Imagem de Por que Mary Bell, aos 11 anos, cometeu um assassinato? no megacurioso

Talvez ela seja a resposta para a pergunta: 'as pessoas nascem más?'

Apesar de ter sido atribu&iacute;do a ela o t&iacute;tulo de &ldquo;a garota psicopata&rdquo;, &eacute; necess&aacute;rio entender a hist&oacute;ria de Mary Bell antes de compar&aacute;-la, por exemplo, com <a href="https://www.megacurioso.com.br/comportamento/39167-conheca-alguns-dos-assassinos-mais-jovens-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Jon Venables</a> e Robert Thompson, duas crian&ccedil;as de apenas 10 anos que assassinaram o pequeno James Bulger por pura divers&atilde;o em fevereiro de 1993, em Liverpool, Reino Unido.
O trauma e a falta de amor assombraram Mary Flora Bell desde que ela nasceu em Newcastle, na Inglaterra, em 26 de maio de 1957. Sua m&atilde;e, Betty McCrickett, aos 17 anos, gritou para que os m&eacute;dicos tirassem Bell de sua frente logo que ela saiu de seu ventre. A partir desse momento, ela tentou se desfazer da filha de todas as maneiras poss&iacute;veis, tentando do&aacute;-la para estranhos na rua, para amigos, vizinhos e parentes. Desesperada, Betty chegou a ponto de oferecer dinheiro para que ficassem com a crian&ccedil;a.
Sem sucesso em se livrar de Bell, a jovem engatou em uma jornada de tentar mat&aacute;-la. Ela fez isso quatro vezes, sendo que em tr&ecirc;s dessas tentativas a irm&atilde; mais velha de Betty se mostrou dispon&iacute;vel para adotar a pequena Bell, pelo menos at&eacute; que Betty terminasse a escola. No entanto, a jovem n&atilde;o aceitou porque a perturbava o fato de que sua filha fosse bem cuidada e feliz.
<h2>Destruindo Bell</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRR9AOPctKYCaJ8yWDm3Dq9Kl8rNecxDfDkrggS15j4NpaWNg9_6Bhc3qp16ANDv96aP58&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192326180413.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Naquela &eacute;poca, Betty era uma garota de programa, que chegou a se casar com o traficante de drogas Billy Bell. Estima-se que pelo menos dos 4 aos 8 anos de idade, Bell foi oferecida aos clientes da m&atilde;e para que eles a estuprassem. A jovem cobrava uma quantia maior para que os homens fizessem o que bem entendessem com o corpo da filha. Al&eacute;m disso, Bell frequentemente se envolvia em &ldquo;acidentes&rdquo;, como cair de uma janela e ter uma overdose de comprimidos para dormir.
No livro Por Que as Crian&ccedil;as Matam &ndash; A Hist&oacute;ria de Mary Bell, ela relatou para a autora Gitta Sereny que s&oacute; se lembra de cenas confusas do que acontecia no quarto, com homens pelados, chicotes que a m&atilde;e usava e vendas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192516598414.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Esses dois fatores foram essenciais para moldar a personalidade de Bell. Seu padrasto, Billy, era a &uacute;nica pessoa com quem a garota se dava bem, apesar de ele oprimi-la psicologicamente e ench&ecirc;-la com discursos antigovernamentais, alegando que a pol&iacute;cia e os professores eram os verdadeiros inimigos, dos quais ela deveria se manter longe. Foi com Billy que Bell aprendeu que a pior coisa que poderia fazer era matar um policial e, como o homem j&aacute; tinha sido preso uma vez, ela achava isso incr&iacute;vel.
O processo de hostiliza&ccedil;&atilde;o dos professores e das autoridades foi praticamente imediato. Bell acreditava que agindo assim ela teria o m&iacute;nimo de admira&ccedil;&atilde;o de seu padrasto. Aos 10 anos de idade, a garota havia se tornado uma pessoa retra&iacute;da, descrita como c&iacute;nica e manipuladora, e parecia sempre estar &agrave; beira de qualquer ato de viol&ecirc;ncia.
<h2>Os dois garotos</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192636379415.jpg" alt="Martin Brown. (Fonte: Chronicle Live/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Martin Brown. (Fonte: Chronicle Live/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na manh&atilde; de s&aacute;bado de 25 de maio de 1968, o menino Martin Brown, de apenas 4 anos, olhos azuis e cabelos loiros, colocou sua capa de chuva e se despediu da m&atilde;e para ir brincar. Aproximadamente 15h30, ele foi encontrado morto&nbsp;por 3 garotos que procuravam lenha no quarto dos fundos de uma casa abandonada. Brown estava de barriga para cima, e a sua boca ensanguentada.
A aut&oacute;psia do cad&aacute;ver n&atilde;o revelou nenhuma fratura nem viol&ecirc;ncia. Os frascos de comprimidos encontrados no local fizeram a pol&iacute;cia concluir que a morte do menino foi apenas um acidente.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Sexta Sombria&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/b9viQ8QJaPUY3J5jcYBYtDlXHEwJN0Ho0ANs9nvvcFpMN1d01TCNilbMLAjwMriFCuMaadN9-GjZWp8eZ-W4kbWMDeD5beKQ60avEeVlZ20PMymWqX8Nw5TUguC5CaxgirDQ9_Sv3601nP3_-f2I"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192824582416.jpg" alt="Brian Howe. (Fonte: Sexta Sombria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Brian Howe. (Fonte: Sexta Sombria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Alguns dias depois, Mary Bell apareceu na porta da fam&iacute;lia Brown dizendo que queria ver Martin. A m&atilde;e do menino explicou a ela que ele estava morto, mas Bell disse que j&aacute; sabia e que estava ali para ver o corpo dele no caix&atilde;o. A mulher fechou a porta na cara dela.
Em 31 de julho de 1968, Brian Howe, de apenas 3 anos, foi encontrado largado em um terreno baldio na regi&atilde;o de Scotswood. Foram encontrados marcas muito discretas de m&atilde;os ao redor do pesco&ccedil;o dele e alguns ferimentos que pareciam ter sido feitos com objetos afiados, inclusive as letras "N" e "M" em seu abd&ocirc;men. Um dos investigadores da pol&iacute;cia alegou que n&atilde;o parecia se tratar de um assassinato, mas sim de uma brincadeira de crian&ccedil;a que parecia ter dado errado.
<h2>Bell e Bell</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192957285417.jpg" alt="(Fonte: Filmow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Filmow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Norma Bell, de 13 anos, era a melhor amiga de Mary Bell. E, apesar de compartilharem o mesmo tipo de vida quebrada e recheada de muita dor e &oacute;dio, elas n&atilde;o eram parentes, apenas s&oacute;cias de muita revolta.
Pouco depois da morte de Howe, as duas invadiram uma creche e a vandalizaram com bilhetes assumindo a responsabilidade pela morte de Martin Brown e Brian Howe. No entanto, a pol&iacute;cia acreditou que n&atilde;o passava de uma brincadeira m&oacute;rbida e insens&iacute;vel. Mesmo depois que a escola instalou um sistema de alarme, as garotas continuaram invadindo.
Em face a esse tipo de comportamento, elas foram interrogadas pela pol&iacute;cia. Ambas agiram de maneira estranha, por&eacute;m Norma se mostrou mais animada, ao contr&aacute;rio de Mary, que era ap&aacute;tica. Ap&oacute;s ser vista gargalhando na miss&atilde;o de s&eacute;timo dia de Howe e ser convocada para mais depoimentos, ela cometeu o erro de dizer que viu o agressor da v&iacute;tima e que ele carregava uma tesoura. A pol&iacute;cia n&atilde;o havia revelado as marcas feitas com algo afiado encontradas no corpo de Howe.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193250833420.jpg" alt="(Fonte: Theoffbeat/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Theoffbeat/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As duas foram a j&uacute;ri popular. Mary Bell, vestida mal e sem apoio nenhum da fam&iacute;lia, foi constantemente referida como &ldquo;nascida do mal&rdquo; pela promotoria e que tinha prazer em matar. Por outro lado, Norma Bell, com apoio do advogado, foi vestida com roupas vibrantes e instru&iacute;da a chorar muito para demonstrar arrependimento, assim como sua fam&iacute;lia que lhe dava todo o suporte. Eles falavam com a imprensa e se desculpavam o m&aacute;ximo que podiam, enquanto a fam&iacute;lia de Mary Bell os evitava.
O caso foi infectado pela m&iacute;dia e pela press&atilde;o da opini&atilde;o p&uacute;blica, que ca&ccedil;ou Mary Bell como uma bruxa. O resultado veio em 17 de dezembro de 1968, com a absolvi&ccedil;&atilde;o de Norma Bell e a condena&ccedil;&atilde;o de Mary Bell a 12 anos por homic&iacute;dio culposo, partindo do princ&iacute;pio de que ela tinha &ldquo;sintomas cl&aacute;ssicos de psicopatia&rdquo;. Ningu&eacute;m se deu ao trabalho de fazer uma avalia&ccedil;&atilde;o psicol&oacute;gica em Norma.
Mary terminou sua pena em 1980, aos 23 anos, e voltou para a vida em sociedade sem nunca ter mostrado o seu rosto, apesar da persegui&ccedil;&atilde;o midi&aacute;tica. Ela mudou de nome e foi protegida pela Lei Mary Bell, criada para preservar a identidade de crian&ccedil;as que cometeram crimes.
Por que Mary, que foi v&iacute;tima das piores imund&iacute;cies do ser humano durante toda a sua inf&acirc;ncia, tendo s&oacute; a viol&ecirc;ncia como refer&ecirc;ncia, foi considerada como "perigosa e assassina"? Por que ningu&eacute;m se importou com Norma Bell, que arquitetou e participou dos crimes?
Talvez, no final das contas, o caso de Mary Bell responda por si s&oacute; a pergunta: "As pessoas nascem m&aacute;s ou a maldade &eacute; lan&ccedil;ada sobre elas ap&oacute;s seu nascimento?".

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Por que Mary Bell, aos 11 anos, cometeu um assassinato?

