma série de superarmas baseadas na pesquisa de Bull, encomendado por Hussein, então Secretário da Defesa do Iraque. O engenheiro era considerado um dos maiores especialistas em artilharia do mundo, porém seu desejo sempre foi lançar satélites, não mísseis.

(Fonte: Wikimapia/Reprodução)(Fonte: Wikimapia/Reprodução)

No entanto, seu erro começou quando ele decidiu apresentar seu projeto de superarma para o governo do Iraque, em vez de qualquer outra nação do mundo. Mas Bull acreditava que o país era o mais promissor em relação ao seu sonho de ver uma verdadeira arma espacial em ação, visto que os projetos que trabalhou em HARP foram descartados. 

Em 1970, a comunidade internacional há muito havia abandonado a ideia, mas o engenheiro continuou de maneira tão obcecada que chegou a criar uma empresa privada para financiar seu empreendimento.

Como foi apontado em uma matéria do The New York Times, sua empresa, Space Research Corporation, vendeu ilegalmente tecnologia de obuses e mais de 50 mil projéteis de artilharia ao governo sul-africano, em uma época em que a África do Sul estava sob embargo da Organização das Nações Unidas (ONU). Por esse crime, Bull cumpriu 6 meses de prisão, mas isso não o fez parar.

Hussein se interessou ainda mais pelo potencial militar apresentado no conceito do engenheiro, já que dessa forma ele poderia fazer lançamento de satélites a baixo custo e atacar países vizinhos, como Irã e Israel.

O erro fatal

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Bull recebeu US$ 25 milhões do governo iraquiano para começar de vez o Projeto Babilônia de Hussein, que deveria produzir pelo menos três superarmas. E para ele, o engenheiro fabricou a menor arma do projeto, a Baby Babylon, e componentes para a Big Babylon, como um cano de canhão com cerca de 170 metros de comprimento, que deveria ser grande o suficiente para disparar projéteis de um metro de largura.

O engenheiro achava que o Iraque não usaria sua artilharia como arma porque era grande demais, porém foi exatamente para essa finalidade que o governo aceitou sua proposta. As autoridades esperavam conseguir lançar um projétil que expelisse uma espécie de material pegajoso em um satélite espião ou qualquer outro instrumento do inimigo, deixando-o no escuro para qualquer ataque.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Mas em 22 de março de 1990, Bull foi assassinado em seu apartamento em Bruxelas com um tiro no pescoço enquanto tentava entrar em casa. Segundo a Reuters, o homem tinha US$ 20 mil em dinheiro no bolso quando seu corpo foi encontrado. Os investigadores chegaram à conclusão de que ele não foi morto por roubo, mas por outros motivos. Acredita-se que tenha sido obra de agentes do Mossad, o Serviço Secreto de Israel, tentando impedir o avanço da arma.

Após sua morte, o Projeto Babilônia foi engavetado e perdeu a força. Apenas duas semanas depois, o Iraque invadiu Kuwait para pôr fim ao envolvimento do Ocidente com o regime iraquiano. No ano seguinte eclodiu a famosa Guerra do Golfo, que fez as Nações Unidas destruírem os componentes das armas criadas por Bull em trânsito pela Europa.

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