Ciência
07/11/2020 às 06:00•3 min de leitura
Em 1865, Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll, lançava o icônico Alice no País das Maravilhas, que viria a ser um dos livros infantis mais lidos e adaptados de todos os tempos.
O cativante romance da era vitoriana contém vários personagens que se tornaram extremamente famosos, como o Chapeleiro Maluco, o Coelho Branco e a temível Rainha de Copas. Mas o que muitos não sabem é que a obra também é o centro de diversas teorias sombrias, e separamos três que com certeza não são aconselháveis para crianças. Confira a seguir:
A jornada de Alice através do País das Maravilhas parece um verdadeiro resumo da adolescência: uma grande agitação emocional, questões sem soluções e uma grande dose de frustração, sem contar mudanças extremas de tamanho e o desconforto que isso causa.
Por estes motivos, alguns estudiosos acreditam que o lugar para qual a protagonista viaja não é bem uma terra maravilhosa, mas sim um plano psicológico durante o início da puberdade, momento no qual ela perde sua ingenuidade e é obrigada a descer.
O acadêmico James Kincaid chegou até mesmo a sugerir que a menina é na verdade uma adolescente se perguntando constantemente “Quem sou eu?”, e que deseja com todas as forças crescer e abandonar sua infância.
Para isto, ela está preparada para trair sua inocência e amadurecer o mais rápido possível, o que é retratado várias vezes por meio de situações e personagens que provam que ela deveria continuar uma criança o máximo possível, em vez de se jogar em um ambiente cruel, confuso e muitas vezes violento da vida adulta.
É como Kincaid citou em seu livro: “é sobre crescer e reconhecer tanto a melancolia da perda do Éden quanto a pressa rude e trágica da criança em deixar sua inocência”.
Algumas teorias afirmam que Alice no País das Maravilhas está cheio de símbolos e conotações sexuais e outras chegam afirmar até mesmo que estes simbolismos estão ligados com a obsessão por crianças do autor.
Aparentemente, Carroll criou a obra para as filhas de seu amigo Henry Liddell, e adorava fazer piquenique com as duas jovens. Acredita-se que seu passeio com elas ao Tâmisa, em julho de 1862, teria sido o momento no qual o escritor contaria pela primeira vez a história que se tornaria o aclamado livro, e que o nome da protagonista foi inclusive uma homenagem a uma das garotas.
Anteriormente considerado algo inocente, o relacionamento obsessivo de Lewis com crianças tem sido alvo de investigações nos últimos anos, pois além de interagir de forma frequente com os pequenos, ele também possuía fotografias de crianças seminuas ou nuas.
Muitas pessoas ainda argumentam que ele era simplesmente um amante da juventude e que nunca houve provas de transgressões reais, mas outras consideram este interesse exacerbado realmente desconfortável.
“Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco, você é louca”. “Como você sabe que eu sou louca?” indagou Alice. “Deve ser”, disse o gato, “Ou não estaria aqui”. Esta é uma das passagens mais famosas do livro, e pode não ser por acaso.
Na época em que a jornada através do País das Maravilhas foi publicada, a saúde mental não era muito bem compreendida, com muitos indivíduos com distúrbios psicológicos sendo considerados simplesmente como loucos e confinados em sanatórios.
No texto, Carroll acaba ilustrando condições que estão ligadas a transtornos alimentares, com a jovem se arrependendo das bebidas e alimentos que consome; transtorno de personalidade limítrofe, refletidos pelas mudanças rápidas e perturbadoras de humor do Chapeleiro Maluco; e até o transtorno de ansiedade geral, visto na obsessão do Coelho Branco pela pontualidade e um medo constante de estar atrasado.
O conto estaria tão repleto de alusões de doenças mentais que existe até mesmo uma síndrome que recebeu seu nome como homenagem: Alice no País das Maravilhas, uma condição de desorientação que afeta a percepção do tamanho, e da qual Charles especulou que poderia sofrer.