Imagem de Caso Araceli: o mistério do assassinato de uma criança no ES no megacurioso

Em 1973, Araceli Cabrera Crespo, de apenas 8 anos, foi raptada, drogada, estuprada e morta; Crime foi arquivado pela Justiça

<head></head><body>ATENÇÃO: este texto pode ter conteúdos sensíveis por abordar um caso real.Ainda sobre comando da <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/42681-ditadura-no-brasil-conheca-alguns-fatos-que-deixaram-cicatrizes-no-pais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ditadura militar</a>, o Brasil vivenciou um dos seus maiores mistérios criminais na semana do dia 18 de maio de 1973. Aos 8 anos de idade, a jovem Araceli Cabrera Crespo foi raptada, drogada, estuprada e morta na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Dias após desaparecer, seu corpo foi deixado desfigurado e em avançado estado de decomposição próximo a uma mata local.Quarenta e sete anos após o incidente, o crime permanece sem uma solução. Após diversas versões do ocorrido terem sido fornecidas à polícia, o processo resultou em absolvição dos acusados e terminou arquivado pela Justiça. Posteriormente, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em homenagem à memória da vítima.&nbsp;<h2>O desaparecimento de Araceli</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/15/15072313520001.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Estudante da Escola São Pedro, na Praia do Suá, Araceli saiu da sua casa, no bairro de Fátima, para mais um dia de aula. Entretanto, o que era para ser apenas mais uma sexta-feira qualquer acabou se transformando em um retrato de brutalidade. Após o término das atividades escolares, a menina deveria voltar para sua residência mais cedo.A pedido da mãe, Lola Cabrera Crespo, ao colégio, Araceli deveria ir embora antes dos demais alunos por conta do horário do ônibus que pegava todos os dias. Porém, o roteiro seria diferente naquele dia. Conforme o depoimento apresentado por um adolescente que estava em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, próximo ao colégio, a pequena menina não teria entrado do veículo.Em vez disso, Araceli optado por ficar brincando com um gato ao lado do estabelecimento. Essa seria a última vez que ela seria vista publicamente antes do pai, Gabriel Sanchez Crespo, acionar as autoridades para procurá-la.<h2>Encontrado o corpo de Araceli</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;A Gazetta/Reprodução&nbsp;" data-fonte-url="https://s2.glbimg.com/3KX5kHtZgzVpRLJawxcWWZehhpw=/0x0:1700x1065/1008x0/smart/filters:strip_icc()/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/05/15/plc250573gz14.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/15/15072339847002.jpg" alt="(Fonte: A Gazetta/Reprodução)">(Fonte: A Gazetta/Reprodução)No dia 24 de maio, seis dias após o desaparecimento de Araceli, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição em uma mata atrás do Hospital Infantil de Vitória. O cadáver foi descoberto pelo policial Ronaldo Monjardim, quando ainda tinha 15 anos, ao lado de seu pai.Em primeiro momento, Gabriel reconheceu o corpo como sendo o de sua filha. Porém, acabou negando a informação no dia seguinte. Por fim, exames realizados meses depois confirmaram que a pessoa encontrada no local era, de fato, Araceli. As fotos chocantes do acontecimento circulariam por toda a imprensa logo depois.Na época, alega-se que as <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/116830-3-desaparecimentos-misteriosos-que-seguem-sob-investigacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">investigações</a> do crime foram atrapalhadas, pois todas as testemunhas estariam sofrendo com ameaças para ficarem caladas. Por conta disso, nenhuma pessoa queria conversar sobre o assunto e fornecer mais informações sobre os acontecimentos.<h2>Os suspeitos da morte de Araceli</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;TV Gazeta/Reprodução&nbsp;" data-fonte-url="https://s2.glbimg.com/dXq--siy7W7YWqeg1BX_fDf-mYU=/0x0:1240x510/984x0/smart/filters:strip_icc()/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/05/15/fotorcreated3.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/15/15072439767003.jpg" alt="(Fonte: TV Gazeta/Reprodução)">(Fonte: TV Gazeta/Reprodução)Como a maior parte das testemunhas já morreram e as que estão vivas se recusam a tocar no assunto, a visão sobre os fatos acabou misturando muitas informações com boatos que circulavam pela cidade de Vitória na época. Entretanto, três pessoas foram definidas como os principais suspeitos pela morte de Araceli e apresentados pela acusação: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal.Além de membros de famílias tradicionais e influentes no Espírito Santo, os indivíduos eram reconhecidos por possuírem alguns privilégios com o governo militar. Na principal versão dos acontecimentos, Paulo Helal foi quem teria raptado a menina após o término da aula no dia 18 de maio.Então, o homem teria levado ela para o Bar Franciscano, na Praia de Camburi. O estabelecimento, que pertencia ao latifundiário Dantinho, teria sido onde a criança foi estuprada e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas. Extremamente dopada, Araceli teria entrado em coma.&nbsp;A caminho do hospital, os três homens teriam percebido que a menina já estava morta. Foi então que tiveram a ideia de jogar o cadáver no matagal próximo à região.&nbsp;<h2>Investigação e queima de arquivo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/15/15072514110004.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)De acordo com a denúncia apresentada pelo promotor Wolmar Bermudes, revelada pelo Globo Repórter de 1977, Dantinho usou sua influência com oficiais da ditadura para escapar da condenação pelo crime. O homem teria contado com o apoio de forças dentro da polícia capixaba para dificultar as investigações.Durante o julgamento, Paulo Helal e Dantinho negaram conhecer Araceli ou qualquer outro membro da família Cabrera Crespo. Mesmo assim, em 1980, o juiz Hilton Silly declarou ambos culpados pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117731-caso-daniella-perez-o-marcante-assassinato-de-uma-atriz-global.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">assassinato</a> e definiu uma pena de 18 anos de reclusão, além do pagamento de uma multa de 18 mil cruzeiros. Dante Michelini, por outro lado, foi condenado a 5 anos na cadeia.Tempos depois, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo cancelou a sentença e o processo reaberto passou para o juiz Paulo Copolilo. Em um relatório de 700 páginas, Copolilo absolveu os acusados por falta de provas, o que fez com que o caso fosse arquivado e permanecesse engavetado até hoje.No livro-reportagem Aracelli, Meu Amor&nbsp;(1976), o autor José Louzeiro relata que 14 pessoas morreram durante as investigações — entre testemunhas e pessoas que tentavam solucionar o mistério. O escritor alega ele mesmo ter sido alvo de uma tentativa de queima de arquivo enquanto pesquisava sobre o caso.</body>

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Caso Araceli: o mistério do assassinato de uma criança no ES

Imagem de Texarkana: a cidade que temia o anoitecer no megacurioso

Uma ameaça transformou a cidadezinha no local mais perigoso dos EUA

Durante o ver&atilde;o de 1946, sair nas ruas de Texarkana, uma cidadezinha entre os estados do Texas e o Arkansas nos Estados Unidos, transformou-se em risco de morte. N&atilde;o havia um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117156-10-pessoas-que-previram-a-pandemia-do-novo-coronavirus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">v&iacute;rus</a> mortal que era contra&iacute;do pelo ar ou o perigo de ser bombardeado por algum avi&atilde;o, mas sim existia o risco de "trope&ccedil;ar na sombra" de um assassino em s&eacute;rie que era temido at&eacute; mesmo pela pol&iacute;cia.
Era sexta-feira, 22 de fevereiro de 1946, aproximadamente 23h45, quando Jimmy Hollis (25 anos) e sua namorada, Mary Jeanne Larey (19 anos), estacionaram em uma estrada isolada&nbsp;pr&oacute;ximo da Robison Road que era conhecida por ser o ponto de encontro de casais. Poucos minutos depois, eles foram surpreendidos por um homem usando um capuz de pano branco, que parecia uma fronha, com buracos apenas para os olhos.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Texas Monthly&nbsp;" data-fonte-url="https://www.texasmonthly.com/wp-content/uploads/2014/11/Lead_The-Town-That-Dreaded-Sundown-Directed-by-Charles-B.-Pierce.-Shown-at-left-Bud-Davis.-Credit-American-InternationalPhotofest_680.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193524522422.webp" alt="(Fonte: Texas Monthly/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Texas Monthly/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ele jogou a luz da lanterna no rosto deles, e Hollis disse ao encapuzado que ele"estava mexendo com a pessoa errada", ent&atilde;o o homem respondeu: &ldquo;n&atilde;o quero te matar, ent&atilde;o des&ccedil;a do carro&rdquo;. Os jovens obedeceram, e o criminoso ordenou que Hollis tirasse as cal&ccedil;as. Assim que ele terminou, recebeu uma coronhada na cabe&ccedil;a. Larey disse que o barulho do cr&acirc;nio fraturando foi t&atilde;o alto que ela pensou que o homem havia disparado o rev&oacute;lver. Ela chegou a oferecer a pr&oacute;pria carteira, imaginando que fosse um assalto, mas apenas foi agredida. O desconhecido ent&atilde;o ordenou que ela fugisse, s&oacute; para que a perseguisse em seguida, se jogasse sobre ela e a estuprasse com o cano do rev&oacute;lver.
Larey conseguiu fugir e encontrar uma resid&ecirc;ncia, onde telefonou para a pol&iacute;cia, enquanto Hollis conseguiu pegar uma carona na Richmond Road. Ap&oacute;s meia hora, o xerife Bill Presley, do condado de Bowie, chegou ao local do crime, mas o agressor j&aacute; havia sumido. Ele e os oficiais encontraram apenas as cal&ccedil;as de Hollis e seu carro estacionado.
<h2>Noites sem fim</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193634804423.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As v&iacute;timas deram relatos divergentes para a pol&iacute;cia. Larey afirmou que o homem estava usando uma esp&eacute;cie de fronha na cabe&ccedil;a, e que era afro-americano. Hollis, por outro lado, alegou que o homem era branco, aproximadamente 30 anos, e admitiu que n&atilde;o conseguiu distinguir suas fei&ccedil;&otilde;es devido &agrave; luz da lanterna. Apesar disso, a pol&iacute;cia acreditava que eles sabiam quem era o agressor, mas estavam com medo de dizer a identidade dele.
Em 24 de mar&ccedil;o, Richard Griffin e sua namorada, Polly Ann Moore, foram encontrados mortos em um sed&atilde; Oldsmobile, por volta de 8h30, na mesma estrada em que Laurey e Hollis foram atacados. Ambos foram mortos com tiros na nuca, e um peda&ccedil;o de terra encharcado de sangue sugeriu &agrave; pol&iacute;cia que eles foram assassinados fora do carro e depois transferidos de volta para o ve&iacute;culo. Foram encontrados proj&eacute;teis de uma pistola Colt de calibre 32 na cena do crime.
A investiga&ccedil;&atilde;o policial entrevistou mais de 60 testemunhas, com ampla divulga&ccedil;&atilde;o pela cidade e at&eacute; uma recompensa de US$ 500 pelo criminoso, mas nenhum respons&aacute;vel foi apontado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;AminoApps&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTif4oC4ai44oO4Juv-m3n6U6keGQ7wRrHN2d7QHay6AyKxV9kVYZSw7bxGOpZ2m3ShsgM&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193811508424.jpg" alt="(Fonte: AminoApps/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: AminoApps/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Betty Jo Booker tinha apenas 15 anos quando desapareceu com seu amigo Paul Martin (17), na madrugada de 14 de abril, ap&oacute;s sair de um ensaio de sua banda do VFW Club. Martin foi encontrado &agrave;s 6h30 pelo casal Weaver, ca&iacute;do no acostamento da North Park Road, baleado com quatro tiros, sendo um deles na nuca. S&oacute; &agrave;s 11h30 que Booker foi encontrada, a 3,2 quil&ocirc;metros de dist&acirc;ncia de Martin, atr&aacute;s de uma &aacute;rvore. Ela levou um tiro no peito e outro no rosto.
O xerife Presley e o capit&atilde;o Manuel Gonzaullas, do Texas Ranger, disseram que a aut&oacute;psia revelou que as v&iacute;timas lutaram intensamente antes de serem mortas. Foi estipulada uma recompensa de quase US$ 2 mil pelo criminoso, por&eacute;m novamente foi in&uacute;til.
Na noite de 3 de maio, o fazendeiro Virgil Starks (37), que morava a nordeste de Texarkana, foi assassinado com dois tiros por meio de sua janela enquanto assistia ao telejornal de sua poltrona. Quando sua esposa, Katie Starks (36), telefonava para a pol&iacute;cia, ela foi atingida por dois tiros vindos da mesma janela. Um dos disparos atravessou sua bochecha direita e saiu atr&aacute;s de sua orelha esquerda, e o outro se alojou sob sua l&iacute;ngua ap&oacute;s perfurar a sua mand&iacute;bula.
<h2>Cidade do medo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQAosprAynprYXj9quKTu0TJNrAWsZ5RQ9Kp_K4VAoa2wzWZ2IWSSNifCEXPutsqHjEjAE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193957182427.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A essa altura, os habitantes de Texarkana j&aacute; estavam em estado de absoluto p&acirc;nico. Ao anoitecer, o local se transformava em uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117431-4-cidades-fantasma-que-foram-abandonadas-sem-motivo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cidade fantasma</a> &ndash; por isso os homic&iacute;dios come&ccedil;aram a acontecer em casa. As pessoas se trancavam armadas at&eacute; os dentes com muni&ccedil;&otilde;es, fechaduras e dispositivos de prote&ccedil;&atilde;o, enquanto a pol&iacute;cia patrulhava ruas e bairros.
Empres&aacute;rios perderam dinheiro por terem que fechar lojas e restaurantes &agrave;s 18h, sendo que alguns at&eacute; faliram com os toques de recolher impostos. Muitos moradores fugiram da cidade, fazendo a economia decair ainda mais. Alguns jovens criaram uma esp&eacute;cie de "armada de vigilantes&rdquo;, em uma tentativa de capturar e dar um fim no que eles chamavam de &ldquo;Fantasma Matador&rdquo;. De repente, desaparecimentos e mortes do passado vieram &agrave; tona, sendo atribu&iacute;dos ao assassino encapuzado.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194106573428.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A histeria atingiu o apogeu quando Starks foi morto "dentro da seguran&ccedil;a de seu lar", como o Texarkana Gazette noticiou, alegando que ningu&eacute;m mais estava a salvo. Isso fez muitas pessoas bloquearem janelas e qualquer outro meio que desse uma vis&atilde;o do interior de suas resid&ecirc;ncias.
Texarkana se tornou o local mais perigoso dos Estados Unidos porque as pessoas viviam armadas e tensas. At&eacute; os policiais precisavam ligar as sirenes para notificar aproxima&ccedil;&atilde;o, pois podiam ser v&iacute;timas de uma saraivada de disparos s&uacute;bitos. Muitas pessoas acabaram se ferindo com o manuseio inadequado das armas e tamb&eacute;m atirando em inocentes por puro medo.
<h2>A cidade que temia o anoitecer</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Thought Catalog&nbsp;" data-fonte-url="https://thoughtcatalog.com/wp-content/uploads/2020/12/thetownthatfeat.jpg?resize=960,540&amp;quality=95&amp;strip=all&amp;crop=1"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194311934429.jpg" alt="(Fonte: Thought Catalog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Thought Catalog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O FBI foi convocado para intervir pela cidade de Texarkana com os departamentos de pol&iacute;cia dos condados pr&oacute;ximos. Em meio a tantas investiga&ccedil;&otilde;es, v&aacute;rios suspeitos surgiram, inclusive cada um apresentando um perfil diferente. Suspeitaram desde um taxista, no caso de Booker e Martin, quanto de Max Tackett, um oficial novato de 33 anos da Pol&iacute;cia do Estado de Arkansas. Contudo, nada foi o suficiente para incriminar nenhum dos 7 suspeitos que surgiram na &eacute;poca.
Em meio ao caos que estava a cidade, os investigadores tamb&eacute;m tiveram que lidar com diversas confiss&otilde;es falsas, fabrica&ccedil;&atilde;o de evid&ecirc;ncias, tentativas de crimes copycats e falsas incrimina&ccedil;&otilde;es por conflitos familiares ou rixa entre vizinhos. As poucas evid&ecirc;ncias encontradas foram devidamente periciadas, por&eacute;m n&atilde;o forneceram resultados.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcStendqEFjZokAk3ySDOVOf7j9B4cPQf0baqrzDsnXCP5q_OtX4rwg3QHf3pFzmZ2kh75c&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194354060430.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com o tempo, Texarkana aceitou que jamais encontrariam o assassino, ent&atilde;o eles apenas foram voltando &agrave; vida normal &ndash; que nunca mais foi a mesma. A cidade seguiu assombrada pela possibilidade de uma nova "onda" de ataques. Tudo o que aconteceu naquele ano entrou para a hist&oacute;ria da cidade e da cultura popular. O caso ficou ainda mais famoso quando foi feito o filme A Cidade que Temia o P&ocirc;r-do-Sol&nbsp;em 1976.
O xerife James Presley, que acompanhou todo o caso, escreveu o livro The Phantom Killer: Unlocking the Mistery. &ldquo;O caso clamava por um registro confi&aacute;vel para preservar os fatos conhecidos&rdquo;, alegou o aposentado. &ldquo;Escrever este livro foi como montar um quebra-cabe&ccedil;a com pequenas pe&ccedil;as espalhadas, mas algumas delas faltando&rdquo;, ele afirmou.

