Estilo de vida
02/11/2020 às 06:00•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido falar do “Día de los Muertos”, certo? Essa festividade que ocorre todos anos no México entre os dias 1 e 2 de novembro e coincide com as celebrações católicas do Dia de Todos os Santos e do Dia de Finados. Pois, no Japão — país que deu origem a um sem fim de lendas urbanas pra lá de macabras e histórias de terror de arrepiar os cabelos — também existe um festival no qual as famílias homenageiam os mortos e espíritos.
(National Geographic/Emilio Espejel)
Conhecida como Obon, a festividade tem origem budista que rola anualmente entre os dias 13 a 15 de agosto — ou 13 a 15 de julho, em algumas regiões do Japão. Mas não pense que o festival serve apenas para honrar os ancestrais e entes queridos que já faleceram! De acordo com Gulnaz Khan, na National Geographic, durante o festival, as celebrações também estão focadas em libertar espíritos atormentados e fantasmas famintos de seu sofrimento. Sinistro? Um pouquinho. Mas também muito interessante!
(National Geographic/Emilio Espejel)
O festival tem sua origem em uma passagem presente nas sagradas escrituras budistas na qual um dos discípulos de Buda decide invocar poderes sobrenaturais para encontrar sua mãe falecida, mas descobre que ela se encontra no Reino dos Fantasmas Famintos, local onde os espíritos sofrem de fome e sede insaciáveis. O tal discípulo teria ido até esse lugar sombrio para levar uma tigelinha de arroz para a mãe, mas ao chegar, o alimento se converteu em uma chama.
(National Geographic/Emilio Espejel)
Buda, então, o instrui a fazer oferendas de comida e bebida aos monges no décimo quinto dia do sétimo mês, uma vez que essa expressão de gratidão e respeito libertariam a alma de sua mãe de seus tormentos. E, ao descobrir que o espírito dela estava livre, o discípulo dançou e cantou de alegria acompanhado de Buda.
Durante os três dias em que o Obon é celebrado, as famílias regressam a suas terras-natais e se reúnem para a realização de uma variedade de rituais. As celebrações começam com o Toro nagashi, que consiste em acender e soltar lanternas de papel em um rio para guiar as almas até seus lares, onde são recebidas com dois altares, os shoryo-dana, um contendo frutas, incenso e flores, e o outro montado para qualquer espírito que não tenha encontrado paz no além.
(National Geographic/Emilio Espejel)
No segundo dia ocorre o Bon Odori, que é a noite em que as almas são “recebidas” pelos familiares vivos ao som de músicas tradicionais e muita dança. São nessas ocasiões que as pessoas que participam dessas demonstrações culturais se fantasiam como personagens do folclore japonês — conforme você pode ver nas fotos —, e as festividades terminam na terceira noite, com o Gozan no Okuribi, que marca o dia em que grandes fogueiras são acesas para guiar as almas de volta ao mundo dos mortos.
(National Geographic/Emilio Espejel)
Além desses três eventos, também é comum que as pessoas realizem um ritual conhecido como ohakamairi, que inclui limpar e enfeitar tumbas antigas, atender a serviços religiosos nos templos e preparar refeições especiais. A festividade vem sendo celebrada há mais ou menos 500 anos, e inclusive é comemorada por comunidades japonesas espalhadas pelo mundo. E você, caro leitor, já conhecia esse fascinante costume? Veja mais imagens na galeria a seguir: