Ciência
10/02/2020 às 10:35•2 min de leitura
Se dizem que o ano só começa depois do Carnaval, a cada ano o pontapé inicial tem um dia diferente. A festa que toma conta do país tem que ser planejada, afinal, tem bloquinho em São Paulo, desfile das Escolas de Samba no Rio de Janeiro, trios elétricos em Salvador, troças em Recife... E para se programar, comprar passagens, separar a fantasia, é preciso ter uma data definida, não é mesmo?
Acontece que o Carnaval não tem uma data fixa definida, como o Natal, que é sempre dia 25 de dezembro. Surpreendentemente, a festa pagã é definida de acordo com um sistema de cálculo inventado pela própria Igreja Católica e tem variáveis como: Páscoa, Quaresma e calendário lunar. Confuso? Um pouco, mas nós vamos explicar.
Feito isso, vamos às explicações. A metodologia foi definida pela Igreja Católica durante um concílio realizado no ano 325. A partir daquele ano, o Domingo de Páscoa, que é uma das datas mais sagradas para a Igreja Católica — quando se comemora a ressurreição de Cristo — ficou definido e, por consequência, o Carnaval. A partir da Páscoa, volte sete domingos no calendário e terá o domingo carnavalesco.
Há ainda outro fator envolvido nesse cálculo: o calendário lunar. Para definir a Páscoa, existe uma regra: a data obrigatoriamente precisa ser o primeiro domingo após a primeira Lua cheia depois do Equinócio de Primavera no Hemisfério Norte. Complicou? Vamos por partes.
O equinócio é um fenômeno da natureza no qual o dia e a noite têm exatamente a mesma duração, 12 horas cada um. O equinócio em questão marca o início da primavera no Hemisfério Norte e do outono no Hemisfério Sul, e geralmente cai entre os dias 20 e 21 de março.
Como regra, depois desse equinócio, assim que a primeira Lua cheia aparecer no céu, o próximo domingo é o de Páscoa. Mas temos aqui mais um porém: a Igreja Católica não se baseava no ciclo lunar real e atual, mas sim em projeções sobre o satélite que foram feitas ainda na Idade Média.
Quando o Calendário Gregoriano – o que utilizamos atualmente – entrou em vigor no século XVI, o Domingo de Páscoa passou a ser, obrigatoriamente, entre os dias 22 de março e 25 de abril, facilitando a adaptação ao calendário lunar real e projetando com precisão o Carnaval.
É exatamente por isso que tanto a Páscoa quanto o Carnaval variam tanto. Em 2019, por exemplo, o Carnaval aconteceu em março. Isso porque a Lua cheia demorou para aparecer após o equinócio. Então, podemos concluir que a Igreja até criou uma metodologia, mas quem define as datas é a natureza.
Em 2020, a Páscoa será no dia 12 de abril e o Carnaval acontece 47 dias antes. Por que? Sete dias antes da Páscoa, a Igreja celebra o Domingo de Ramos, que dá início à Semana Santa. E 40 dias antes do início da Semana Santa — período chamado de Quaresma — é a Terça-feira de Carnaval. Neste ano, em 25 de fevereiro.
Na década de 1970, alguns empresários ensaiaram um movimento para tornar o Carnaval uma data fixa, alegando que a mobilidade da data prejudica a economia do país. Até o momento, no embate economia x Igreja, venceu a tradição católica.