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Texarkana: a cidade que temia o anoitecer

Imagem de Caso Dana de Teffé: o crime planejado pelo advogado do diabo no megacurioso

Após se envolver com o advogado Leopoldo Heitor em 1961, a socialite Dana de Teffé nunca mais foi vista; seu corpo permanece desaparecido

Na d&eacute;cada de 1960, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/39692-misterio-afinal-o-que-pode-ter-acontecido-com-elisa-lam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desaparecimento</a> de uma socialite estrangeira estampou a capa de quase todos os jornais brasileiros. Nascida em 4 de maio de 1921 na extinta Tchecoslov&aacute;quia, Dana Edita Fischerova chegou ao Brasil aos 30 anos de idade ap&oacute;s j&aacute; ter vivido tr&ecirc;s casamentos not&oacute;rios.
Vinda de uma fam&iacute;lia judia muito rica, Dana nunca precisou trabalhar e vivia com o dinheiro familiar, o qual pagava a presen&ccedil;a nas festas da classe alta brasileira. At&eacute; hoje, seu sumi&ccedil;o &eacute; um dos maiores mist&eacute;rios que as p&aacute;ginas criminais nacionais j&aacute; noticiaram.&nbsp;
<h2>Os casamentos de Dana de Teff&eacute;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17053235111000.jpeg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O bom relacionamento de Dana com membros ricos da sociedade europeia lhe rendeu tr&ecirc;s casamentos marcantes. Na primeira tentativa, casou-se com o militar e pol&iacute;tico fascista Ettore Muti na It&aacute;lia. Foi durante esse matrim&ocirc;nio que ela conheceu seu segundo marido, o c&eacute;lebre dentista espanhol Alberto Diaz de Lope D&iacute;az, com quem noivou ap&oacute;s se separar de Muti.
Cansada do estilo de vida europeu, a jovem tcheca se apaixonou pelo jornalista mexicano Carlos Denegri e decidiu largar a Europa para viver na Am&eacute;rica do Sul. Por&eacute;m, nem um dos tr&ecirc;s casamentos foi relevante quando comparado aos fatos que a trouxeram ao Brasil.
Dana achou que o territ&oacute;rio brasileiro seria um &oacute;timo destino para dedicar um tempo para si mesma ap&oacute;s tr&ecirc;s relacionamentos fracassados. N&atilde;o demorou muito para que ela passasse a ser notada pela imprensa nacional e virasse uma figura popular nas festas de artistas.
Nesse ambiente, acabou conhecendo o piloto automobil&iacute;stico e diplomata Manuel de Teff&eacute;, seu quarto marido. Foi ent&atilde;o que decidiu virar Dana de Teff&eacute;, nome que acabou mantendo mesmo ap&oacute;s a separa&ccedil;&atilde;o. Entretanto, esse div&oacute;rcio teve um lado mais sombrio que os demais.
<h2>Leopoldo Heitor, o Advogado do Diabo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17053325970001.jpg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para lidar com a quarta separa&ccedil;&atilde;o, Dana contratou o advogado Leopoldo Heitor, figura com uma reputa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o muito positiva. Antes de assumir o caso, ele havia sido acusado de praticar peculato e estelionato e acabou ganhando o apelido de "Advogado do Diabo". Mesmo assim, tinha a plena confian&ccedil;a da aristocrata.
De acordo com os tabloides brasileiros, Dana e Leopoldo teriam desenvolvido uma suposta rela&ccedil;&atilde;o amorosa durante o processo. Al&eacute;m disso, seria justamente com ele que ela teria sido vista pela &uacute;ltima vez antes de desaparecer durante uma viagem de carro do Rio de Janeiro para S&atilde;o Paulo em 1961.&nbsp;
Durante as investiga&ccedil;&otilde;es, o Advogado do Diabo chegou a apresentar tr&ecirc;s vers&otilde;es para a pol&iacute;cia sobre o sumi&ccedil;o da mo&ccedil;a. No dia seguinte ao caso, ele teria dado entrada em um hospital com um ferimento de bala na perna. Para piorar a situa&ccedil;&atilde;o, Leopoldo utilizou um nome falso e pediu discri&ccedil;&atilde;o ao m&eacute;dico.
<h2>O corpo de Dana de Teff&eacute;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17053403033002.jpg" alt="(Fonte: Folhapress/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Folhapress/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A estranha situa&ccedil;&atilde;o de Leopoldo fez que ele passasse a ser cogitado como principal suspeito do poss&iacute;vel assassinato de Dana &mdash; ou pelo menos mandante do crime. Ap&oacute;s a bizarra hist&oacute;ria no hospital, o advogado se mudou para o apartamento da <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/115397-a-obsessao-pela-beleza-enlouqueceu-a-socialite-gladys-deacon.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">socialite</a> com a mulher, Verinha, e os filhos dias ap&oacute;s o desaparecimento.
Como Leopoldo tinha uma procura&ccedil;&atilde;o em nome da cliente que lhe dava o direito de vender, alugar e receber por todos os bens dela, aproveitou-se para negociar o apartamento. A venda rendeu cerca de R$ 500 mil. Na &eacute;poca, levantou-se a suspeita de que ele teria matado Dana para ficar com o dinheiro dela.
Em declara&ccedil;&atilde;o para a pol&iacute;cia, Leopoldo afirmou que Dana havia sa&iacute;do do pa&iacute;s com um passaporte falso e ligado para pedir que sua partida n&atilde;o fosse comentada com ningu&eacute;m. O corpo dela nunca foi encontrado.
<h2>O julgamento do Advogado do Diabo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17053711660003.jpg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 31 de mar&ccedil;o de 1962, Leopoldo Heitor foi preso pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117731-caso-daniella-perez-o-marcante-assassinato-de-uma-atriz-global.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">assassinato</a> e pelo ocultamento do cad&aacute;ver de Dana, mas terminou fugindo em outubro do mesmo ano. Capturado 10 dias depois no Mato Grosso, ele foi julgado e condenado em fevereiro de 1963 a 35 anos de reclus&atilde;o, dos quais cumpriu apenas 8.
Em 1964, o Tribunal de Justi&ccedil;a do Rio De Janeiro anulou a primeira decis&atilde;o do juiz Ulysses Salgado e enviou Leopoldo para um novo julgamento. Dessa vez realizando a pr&oacute;pria defesa, o Advogado do Diabo conseguiu ser absolvido por falta de provas materiais, fato que inclusive impediu que o Supremo Tribunal de Justi&ccedil;a reabrisse o processo.
Depois de sair da cadeia, Leopoldo se casou mais duas vezes e escreveu dois livros, sendo o principal deles A Cruz do Advogado do Diabo&nbsp;(1966). Ele morreu, aos 78 anos, em 2001.&nbsp;

