Mistérios
28/11/2021 às 09:00•3 min de leitura
A segunda metade do século XX ficou marcada pela busca de dois títulos: qual país seria responsável por produzir a maior bomba nuclear da história e qual teria o poderio da Lua. Uma coisa levou a outra para que isso fosse possível, visto que a Corrida Espacial foi, em sua essência, uma disputa de tecnologia armamentista.
Só em 1945, considerado o início do Período Atômico, foram detonados mais de 2 mil dispositivos nucleares por pelo menos 8 nações no mundo, principalmente nos atóis do oceano Pacífico e em algumas partes do Cazaquistão.
Em meio à Guerra Fria de busca implacável, pesquisadores norte-americanos procuraram maneiras de militarizar a Lua, e esse pensamento persistiu até o início da década de 1990. A ideia teria surgido com a pergunta: o que aconteceria se atacássemos a Lua com uma bomba nuclear?
(Fonte: Daily Mail/Reprodução)
O objetivo de militarizar a Lua significava construir bases militares em seu solo com a intenção declarada de determinar que o satélite da Terra poderia oferecer a uma nação com armas nucleares. Além disso, seria uma ótima maneira de fazer os soviéticos "comerem poeira" naquela corrida que os americanos estavam perdendo com o recente lançamento do bem-sucedido satélite Sputnik, em 1957.
Por outro lado, a União Soviética teve a "brilhante" ideia de militarizar a Lua — o que certamente teria feito, se tivesse chegado lá primeiro. Mas o que aconteceria se a Lua fosse detonada?
(Fonte: PBS/Reprodução)
O estudo encomendado pela Força Aérea dos Estados Unidos em 1950 mostrou que o objetivo era projetar uma ogiva termonuclear de 100 megatoneladas, duas vezes mais poderosa que a bomba Czar, detonada em outubro de 1961 pelos soviéticos, contendo 50 megatons.
A explosão aconteceu em uma ilha desabitada perto do Círculo Polar Ártico, a 4 mil metros do chão, e seu clarão foi visto a mais de 965 quilômetros de distância, com pessoas sentindo o calor a 250 quilômetros do marco zero. De acordo com o Live Science, o resultado de uma explosão da Lua seria diferente devido a sua atmosfera única, porém o estrago seria imenso.
(Fonte: ArtStation/Reprodução)
Visto que a Lua não tem uma atmosfera para oferecer um escudo contra uma detonação, a Terra seria diretamente afetada pela explosão, apesar de sua distância. "Quando uma arma nuclear é detonada perto da superfície da Terra, a densidade do ar é suficiente para atenuar a radiação (nêutrons e raios gama) a tal ponto que os efeitos dessas radiações são geralmente menos importantes que os da explosão e da radiação térmica", explica um artigo da NASA.
O texto segue descrevendo que a explosão de uma arma nuclear no vácuo, sem uma atmosfera para manter tudo sob controle, emitiria radiação de alta frequência térmica, a precipitação da qual só poderia ser mitigada pela distância física, porque não haveria ar que a onda de choque pudesse aquecer.
Em 9 de julho de 1962, a NASA lançou o Starfish Prime, um dos cinco testes nucleares projetados para estudar armas atômicas no espaço sideral inferior, e foi contabilizado que outros testes nucleares de alta altitude realizados na Terra já criaram um cinturão artificial de destruição radioativa que devastou um terço de todos os satélites em órbitas inferiores.
A explosão nuclear da Lua não só mataria de radiação qualquer astronauta em órbita, visto que não haveria uma distância segura do evento para visualização, como também causaria um terremoto de magnitude 7 na escala Richter em toda a Terra ao mesmo tempo — já que a Lua é muito menor que o planeta.
(Fonte: PaulingBlog/Reprodução)
O impacto da bomba formaria no solo lunar uma cratera, erguendo até 100 milhões de m³ de poeira e rochas, que seriam lançados em direções diferentes. Sem nenhuma atmosfera para desacelerar, esses micrometeoritos atingiriam satélites e naves antes de chover na Terra.
Segundo o INSH, seria necessária uma bomba muito maior que 100 megatons para perturbar a órbita da Lua, mais especificamente uma equivalente a 10 trilhões de megatons de TNT. Só essa força empurraria o satélite natural para longe de nosso planeta, causando estragos irreversíveis pelo caminho.
A Terra então ficaria exposta a meteoros gigantes; toda a vida marinha morreria sem as influências lunares; não existiriam mais estações do ano; as noites seriam totalmente escuras; não haveria mais marés, tampouco eixo de rotação estável do planeta.
O mais bizarro de tudo isso é imaginar que, naquela época, nem todo mundo pensava que a destruição do satélite natural da Terra fosse mudar algo.