Saúde/bem-estar
26/09/2020 às 11:00•2 min de leitura
No último domingo (20), o caderno Aventuras na História no portal Uol apresentou o relato de um dos objetos mais curiosos já analisados, e testados, pela Arqueologia: uma prótese de dedão do pé direito encontrada em uma múmia datada de 950 a 710 a.C.
Encontrada em Lúxor, no Egito, em 2012, o artefato, que estava no pé de uma múmia feminina, levantou uma questão entre os pesquisadores da Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha: tratava-se o inusitado objeto de uma prótese ou de um simples adorno? Por isso, decidiram conduzir uma pesquisa sobre o assunto.
O líder da pesquisa, Jacky Finch, justificou o experimento: "Vários especialistas examinaram esses objetos e sugeriram que eles foram os primeiros dispositivos protéticos existentes. Há muitos casos dos antigos egípcios criando partes falsas do corpo para sepultamento, mas o desgaste e o design sugerem que foram usados por pessoas para ajudá-los a andar”.
A metodologia utilizada foi um teste, com a hipótese de que o objeto fosse considerado uma prótese. Dessa forma, a equipe criou réplicas exatas do item egípcio, para que o objeto original não sofresse nenhum tipo de dano. A recriação do dispositivo envolveu especialistas em design de próteses, em práticas funerárias egípcias e avaliação computadorizada de marcha.
Dois voluntários, que não tinham o dedão do pé direito, usaram não apenas as réplicas da suposta prótese, como também as sandálias construídas pelos especialistas à imagem das usadas pelos egípcios na época. O objetivo era provar se objeto, de fato, ajudava as pessoas a caminhar.
Sobre os dados de pressão, o especialista esclareceu que “teria sido muito difícil para um antigo egípcio sem um dedão do pé andar normalmente usando sandálias tradicionais. Eles poderiam, é claro, permanecer descalços ou talvez usar algum tipo de meia ou bota por cima o dedo do pé falso, mas nossa pesquisa sugere que usar esses dedos do pé falso torna mais confortável andar com uma sandália”.
Publicada na revista Journal of Prosthetics and Orthotics, a conclusão foi surpreendente: os passos dados pelos voluntários que usaram a prótese foram 60% a 87% similares às pisadas dadas pelo pé esquerdo. Ou seja, os egípcios tinham avançado conhecimento tecnológico quando desenvolveram o artefato.