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Caso Dana de Teffé: o crime planejado pelo Advogado do Diabo

Imagem de O controverso e enganador caso de Jeannette DePalma no megacurioso

Por muito tempo, o público foi levado a acreditar que a morte dela era um mistério, mas estava enganado

Nascida em 3 de agosto de 1956, Jeannette DePalma morava em uma casa de classe m&eacute;dia na cidade de Springfield, em Nova Jersey (EUA). A fam&iacute;lia dela poderia ser considerada o t&iacute;pico &ldquo;exemplo americano&rdquo;, principalmente por ser muito conectada com os valores crist&atilde;os.
A vizinhan&ccedil;a e a comunidade conhecia muito bem os DePalma, tanto que n&atilde;o hesitaram em declarar que Jeannette era uma boa jovem, mas que estava come&ccedil;ando a se &ldquo;rebelar&rdquo; por completar 16 anos e, supostamente, a deixar de lado a sua "conduta moral de boa crist&atilde;".
Em 7 de agosto de 1972, a jovem DePalma avisou a m&atilde;e que viajaria de trem at&eacute; a casa de uma amiga, entretanto ela nunca chegou l&aacute;, tampouco voltou para casa. Desesperados, na manh&atilde; do dia seguinte, os pais da menina preencheram um formul&aacute;rio de pessoa desaparecida no Departamento de Pol&iacute;cia de Springfield.
<h2>Dentes do Diabo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;MyCentralJersey&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gannett-cdn.com/presto/2019/08/13/PCNJ/2ea04b42-7e0b-425f-94e8-fe580b8b2ecf-Jeannette_DePalma_file_photo.jpg?width=272&amp;height=407&amp;fit=crop&amp;format=pjpg&amp;auto=webp"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12184648710436.jpg" alt="(Fonte: MyCentralJersey/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: MyCentralJersey/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar dos esfor&ccedil;os da pol&iacute;cia e das ora&ccedil;&otilde;es da fam&iacute;lia, DePalma s&oacute; foi encontrada em 19 de setembro daquele ano por uma mulher que passeava com o seu cachorro perto da pedreira de Houdaille, popularmente conhecida como "Dentes do Diabo". O c&atilde;o farejou algo e disparou at&eacute; o topo do penhasco, voltando com um antebra&ccedil;o direito em decomposi&ccedil;&atilde;o na boca.
A pol&iacute;cia foi chamada at&eacute; o local e um cerco refor&ccedil;ado foi criado ao redor do cad&aacute;ver da jovem. De acordo com os policiais, o corpo estava deitado de bru&ccedil;os e com o bra&ccedil;o esquerdo repousado sob a cabe&ccedil;a, cercado por cruzes improvisadas e por toras de madeira que faziam alus&atilde;o a um caix&atilde;o. Entretanto, ao longo dos anos, esse primeiro avistamento do cad&aacute;ver foi contaminado por rumores, "requentado" e "enfeitado" em tantas partes devido &agrave; repercuss&atilde;o do caso, que se tornou praticamente imposs&iacute;vel determinar a real natureza da cena do crime.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;NJ&nbsp;" data-fonte-url="https://www.nj.com/resizer/COy_NlM1rytt2SvTlOuZsjlb-KM=/1280x0/smart/arc-anglerfish-arc2-prod-advancelocal.s3.amazonaws.com/public/MA4I2EKDC5BSFCVHBITTGDJDG4.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12184755383439.jpg" alt="(Fonte: NJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O jornal nova-iorquino Star-Ledger foi o respons&aacute;vel por sustentar manchetes do tipo &ldquo;Menina sacrificada em ritual de bruxaria?&rdquo; e informar que haviam &ldquo;s&iacute;mbolos ocultistas cercando seu corpo&rdquo;. A declara&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;cia para os tabloides de como DePalma foi encontrada n&atilde;o combinava com o relat&oacute;rio do m&eacute;dico legista, que descreveu apenas "uma forma&ccedil;&atilde;o rochosa ao redor do corpo", sem toras de madeira ou formato de caix&atilde;o.&nbsp;
Ainda assim, o p&uacute;blico que acompanhava a hist&oacute;ria estava em estado de aturdimento, principalmente porque a pr&oacute;pria pol&iacute;cia alimentava os rumores levando bruxas para inspecionar a pedreira &agrave; procura de algum rastro satanista.
<h2>O circo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12184950806440.jpg" alt="(Fonte: HorrorBuzz/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: HorrorBuzz/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A aut&oacute;psia de Jeannette DePalma n&atilde;o apontou marcas de facadas, feridas de bala, contus&otilde;es ou qualquer outro tipo de viol&ecirc;ncia. Por raz&otilde;es n&atilde;o esclarecidas, a causa da morte foi descrita como estrangulamento, ainda que as informa&ccedil;&otilde;es anteriores n&atilde;o sustentassem esse laudo. O exame toxicol&oacute;gico n&atilde;o apresentou nenhum tipo de drogas no organismo da jovem, mas indicou um n&iacute;vel alto de chumbo. De qualquer forma, nada foi investigado, e as evid&ecirc;ncias permaneceram flutuantes no caso.
Isso foi o suficiente para que a Promotoria do Condado de Union encarasse o caso como um homic&iacute;dio. A pol&iacute;cia de Springfield trabalhou, principalmente, a partir de den&uacute;ncias e poss&iacute;veis pistas para encontrar o criminoso. O in&iacute;cio da investiga&ccedil;&atilde;o foi toda atr&aacute;s de um homem que morava em um acampamento na floresta pr&oacute;ximo da pedreira e que era conhecido pelas pessoas pelo apelido de &ldquo;Red&rdquo;. Ele desapareceu logo depois que o corpo de DePalma foi encontrado, por&eacute;m a promotoria decidiu que o homem n&atilde;o tinha nenhuma rela&ccedil;&atilde;o com a morte da jovem.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12185035463441.jpg" alt="(Fonte: The Sun/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Sun/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Depois disso, a busca pelo culpado se perdeu em meio a um turbilh&atilde;o de pistas falsas, depoimentos inconsistentes da fam&iacute;lia, amigos, conhecidos e, principalmente, pelo crescente &ldquo;p&acirc;nico sat&acirc;nico&rdquo; que devastou a vida dos norte-americanos entre as d&eacute;cadas de 1960 e 1990.
Enquanto o caso esfriava na gaveta do condado, a fam&iacute;lia precisava conviver tanto com o mist&eacute;rio do que aconteceu com a garota DePalma quanto com as teorias. Foi sugerido, por exemplo, que a jovem teve uma overdose naquela noite, visto que estava se tornando uma &ldquo;rebelde&rdquo;, e suas amigas abandonaram o corpo dela na pedreira. Especularam tamb&eacute;m que DePalma poderia ter incitado alguma pessoa e causado o pr&oacute;prio assassinato, seja por n&atilde;o ter retribu&iacute;do um flerte, seja por t&ecirc;-lo feito sem ter tido a inten&ccedil;&atilde;o de continuar.
<h2>A reviravolta</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;NJ&nbsp;" data-fonte-url="https://www.nj.com/resizer/05wnReRWuJlBGIoXeTNUmLhYs74=/450x0/smart/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/advancelocal/2BJ6EE6VQZGW3EDRNK3OCMEXTY.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12185324278443.jpg" alt="(Fonte: NJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NJ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A pol&iacute;cia jamais solucionou o que aconteceu com Jeannette DePalma quando ela saiu naquela manh&atilde; de 7 de agosto de 1972. O caso se enraizou de tal maneira na sociedade de Springfield, que Ed Salzano, na &eacute;poca com apenas 10 anos, cresceu e se tornou um advogado apenas para acabar com esse mist&eacute;rio. No entanto, ele enfrentou muitas barreiras jur&iacute;dicas, todas erguidas pela Promotoria do Condado de Union, que n&atilde;o queria que ele tivesse acesso a nada.
Em 2004, os editores da revista Weird NJ iniciaram uma investiga&ccedil;&atilde;o para determinar o que de fato aconteceu nesse caso, com Mark Moran e Jesse P. Pollack escrevendo o livro DePalma, Morte nos Dentes do Diabo. Eles sofreram grande resist&ecirc;ncia da pol&iacute;cia local, a qual disse que os arquivos e evid&ecirc;ncias haviam sido destru&iacute;dos durante a enchente do Furac&atilde;o Floyd em 1999, recusando-se a prestar qualquer tipo de depoimento &mdash; mas os policiais estavam mentindo.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;MyCentralJersey&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gannett-cdn.com/presto/2019/08/20/PCNJ/132b7c53-1381-44a5-a7fc-38ca41a6aba3-P1180816.JPG?crop=3999,3000,x0,y0&amp;quality=50&amp;width=640"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12185434560445.jpg" alt="(Fonte: MyCentralJersey/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: MyCentralJersey/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 2019, a revista conseguiu c&oacute;pias do caso em um arquivo do Gabinete da Promotoria do Condado de Union por meio da Lei de Liberdade de Informa&ccedil;&atilde;o, inclusive fotos da cena do crime que foram declaradas como &ldquo;desaparecidas&rdquo;. A Weird NJ exp&ocirc;s que nunca houve nada de oculto envolvendo o corpo da jovem, afirmando que o objeto mais semelhante a uma cruz eram galhos de &aacute;rvores retorcidos.
Fora isso, h&aacute; evid&ecirc;ncias nunca divulgadas de que DePalma foi vista pegando uma carona em vez do trem no dia de sua morte, assim como o conte&uacute;do da bolsa dela espalhada a cerca de 2,5 metros do seu corpo, ou seja, o objeto n&atilde;o estava na cena do crime nem a sua carteira.
No final das contas, o maior mist&eacute;rio do caso se tornou o motivo de a pol&iacute;cia de Springfield ter inventado tantas mentiras sobre a cena do crime e todos os arquivos envolvidos. Por que eles querem tanto manter a hist&oacute;ria de Jeannette DePalma enterrada?

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O controverso e enganador caso de Jeannette DePalma

Imagem de Conrad Roy: jovem cometeu suicídio por incentivo de namorada no megacurioso

Você acha que Michelle Carter é culpada pela morte de Conrad Roy?

ATEN&Ccedil;&Atilde;O: este texto pode ter conte&uacute;dos sens&iacute;veis por abordar um caso real.
Conrad Henri Roy III nunca esteve bem consigo mesmo, embora poucos soubessem disso. Nascido em 12 de setembro de 1995 na cidade de Mattapoisett, em Massachusetts (EUA), ele trabalhou por muito tempo com o pai, o av&ocirc; e o tio no Tucker-Roy Marine Towing and Salvage, um servi&ccedil;o de treinamento de salva&ccedil;&atilde;o mar&iacute;tima da fam&iacute;lia. Em 2014, ele se tornou capit&atilde;o do Instituto Mar&iacute;timo do Nordeste, formando-se com as notas mais altas na Old Rochester Regional High School, e foi aceito na Fitchburg State University.
Por fora, Roy era um jovem atleta vers&aacute;til que sabia jogar beisebol, gostava de remar e tinha um &oacute;timo desempenho em atletismo. Para todo mundo, ele era a t&iacute;pica promessa de um grande futuro, mas na verdade n&atilde;o era aquilo que as pessoas viam. Ele sofria de ansiedade social, e o simples ato de frequentar a escola e entrar na sala de aula era um drama di&aacute;rio para seu psicol&oacute;gico.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12182250596416.webp" alt="(Fonte: Fox News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Fox News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Agredido verbalmente pelo pai e abusado pelo av&ocirc;, Roy sucumbiu &agrave; depress&atilde;o assim que os pais se divorciaram em 2012. Em meados de outubro daquele ano, ele tentou cometer suic&iacute;dio pela primeira vez. Foi ent&atilde;o que come&ccedil;ou a fazer acompanhamento com um psic&oacute;logo, a se consultar com um terapeuta cognitivo-comportamental e tomar um famoso antidepressivo. Contudo, isso n&atilde;o o impediu de ser hospitalizado com uma overdose de paracetamol no auge de seus 17 anos.
Ele estava conversando com uma garota por telefone quando tomou os comprimidos, e foi ela quem ligou para a pol&iacute;cia.
<h2>"Roy, meu namorado"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12182835294418.jpg" alt="(Fonte: Metro/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Metro/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Michelle Carter nasceu em 11 de agosto de 1996 na cidade de Wrentham, em Massachusetts, e come&ccedil;ou a ter problemas alimentares quando era muito nova. Aos 9 anos, ela desenvolveu bulimia e passou a praticar automutila&ccedil;&atilde;o para embotar os sentimentos que n&atilde;o conseguia administrar ou entender. Aos 14 anos, ela j&aacute; fazia aconselhamento psicol&oacute;gico no McLean Hospital, em Belmont, e tomava muitos medicamentos para controlar a depress&atilde;o.
Carter conheceu Roy em 2012, no per&iacute;odo mais obscuro da vida do garoto, enquanto ambos passavam f&eacute;rias na casa de parentes na Fl&oacute;rida. Eles se aproximaram apenas devido &agrave;s quest&otilde;es de sa&uacute;de mental que tinham em comum.&nbsp;
&ldquo;As pessoas da escola dizem que me amam e que gostariam de sair comigo, mas nunca se esfor&ccedil;am para isso. Ent&atilde;o, sempre penso &lsquo;por que n&atilde;o sou boa o suficiente?&rsquo;. Al&eacute;m de que eu odeio meu corpo, n&atilde;o consigo comer normalmente&rdquo;, Carter escreveu em uma mensagem para Roy.
E foi assim durante 2 longos anos. Apesar de estarem a apenas 56 quil&ocirc;metros um do outro, eles se viram poucas vezes e se comunicavam mais por mensagens de texto e e-mails. Carter sempre se referiu a Roy como seu namorado, mas ele a considerava apenas uma amiga.
<h2>"Voc&ecirc; n&atilde;o vai fazer"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12183347389420.jpeg" alt="(Fonte: Boston.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Boston.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Nas conversas que foram expostas por ordem judicial, foi poss&iacute;vel perceber que por muito tempo Carter serviu como uma &acirc;ncora emocional para Roy, sempre sugerindo para que buscasse ajuda, enquanto ele se mostrava irredut&iacute;vel e dizia que uma nova medica&ccedil;&atilde;o o deixaria melhor.
Em 6 de junho de 2014, Carter revelou: &ldquo;Estou com medo de voc&ecirc; n&atilde;o melhorar e se tornar suicida de novo&rdquo;. Roy a censurou: &ldquo;Por favor, n&atilde;o diga isso. Tenho pensado nisso 1 vez a cada 4 dias e sei que n&atilde;o &eacute; uma op&ccedil;&atilde;o&rdquo;.
No dia 22 daquele m&ecirc;s, Roy regrediu ainda mais em seu estado emocional. &ldquo;Eu nunca vou melhorar, tenho certeza disso&rdquo;, confessou ele para Carter. &ldquo;Voc&ecirc; est&aacute; em um t&uacute;nel escuro agora, mas n&atilde;o vai durar para sempre&rdquo;, confortou a jovem. &ldquo;Voc&ecirc; encontrar&aacute; a luz um dia e eu estarei aqui para ajud&aacute;-lo a encontrar&rdquo;.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;CrimeLights&nbsp;" data-fonte-url="https://crimelights.com/wp-content/uploads/2019/07/Michelle_Carter_Texts_Read_Michelle_Carter_Text_Messages_texting_transcript_to_Conrad_roy_friend.png"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12183442843423.png" alt="(Fonte: CrimeLights/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CrimeLights/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Roy chegou a dizer que n&atilde;o sabia o que fazer consigo mesmo e mencionou novamente o suic&iacute;dio como sa&iacute;da, e Carter foi incisiva: &ldquo;Voc&ecirc; n&atilde;o vai se matar. Voc&ecirc; diz o tempo todo que quer, mas voc&ecirc; ainda est&aacute; aqui. Todas as vezes que voc&ecirc; quis, n&atilde;o fez&rdquo;.
Em mensagens trocadas em 5 de julho, entre 8h e 2h, Carter come&ccedil;ou a apoiar a decis&atilde;o de Roy de tirar a pr&oacute;pria vida naquela noite. Ele disse que seria a oportunidade perfeita porque a m&atilde;e e o irm&atilde;o estariam na casa de amigos em Rhode Island. A todo tempo, Carter desacreditou e ressaltou que ele sempre desistia na hora, dando a entender de que &ldquo;quem muito fala pouco faz&rdquo;.
Roy rebateu: &ldquo;&Eacute; dif&iacute;cil, Michelle&rdquo;, e ela foi fria: &ldquo;&Eacute;, eu sei que &eacute;&rdquo;. Naquela noite, o jovem n&atilde;o se matou, mas fez isso 8 dias depois.
<h2>Agora ou nunca</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12183642531427.png" alt="(Fonte: CrimeLights/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CrimeLights/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Uma semana antes de 13 de julho de 2014, os jovens trocaram mais de mil mensagens; em boa parte delas, Carter se mostrou frustrada e um tanto revoltada com a demora de Roy para se matar.
&ldquo;Voc&ecirc; n&atilde;o pode ficar pensando sobre isso, s&oacute; tem que fazer. Voc&ecirc; disse que ia fazer, eu n&atilde;o entendo por que ainda n&atilde;o fez&rdquo;, censurou Carter. &ldquo;Eu tamb&eacute;m n&atilde;o entendo&rdquo;, respondeu Roy. &ldquo;Ent&atilde;o eu acho que n&atilde;o vai fazer. Tudo isso para nada&rdquo;, encerrou a jovem em uma das mensagens.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Cosmopolitan&nbsp;" data-fonte-url="https://hips.hearstapps.com/hmg-prod.s3.amazonaws.com/images/gettyimages-695950380-1506699842.jpg?crop=1xw:1xh;center,top&amp;resize=480:*"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12183800813428.jpg" alt="(Fonte: Cosmopolitan/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Cosmopolitan/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Um dia antes de sua morte, Roy j&aacute; estava convicto, praticamente resignado. Carter o apoiou em todos os aspectos: &ldquo;Eu acho que seus pais sabem que voc&ecirc; est&aacute; em uma situa&ccedil;&atilde;o muito ruim. N&atilde;o estou dizendo que eles querem que voc&ecirc; fa&ccedil;a isso, mas sinto que eles podem aceitar&rdquo;, escreveu ela. &ldquo;N&atilde;o h&aacute; nada que possam fazer para salv&aacute;-lo. Eles v&atilde;o ficar tristes, mas seguir&atilde;o em frente. Eu n&atilde;o vou deixar eles ficarem depressivos&rdquo;.
Roy concordou e at&eacute; agradeceu a jovem por &ldquo;abrir seus olhos&rdquo;. Carter ainda pontuou: &ldquo;Sorria sempre. Voc&ecirc; tem tudo de que precisa. Esta noite &eacute; a noite. &Eacute; agora ou nunca&rdquo;. Ent&atilde;o, sob as instru&ccedil;&otilde;es detalhadas dela, Roy tirou a pr&oacute;pria vida dentro de sua caminhonete no estacionamento de uma loja de conveni&ecirc;ncia.&nbsp;
Dessa vez, Carter n&atilde;o ligou para a pol&iacute;cia.
<h2>Culpada ou n&atilde;o?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12184200097430.jpeg" alt="(Fonte: Newser/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Newser/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 4 de fevereiro de 2015, Michelle Carter foi indiciada por homic&iacute;dio culposo e processada pelo Tribunal Juvenil de New Bedford, em Taunton, Massachusetts. Durante o julgamento, Daniel Marx, o advogado da jovem, argumentou que ela tentou convencer Roy a n&atilde;o se suicidar e que nada que ela fizesse poderia ter mudado a decis&atilde;o dele.
O julgamento ganhou popularidade quando as mensagens entre os jovens se espalharam pela internet depois que foram liberadas por ordem judicial; e se tornou comum opinar sobre a conduta de Carter e os limites da Primeira Emenda Constitucional, que garante liberdade ao discurso. O caso tamb&eacute;m abriu margem para que fossem discutidas novas perspectivas legais acerca do suic&iacute;dio.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Boston Globe&nbsp;" data-fonte-url="https://bostonglobe-prod.cdn.arcpublishing.com/resizer/jicfZ399sLWbU4RrFg8yOTuzpQ8=/1440x0/arc-anglerfish-arc2-prod-bostonglobe.s3.amazonaws.com/public/QYFFFXAFQYI6VMYIKQLDCLNDXQ.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12184333067434.jpg" alt="M&atilde;e de Roy (Fonte: The Boston Globe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />M&atilde;e de Roy (Fonte: The Boston Globe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 16 de junho de 2017, o juiz Lawrence Moniz considerou Michelle Carter culpada e a sentenciou a 2 anos e 5 meses de reclus&atilde;o por homic&iacute;dio culposo por ter o &ldquo;dever de aliviar o risco&rdquo;.&nbsp;
&ldquo;As a&ccedil;&otilde;es de Carter e sua omiss&atilde;o de agir onde ela tinha um dever autocriado com o Sr. Roy, desde que ela o colocou naquele ambiente t&oacute;xico, constitu&iacute;ram toda e qualquer conduta desenfreada e imprudente&rdquo;, definiu o magistrado. Ele tamb&eacute;m pontuou que foi a &uacute;ltima liga&ccedil;&atilde;o que a jovem fez para Roy, instantes antes do suic&iacute;dio, que o fez tomar a decis&atilde;o, e n&atilde;o as mensagens trocadas durante a semana.&nbsp;
A pena de Carter foi reduzida para 1 ano e 3 meses, mas o caso foi parar no Tribunal da Suprema Corte de Massachusetts em 2017. No fim das contas, a pergunta que prevaleceu foi: algu&eacute;m pode ser considerado culpado pelo suic&iacute;dio do outro?
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Caso voc&ecirc; esteja pensando em cometer suic&iacute;dio, procure ajuda especializada no Centro de Valoriza&ccedil;&atilde;o da Vida (CVV) e nos Centros de Aten&ccedil;&atilde;o Psicossocial (CAPS) de sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive em feriados) pelo telefone 188 e atende por e-mail, chat e pessoalmente. S&atilde;o mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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Conrad Roy: jovem cometeu suicídio por incentivo da namorada

Imagem de Glendale 2005: o terrível acidente de trem nos EUA no megacurioso

Na sua opinião, quais eram as reais intenções de Juan Álvarez?

ATEN&Ccedil;&Atilde;O: esse texto pode trazer conte&uacute;dos sens&iacute;veis por abordar um caso real.
Cerca de 800 mil pessoas cometem <a>suic&iacute;dio</a> por ano ao redor do mundo, o que configura uma morte a cada 40 segundos, de acordo com estat&iacute;sticas do Suicide Awareness Voices of Education (SAVE). S&oacute; nos Estados Unidos, s&atilde;o cerca de 48 mil pessoas anualmente, somando uma morte a cada minuto. Metade delas sofrem de <a>depress&atilde;o</a> e t&ecirc;m idades entre 18 e 24 anos.
Um estudo levantado pelo Federal Railroad Administration (FRA) em parceria com o Volpe National Transportation Systems Center, estimou que 1% dessas 48 mil mortes anuais acontecem no sistema ferrovi&aacute;rio norte-americano. O Statisa contabilizou que s&oacute; em 2006, 24 pessoas cometeram suic&iacute;dio ao se jogarem na frente de um trem ou metr&ocirc;. Quando o FRA refez os dados entre os anos de 2012 a 2017, esse n&uacute;mero aumentou para 219 v&iacute;timas, sendo que mais 220 indiv&iacute;duos ficaram feridos em tentativas fracassadas de tirar a pr&oacute;pria vida. J&aacute; em 2014, o sistema ferrovi&aacute;rio registrou 358 incidentes suicidas, sendo 328 fatais e 30 com ferimentos graves.
&Eacute; comprovado que o estresse e o impacto emocional que as mortes causam em familiares das v&iacute;timas tamb&eacute;m se estendem &agrave;s equipes de trem e aos espectadores dos incidentes. Al&eacute;m disso, os suic&iacute;dios ferrovi&aacute;rios costumam ter alta cobertura da m&iacute;dia, o que pode influenciar suicidas em potencial e tamb&eacute;m causar acidentes fatais.
<h2>Mente conturbada</h2>
<figure><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10200638132377.jpg" /><figcaption>(Fonte: NBC News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Nascido em 26 de fevereiro de 1979, aos 26 anos, Juan Manuel &Aacute;lvarez j&aacute; havia tentado cometer suic&iacute;dio 2 vezes. Na primeira, ele cortou os pr&oacute;prios pulsos com uma navalha, mas foi encontrado antes de se esvair em sangue de modo irrevers&iacute;vel. Na segunda vez, o jovem tentou ir mais longe e esfaqueou a si mesmo algumas vezes na altura de seu peito, por&eacute;m novamente foi salvo.
Segundo relatos de familiares e amigos, o comportamento suicida de &Aacute;lvarez era ressaltado pelo abuso do uso de metanfetamina, o que se somava aos seus epis&oacute;dios de del&iacute;rio e tamb&eacute;m &agrave;s dificuldades conjugais pelas quais ele passava. Em meados de 2005, sua ex-esposa, Carmelita Ochoa, entrou com uma ordem de restri&ccedil;&atilde;o&nbsp;contra ele (para ela e os 2 filhos do casal), sob a alega&ccedil;&atilde;o de que o homem simbolizava uma amea&ccedil;a para a vida e bem-estar deles, por ser extremamente abusivo e violento.
Ent&atilde;o, determinado a dar o fim de uma vez por todas ao drama que&nbsp;a sua vida havia-se tornado, &Aacute;lvarez decidiu que se mataria em 26 de janeiro de 2005. Para isso, ele decidiu usar seu Jeep Cherokee Sport coberto de gasolina e o posicionar em algum trecho da linha do Metrolink da cidade de Glendale, em Los Angeles (EUA).
<h2>O homem que desistiu</h2>
<figure><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10200849508382.jpg" /><figcaption>(Fonte: Los Angeles Daily News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Fundado em 1992, o Metrolink se tornou um famoso sistema ferrovi&aacute;rio do sul da Calif&oacute;rnia, com cerca de 869 quil&ocirc;metros de trilhos que ligam 62 esta&ccedil;&otilde;es a 7 condados diferentes. Perto das 6h03 do fat&iacute;dico 26 de janeiro de 2005, &Aacute;lvarez estacionou o carro dele sobre a linha na regi&atilde;o norte da &aacute;rea industrial do centro de Los Angeles, na fronteira com Glendale, e aguardou. Bem naquele trecho que tiraria sua vida, o comboio Norte 901 transportava de 30 a 50 passageiros de um dos lados da linha, sendo que o proveniente da regi&atilde;o sul carregava em m&eacute;dia 250 pessoas.
Contudo, &Aacute;lvarez desistiu de se matar e simplesmente abandonou o seu carro nos trilhos. Minutos depois, o trem que vinha no sentido sul se chocou de maneira violenta com o ve&iacute;culo, imediatamente descarrilando e atingindo um trem de carga da Union Pacific e o outro metrolink que viajava na dire&ccedil;&atilde;o oposta do outro lado da linha.
<figure><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10201036822383.jpg" /><figcaption>(Fonte: Los Angeles Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
A colis&atilde;o causou a morte imediata de 11 pessoas, sendo que 8 delas estavam no trem que ia para o sul. As v&iacute;timas foram amassadas entre os escombros de metal do mezanino dianteiro do metrolink, com uma delas sendo ejetada para fora do trem durante o impacto. Um total de 117 passageiros ficaram feridos, com a maioria das les&otilde;es entre leves e moderadas, apesar da crueldade do impacto.
Uma for&ccedil;a-tarefa de 300 bombeiros, com helic&oacute;pteros e c&atilde;es farejadores, foram mobilizados at&eacute; o local para ajudar a localizar os sobreviventes que estavam presos em meio &agrave;s ferragens.
<h2>Um novo fim</h2>
<figure><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10201242090384.jpg" /><figcaption>(Fonte: Daily News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Ent&atilde;o, &Aacute;lvarez foi indiciado por 11 acusa&ccedil;&otilde;es de homic&iacute;dio em &ldquo;circunst&acirc;ncias especiais&rdquo;, enquanto a pol&iacute;cia investigava a vida do homem para saber se ele pretendia causar o acidente sem querer cometer suic&iacute;dio, e as autoridades ainda entraram com acusa&ccedil;&otilde;es adicionais contra ele por homic&iacute;dio doloso. No entanto, a defesa legal do homem comprovou que ele planejava tirar a pr&oacute;pria vida quando causou a trag&eacute;dia, mas que mudou de ideia quando j&aacute; era tarde demais.
O seu julgamento aconteceu em junho de 2008, e os promotores do caso queriam a pena de morte para &Aacute;lvarez pelo crime, com base na Lei de 1873 de destrui&ccedil;&atilde;o de trens que ressalta a atividade como um crime capital e que foi criada para condenar &agrave; morte os ladr&otilde;es de trens no s&eacute;culo XIX.
A promotoria ainda defendeu que &Aacute;lvarez teria, deliberadamente, causado o acidente para chamar a aten&ccedil;&atilde;o de sua ex-esposa. Eles usaram como testemunha um parente da v&iacute;tima que questionou o motivo do homem n&atilde;o ter simplesmente se deitado nos trilhos e esperado que o comboio passasse por cima dele.
<figure><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10201451666385.jpg" /><figcaption>(Fonte: Orange County Register/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em 26 de junho de 2008, &Aacute;lvarez foi considerado culpado por todas as acusa&ccedil;&otilde;es de homic&iacute;dio e condenado &agrave; pris&atilde;o perp&eacute;tua, sem possibilidade de liberdade condicional. Atualmente, ele cumpre pena na Kern Valley State Prison, onde se encontrou com o fim da pr&oacute;pria vida, embora n&atilde;o da maneira como havia planejado antes de simplesmente desistir.
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Glendale 2005: o terrível acidente de trem nos EUA

Imagem de Caso Maníaco do Parque: o serial killer que aterrorizou São Paulo no megacurioso

Preso em 1998, Francisco de Assis Pereira foi condenado por estuprar e matar pelo menos 10 mulheres no Parque do Estado, na Zona Sul de São Paulo

ATEN&Ccedil;&Atilde;O: este texto pode ter conte&uacute;dos sens&iacute;veis por abordar um caso real. 
Uma s&eacute;rie de estupros e assassinatos passou a aterrorizar os moradores da Zona Sul de S&atilde;o Paulo durante 1998. Apelidado de "man&iacute;aco do parque", o motoboy Francisco de Assis Pereira foi respons&aacute;vel pela morte de pelo menos 10 mulheres no Parque do Estado, uma &aacute;rea verde de 550 hectares que ele conhecia muito bem.
Para a realiza&ccedil;&atilde;o dos crimes, Francisco costumava abordar jovens de classe baixa se passando por um agente de modelos. Com promessas de dinheiro e fama, ele as convidava para realizar um "ensaio fotogr&aacute;fico" na natureza. J&aacute; no meio da mata, as v&iacute;timas eram estupradas e ent&atilde;o <a>estranguladas</a>.
<h2>A cria&ccedil;&atilde;o do "man&iacute;aco do parque"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12075105626011.jpg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Francisco de Assis Pereira viveu uma inf&acirc;ncia tortuosa at&eacute; virar o man&iacute;aco do parque. Molestado por sua tia materna quando crian&ccedil;a, ele passou a desenvolver uma fixa&ccedil;&atilde;o por seios. Al&eacute;m disso, por ter seu &oacute;rg&atilde;o sexual mordido durante sua juventude, o rapaz sempre teve problemas para ter rela&ccedil;&otilde;es com outra pessoa.
No laudo oficial feito ap&oacute;s a sua pris&atilde;o, o psiquiatra Paulo Argarate Vasques ainda destacou que Francisco cresceu traumatizado ap&oacute;s ter sido criado pr&oacute;ximo a um matadouro de bois. "Uma das coisas que Francisco via na inf&acirc;ncia era um matadouro, e ele ficava l&aacute; sentado. Para uma pessoa nova, &eacute; um trauma terr&iacute;vel ver bois sendo mortos", segundo o relat&oacute;rio.
Aos 30 anos, ele passou a trabalhar como motoboy pr&oacute;ximo &agrave; esta&ccedil;&atilde;o Jabaquara do metr&ocirc; de S&atilde;o Paulo. Utilizando a sua moto, Francisco estacionava ao lado das esta&ccedil;&otilde;es e abordava suas v&iacute;timas em potencial, identificando-se como um ca&ccedil;a-talentos. As mulheres eram convencidas por sua personalidade extrovertida e capacidade de persuas&atilde;o.
<h2>As investiga&ccedil;&otilde;es no Parque do Estado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12075212376013.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Ap&oacute;s algumas den&uacute;ncias de que um homem estaria aterrorizando pessoas no Parque do Estado, a pol&iacute;cia de S&atilde;o Paulo cruzou com tr&ecirc;s mulheres que haviam registrado tentativas de estupro na regi&atilde;o. Os depoimentos serviram para tra&ccedil;ar um retrato falado do suspeito, que posteriormente foi entregue por uma den&uacute;ncia via telefone.
Ap&oacute;s o telefonema an&ocirc;nimo, as autoridades foram levadas at&eacute; uma empresa de transporte no Br&aacute;s, bairro paulistano. Ao chegarem no local, no dia 15 de julho de 1998, os policiais descobriram que o man&iacute;aco do parque trabalhava l&aacute; como motoboy e havia desaparecido tr&ecirc;s dias antes.
No local, foi descoberto fragmentos da carteira de identidade de uma das v&iacute;timas, um jornal estampando o retrato falado do criminoso e um bilhete com os seguintes dizeres: "Infelizmente tem de ser assim, preciso ir embora. Deus aben&ccedil;oe a todos". Ele foi encontrado em Itaqui, no Rio Grande do Sul, ap&oacute;s passar 23 dias foragido.
<h2>As v&iacute;timas do man&iacute;aco do parque</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12075335190014.jpg" alt="(Fonte: Record/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Record/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Oficialmente, 16 pessoas foram confirmadas como v&iacute;timas do man&iacute;aco do parque: sendo 9 casos de estupro e 7 de assassinatos. Em suas declara&ccedil;&otilde;es, o <a>serial killer</a> mudou v&aacute;rias vezes o n&uacute;mero de pessoas que teria matado. Na &uacute;ltima vez que se pronunciou, em 2001, disse ter assassinado 15 mulheres.
Entre janeiro e agosto de 1998, os corpos das v&iacute;timas do man&iacute;aco do parque foram sendo encontrados aos poucos espalhados pelo Parque do Estado. Todos estavam de joelhos &mdash; o que seria uma representa&ccedil;&atilde;o dos bois que Francisco viu serem mortos quando crian&ccedil;a &mdash; e com sinais de viol&ecirc;ncia sexual.
Em entrevista &agrave; Folha de S.Paulo,&nbsp;o assassino em s&eacute;rie descreveu seus crimes: &ldquo;Me aproximava das meninas como um le&atilde;o se aproxima da presa. Eu era um canibal. Jogava tudo o que eu podia para conquist&aacute;-las e lev&aacute;-las para o parque, onde eu acabava matando e quase comendo a carne. Eu tinha uma necessidade louca de mulher, de com&ecirc;-la, de faz&ecirc;-la sentir dor. Eu pensava em mulher 24 horas por dia".
<h2>O que aconteceu com o man&iacute;aco do parque</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12075451754015.jpg" alt="(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: O Globo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mesmo tendo sido condenado a cumprir 280 anos de pris&atilde;o pelos crimes de homic&iacute;dio, <a>estupro</a>, atentado violento ao pudor e oculta&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;ver, a Legisla&ccedil;&atilde;o Brasileira prev&ecirc; tempo de reclus&atilde;o m&aacute;ximo de 30 anos para um detento. Portanto, Francisco deve ser liberado da pris&atilde;o em 2028 caso nada mude.
Com culpa comprovada e em reclus&atilde;o, o assassino n&atilde;o deixou de dissuadir dezenas de mulheres espalhadas pelo pa&iacute;s. Em 1 m&ecirc;s de deten&ccedil;&atilde;o, o homem j&aacute; colecionava mais de mil cartas e pedidos de casamentos, tanto que chegou a casar com uma das remetentes em 2002.
Hoje, o man&iacute;aco do parque est&aacute; preso na Penitenci&aacute;ria de Iaras, no interior de S&atilde;o Paulo, onde passa as tardes sozinho pelo p&aacute;tio do Pavilh&atilde;o 3 bordando tapetes e toalhas para banheiros. Segundo os psiquiatras que cuidaram do caso, irreversivelmente Francisco tentar&aacute; cometer novos crimes assim que for solto em raz&atilde;o do seu estado mental.
Desinteressado por exerc&iacute;cios e muito sedent&aacute;rio, o serial killer acabou ficando obeso durante sua estadia na cadeia. Medindo 1,70 metro, o man&iacute;aco do parque est&aacute; pesando mais de 100 quilos. Atualmente, o seu maior medo &eacute; acabar sendo infectado pela covid-19.

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Caso Maníaco do Parque: o serial killer que aterrorizou São Paulo

Imagem de Cabine 28: o horror e negligência no crime da cidade de Keddie no megacurioso

Até hoje a ineficácia da investigação policial é chocante

Quando Glenna Susan Sharp, mais conhecida como Sue, decidiu se mudar com seus filhos para o velho Resort Keddie era para ser um recome&ccedil;o. Nascida em 29 de mar&ccedil;o de 1945, em Massachusetts, nos Estados Unidos, outono de 1980, foi quando Sue foi embora de Connecticut para poder fugir de James Sharp, seu ex-marido com quem tivera um casamento turbulento e abusivo. Com seus cinco filhos &mdash; John (15), Sheila (14), Tina (12), Rick (10) e Greg (5) &mdash;,&nbsp; ela seguiu ao norte da Calif&oacute;rnia, na cidade de Quincy, para ficar perto de seu irm&atilde;o, Don Davis.
A princ&iacute;pio, a fam&iacute;lia ficou em um antigo e apertado trailer que Don havia desocupado recentemente em um camping de trailers muito lotado, por&eacute;m o lugar era pequeno demais para tantas pessoas. Depois de algum tempo l&aacute;, Sue descobriu que tinha um antigo resort no meio da floresta da regi&atilde;o censit&aacute;ria de Keddie, na Calif&oacute;rnia, j&aacute; em decad&ecirc;ncia h&aacute; muitos anos e por isso havia transformado suas cabanas em moradias baratas. Para Sue, esse era o local perfeito.
<h2>O recome&ccedil;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06181854635044.jpg" alt="Sue Sharp. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Sue Sharp. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A fam&iacute;lia escolheu a dilapidada cabana 28, que era a mais espa&ccedil;osa e conseguia abrigar todos confortavelmente. Ela tinha 3 quartos, sendo que John decidiu ocupar o velho por&atilde;o, enquanto os mais novos, Rick e Greg, dividiram um quarto, assim como Sue, Tina e Sheila fizeram, deixando o outro aposento apenas para a m&atilde;e.
O Resort Keddie se mostrou perfeito para o recome&ccedil;o, pois, apesar de estar situado em meio a floresta, o local tinha diversas outras fam&iacute;lias e crian&ccedil;as com quem os Sharp pudessem fazer amizades e brincar. Eles estavam acostumados a se mudar com frequ&ecirc;ncia, visto que James Sharp era um ex-oficial da Marinha, ent&atilde;o a situa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o era um problema.
<h2>A descoberta de Sheila</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSWsPjWlDJ1Zev826QTK3n8xjpPAx1YlJsh3XitJIZMc8RGZVElEGV9oSwjkxO_or5AKbk&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06182034113046.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 11 de abril de 1981, Sue estava em casa apenas com Ricky e Greg, que andavam de bicicleta com seu amigo Justin Eason pelas imedia&ccedil;&otilde;es. John estava com a sua melhor amiga, Dana Wingate, na cidade vizinha, enquanto Sheila e Tina estavam brincando com os vizinhos Seabolt em uma cabana pr&oacute;xima.
Quando a noite caiu, Eason decidiu ficar na cabana 28 para uma festa do pijama, assim como Sheila resolveu permanecer na casa dos Seabolt depois que sua irm&atilde; Tina foi embora para casa. N&atilde;o se sabe exatamente qual foi o hor&aacute;rio que John e Dana voltaram, mas j&aacute; era muito tarde da noite, pois quando Sue colocou Justin e Ricky na cama j&aacute; passava das 22h.
Testemunhas relataram algumas coisas estranhas, como um cachorro latindo perto da cabana 28, a luz da varanda acesa &agrave;s 4h e uma agita&ccedil;&atilde;o incomum dos gatos, que entravam e sa&iacute;am incessantemente. Talvez eles j&aacute; pressentissem algo de errado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wix&nbsp;" data-fonte-url="https://static.wixstatic.com/media/da784e_112d1c371670490fa14ad6a6aee4ffa3~mv2.jpg/v1/fill/w_720,h_326,al_c,lg_1,q_80/da784e_112d1c371670490fa14ad6a6aee4ffa3~mv2.webp"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06182138204048.webp" alt="(Fonte: Wix/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wix/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&Agrave;s 8h, Sheila Sharp voltou para casa decidida a apenas trocar de roupas e ir para junto dos Seabolt para o servi&ccedil;o de domingo na igreja. Contudo, assim que entrou em casa, ela se deparou com uma cena perturbadora: quatro cad&aacute;veres na sala de estar.
Primeiro, ela reconheceu seu irm&atilde;o John, que estava ca&iacute;do de bru&ccedil;os em uma po&ccedil;a do pr&oacute;prio sangue de sua garganta cortada. Sue estava deitada de lado perto do sof&aacute;, nua da cintura para baixo e amorda&ccedil;ada com uma bandana azul e sua pr&oacute;pria calcinha. Ela foi esfaqueada no peito, teve a garganta dilacerada e a cabe&ccedil;a espancada com coronhadas. Dana Wingate estava coberta por ferimentos na cabe&ccedil;a, mas foi morta por estrangulamento.
Sheila saiu correndo e gritando da cabana, pedindo para que os Seabolt ligassem para a pol&iacute;cia. Quando voltou para casa com James Seabolt Jr., ela acordou Rick, Greg e Justin Smartt espancando a janela de um dos quartos e pedindo para que eles sa&iacute;ssem por ali. Apesar de assustados, os tr&ecirc;s estavam ilesos.
A pergunta era: onde estava Tina Sharp?
<h2>Sangue no carpete</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06182316090049.jpg" alt="(Fonte: True Crime Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: True Crime Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m da porta dos fundos da cabana aberta, o Gabinete do Xerife do Condado de Plumas, que assumiu o caso, encontrou duas facas de cozinha ensanguentadas, sendo que uma delas estava com a l&acirc;mina dobrada, certamente pela severidade com a qual foi utilizada. No local, tamb&eacute;m foi identificado um martelo e uma espingarda de chumbo. As v&iacute;timas foram amarradas com fita e cabos de for&ccedil;a arrancados dos eletrodom&eacute;sticos. A jaqueta, os sapatos de Tina e uma caixa de ferramentas estavam faltando na casa.
Apenas um casal foi acordado por volta de 1h30 por causa de um grito abafado, mas fora isso ningu&eacute;m na vizinhan&ccedil;a ouviu mais nada. O mais estranho de tudo, por&eacute;m, &eacute; que as tr&ecirc;s crian&ccedil;as n&atilde;o foram acordadas com o crime acontecendo na casa, apesar de Justin Eason ter alegado que sonhou com sons vindo da sala e visto dois homens. Ele chegou a fazer um retrato falado deles, mas a descri&ccedil;&atilde;o do que acreditava ter visto mudou muito com o tempo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06182427915051.jpeg" alt="(Fonte: Medium/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Medium/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Marilyn Smartt (m&atilde;e de Justin) disse que encontrou uma jaqueta ensanguentada em seu por&atilde;o, pertencente &agrave; Tina Sharp, e que a entregou &agrave; pol&iacute;cia, por&eacute;m n&atilde;o havia registros disso na investiga&ccedil;&atilde;o. Martin Smartt, seu esposo, deu v&aacute;rias pistas desconexas para os investigadores, por isso eles pararam de ouvir sua esposa e ele. Entre as pessoas que alegaram ver algo, foi sugerido que as v&iacute;timas foram mortas por um serial killer ou por traficantes de drogas.
Entre policiais e investigadores, mais de 4 mil pessoas foram envolvidas no caso que foi descrito como &ldquo;frustrante&rdquo;, pois nada se emendava. S&oacute; 3 anos e 11 dias ap&oacute;s o crime, em 22 de abril de 1984, os restos mortais de Tina Sharp foram encontrados por um coletor de garrafa a mais de 160 quil&ocirc;metros de Keddie, junto de uma jaqueta azul ensanguentada, um par de jeans, um cobertor e um dispensador de fita adesiva.
Nada disso foi documentado no caso. N&atilde;o foi notado que os jeans provavelmente pertenciam &agrave; Sue e que a jaqueta poderia ser a mesma que Marilyn Smartt disse encontrar. N&atilde;o houve ningu&eacute;m para revisar os depoimentos dos moradores, inclusive aqueles que diziam que Martin Smartt detestava John Sharp por algum motivo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06182602227052.jpeg" alt="Martin Smartt. (Fonte: Find a Grave/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Martin Smartt. (Fonte: Find a Grave/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Smartt era um ex-veterano de guerra que ainda sofria com Transtorno P&oacute;s-traum&aacute;tico, sendo not&oacute;rio por comportamentos violentos com a sua esposa. Algumas semanas antes do s&aacute;bado de 11 de abril, ele havia conhecido John Boubede, um ex-militar que tinha conex&atilde;o com o crime organizado da regi&atilde;o. Isso tamb&eacute;m foi desconsiderado da narrativa. De acordo com o xerife Doug Thomas, Smartt e seus poss&iacute;veis c&uacute;mplices foram livres de qualquer suspeita porque passaram no teste do pol&iacute;grafo. Smartt morreu de c&acirc;ncer em junho de 2000, enquanto Boubede foi encontrado morto ainda em 1988.
Em 2016, o The Sacramento Bee publicou uma mat&eacute;ria onde mostrava a carta que Martin Smartt havia escrito para sua esposa logo ap&oacute;s os assassinatos na cabana 28, quando ele teria dirigido para o estado de Nevada: &ldquo;Paguei o pre&ccedil;o do seu amor e agora o comprei com a vida de quatro pessoas&rdquo;.
A carta foi &ldquo;esquecida&rdquo; na investiga&ccedil;&atilde;o e nunca admitida como prova, assim como Marilyn Smartt, uma mulher que sofria viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica e que possivelmente foi silenciada pelos abusos, nunca foi levada em considera&ccedil;&atilde;o, nem mesmo quando veio a p&uacute;blico em 2008 afirmando que Smartt havia matado os Sharp.
O "mist&eacute;rio" dos assassinatos de Keddie nunca teve a ver com quem cometeu o crime, mas como a for&ccedil;a-tarefa de uma opera&ccedil;&atilde;o de 4 mil oficiais foi incapaz de determinar o &oacute;bvio assassino.

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Cabana 28: o horror e a negligência no crime da cidade de Keddie

Imagem de Christopher Wilder: o assassino de mulheres bonitas no megacurioso

Embora não tivesse nada a ver com sua aparência, Christopher Bernard Wilder sentia uma atração por mulheres bonitas. Ele gostava de modelos, aquelas que inspiravam um tipo de símbolo inalcançável, arrastando os olhos de homens e mulheres de maneira incontrolável em campanhas publicitárias e capas de revista. O tipo de mulher que o excitava o fazia querer tê-las a qualquer custo, e essa posse foi algo que ele sempre carregou.Nascido em 13 de março de 1945, em Sydney (Austrália), Wilder quase morreu durante o parto e quase se afogou em uma piscina quando tinha apenas 2 anos. De acordo com a médica e psicóloga Dra. Nicola Davies, pessoas que passaram por experiências de quase morte podem ser afetadas de diversas maneiras, incluindo o comum resultado de pegarem o que querem da vida e sentirem a necessidade de viver de acordo com os próprios desejos e vontades.Em 4 de janeiro de 1963, aos 18 anos, o jovem participou de um estupro coletivo a uma garota de 13 anos em uma praia de Sydney. Após negar as acusações assim como o resto do grupo, ele foi julgado e colocado em liberdade condicional, sendo obrigado a comparecer a sessões de aconselhamento e receber terapia de eletrochoque.No entanto, a natureza doentia do tratamento teve efeito rebote no cérebro de Wilder, enfurecendo-o ainda mais e talvez até aumentando seu apetite grotesco pela violência.<h2>Diga "xis"</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06004403589000.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Pinterest/Reprodução)</figcaption></figure>Em meados de 1968, aos 23 anos, Wilder se casou, mas acabou ficando solteiro depois de 1 semana, quando sua esposa encontrou roupas íntimas de outra mulher e fotos pornográficas em seu carro. No ano seguinte, ele se mudou para os Estados Unidos para morar em Boynton Beach, na Flórida, onde se envolveu com obras e construções de imóveis e se tornou um homem muito bem-sucedido, sendo capaz de comprar um apartamento de alto padrão, um Porsche 911 e até mesmo uma lancha.Foi nesse ínterim que Wilder desenvolveu um interesse súbito por fotografia, que se tornou seu <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117542-qual-e-a-diferenca-entre-modus-operandi-e-assinatura-de-crime.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">modus operandi</a> para atrair mulheres. Entre 1971 e 1975, ele recebeu várias acusações de má conduta sexual devido à caça que fazia pelas praias do sul da Flórida em busca de potenciais presas. Depois que conseguiu estuprar uma jovem que atraiu para seu caminho com o pretexto de ser fotógrafo e a levar para assinar um contrato de modelo, ele nunca mais parou.Em 1982, em visita ao pais na Austrália, ele sequestrou 2 garotas de 15 anos, Amanda e Christine, forçou-as a se despirem e posarem para que ele as fotografasse. Wilder foi preso e acusado de sequestro e agressão sexual, porém teve a fiança paga e foi autorizado a voltar para a Flórida.<h2>Incontrolável</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06004626700001.jpg" alt="(Fonte: NY Daily News/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: NY Daily News/Reprodução)</figcaption></figure>Wilder já havia adotado a posição de predador sexual e estuprador, consolidada com a falsa carreira como fotógrafo. Ele costumava operar de dia e em locais públicos, como praias e shoppings, procurando mulheres jovens e bonitas para oferecer uma sessão de fotos profissional sob a falsa premissa de que era um olheiro de modelos.Por estar sempre bem arrumado, com relógio Rolex de ouro e dirigindo um Porsche, as vítimas acabavam acreditando em sua fachada e, por vezes, aceitando sua sugestão. Wilder passou a atuar em concursos de beleza e desfiles de moda, onde ostentava seu estilo caro e sua câmera importada que chamava atenção. Ele falava sobre entrar em contato com os pais das jovens para oferecer uma proposta de contrato e até deixava com elas cartões de supostos contatos do mundo da moda. Tudo isso para conseguir convencê-las de aceitar a proposta de fazer algumas fotos para seu falso catálogo.<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06004951640002.jpeg" alt="(Fonte: Kym L Pasqualini/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Kym L Pasqualini/Reprodução)</figcaption></figure>Em 1984, quando Wilder já parecia acostumado demais com o título de predador sexual e estuprador, ele decidiu adquirir o de assassino. Em 26 de fevereiro daquele ano, há apenas algumas semanas depois de retornar da Austrália para se resolver com a lei, ele foi assistir ao Grande Prêmio de Miami, no qual avistou sua primeira vítima, Rosario Gonzales, uma bela jovem de 20 anos que trabalhava no evento.A princípio, ele não a reconheceu, mas quando se aproximou para abordá-la lembrou que ela já havia recusado uma sessão de fotos no Concurso de Beleza Miss Florida. A paixão dela era ser modelo. Dessa vez, no entanto, Wilder conseguiu convencê-la. Depois de eles deixarem o evento juntos, Gonzales nunca mais foi vista.<h2>A matança</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06005255393003.jpg" alt="(Fonte: Wikiwand/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Wikiwand/Reprodução)</figcaption></figure>Em 5 de março, foi a vez de Elizabeth Kenyon desaparecer. A ex-Miss Flórida era ex-namorada de Wilder e até foi pedida em casamento por ele, mas recusou. No dia 18 do mesmo mês, Wilder sequestrou Theresa Wait Ferguson, de 21 anos, e a assassinou. Seu corpo só foi encontrado 5 dias depois, largado no bairro Canaveral Groves.Em 20 de março, Linda Grover, de 19 anos, também foi raptada de um shopping, o Governor's Square Mall, mas transportada até a cidade de Bainbridge, no estado da Geórgia, com as mãos amarradas e enrolada em um cobertor no porta-malas do carro de Wilder.<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06005414785004.jpg" alt="(Fonte: Listverse/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Listverse/Reprodução)</figcaption></figure>Grover foi levada até o Motel Glen Oaks, onde foi brutalmente estuprada e teve as pálpebras coladas com supercola. Em uma clara referência ao trauma que sofreu quando jovem nas sessões de eletrochoque, Wilder usou um secador e fios de cobre para eletrocutá-la. A jovem conseguiu se trancar no banheiro e pedir socorro, mas Wilder fugiu do local carregando tudo o que pudesse incriminá-lo.Àquela altura, um investigador particular contratado pela família de Gonzales já havia estabelecido uma conexão com Wilder pelo envolvimento que ele teve com ela e Kenyon. Assim que Grover foi resgatada, ela conseguiu identificar o agressor em fotografias mostradas pela polícia.<h2>Disparo único</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06005613317005.jpg" alt="(Fonte: Universo Paranormal/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Universo Paranormal/Reprodução)</figcaption></figure>Apelidado pela polícia de "Assassino das Rainhas da Beleza", Wilder já estava na lista dos 10 fugitivos mais procurados do Departamento Federal de Investigação (FBI) dos EUA, mas isso não o fez parar. Entre 21 de março e 4 de abril, ele fez mais 7 vítimas.Terry Walden foi esfaqueada até a morte e lançada em um canal; Suzanne Logan foi levada para o Kansas e recebeu o mesmo fim; Sheryl Bonaventura foi baleada, apunhalada e jogada perto do Rio Kanab, em Utah; Michelle Korfman simplesmente desapareceu e seus restos mortais foram encontrados no canteiro de uma estrada na Califórnia; Tina Risico foi usada por Wilder como isca para que ele fizesse outras vítimas, e até hoje não se sabe por que ele a poupou da morte; Dawnette Wilt foi a única que sobreviveu após ser estuprada e esfaqueada em uma floresta; Beth Dodge não teve a mesma sorte, pois foi assassinada a tiros e jogada em um poço de cascalho em Boston.&nbsp;Após isso, Wilder fugiu para Los Angeles.<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/06/06005723271006.jpg" alt="(Fonte: 7News/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: 7News/Reprodução)</figcaption></figure>Em 13 de abril de 1984, Wilder foi reconhecido pelos policiais Leo Jellison e Wayne Fortier quando parou em um posto de conveniência de New Hampshire para pedir informação a um transeunte. Quando percebeu a aproximação das autoridades, ele voltou para o carro para apanhar sua pistola automática.Wilder reagiu à abordagem, e eles entraram em luta corporal. Dois tiros foram disparados: o primeiro atravessou o peito de Wilder e atingiu Jellison, e o segundo parou no coração do criminoso.Christopher Wilder morreu no local, depois de anos causando traumas em vítimas entre 16 e 33 anos e acabando com a vida de tantas outras.

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