Ciência
10/06/2021 às 15:00•2 min de leitura
Nascido em 6 de novembro de 1814, em Dinant (atual Bélgica), Antoine-Joseph Sax era filho de um casal de designers de instrumentos, portanto o gosto por algo musical estava em suas veias.
Aos 14 anos, Sax já dominava a oficina de seu pai, tirando do papel e confeccionando seus próprios clarinetes com melhorias. “Ele mudou o furo e localização exata para que o instrumento pudesse soar melhor”, observou Jo Santy, do Museu de Instrumentos Musicais de Bruxelas.
Depois disso, o jovem continuou a aprimorar o que já existia, produzindo flautas e até trombetas melhores. Em 1840, Sax resolveu apresentar 9 de seus trabalhos para a Exposição Belga, porém, por seu muito jovem, se recusaram a lhe dar o prêmio principal. Ele foi premiado com uma medalha pelo seu trabalho, mas a recusou. “Se eles pensam que sou muito jovem para merecer a medalha de ouro, então sou velho demais para aceitar essa migalha”, disse ele.
(Fonte: Canarios Sax/Reprodução)
A mãe de Sax, Marie-Joseph Masson, acreditava que o filho havia nascido para o infortúnio, pois desde pequeno ele tinha "encontros" com a morte. Ele chegou a cair de uma altura de 3 andares, bateu a cabeça em uma pedra e foi dado como morto. Sax também bebeu uma tigela cheia de ácido sulfúrico ao confundi-lo com leite.
O menino sofreu queimaduras graves de uma explosão de pólvora e logo depois de se recuperar levou um banho de óleo quente de uma panela que deixou cair. Certa vez, Sax quase morreu intoxicado por ir dormir em um quarto onde os móveis envernizados secavam. Como se tudo isso não fosse o suficiente, o garotinho também quase morreu afogado ao cair em um rio após ser atingido por uma pedra na cabeça.
Foi por isso que Sax foi apelidado de "Pequeno Sax, o fantasma", pelos vizinhos.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Aos 26 anos, Sax embarcou para Paris com apenas 30 francos no bolso após se formar no Conservatório de Bruxelas. Embora a cidade fosse banhada pelo sangue derramado durante o reinado de Napoleão Bonaparte, em uma época em que havia miséria por todos os lados, o exército prosperava.
O objetivo de Sax era apresentar uma nova gama de instrumentos para o exército francês, de preferência do tipo que fosse perfeito para uso em exercícios militares. Ele criou o saxotromba e a saxtuba, porém nada se comparou ao saxofone, que ele patenteou oficialmente em 28 de junho de 1846.
Sax queria combinar a beleza sutil dos sopros com a flexibilidade das cordas em um instrumento com dois tamanhos: o sopranino ou saxofone pequeno, e o saxofone subcontrabaixo maior. Dessa forma, ele conseguia atingir notas de blues e até mesmo imitar tons melancólicos de instrumentos de cordas.
(Fonte: Catawiki/Reprodução)
Adolphe Sax revolucionou o mundo orquestral a partir do momento que apresentou sua criação ao público, porém não da maneira que gostaria. Os músicos e instrumentistas rejeitaram sua criação tanto quanto a personalidade do criador. Ele foi bombardeado com versões piratas do saxofone por toda a França, onde muitas pessoas preferiam enaltecer o produto de maneira indireta para que não enchesse o ego de Sax.
Com a mídia e a classe musical contra ele, o inventor declarou falência três vezes, em 1852, 1873 e 1877. Nesse ínterim, Sax só vendeu cerca de 20 mil instrumentos de sua oficina. O inventor Hector Berlioz apoiou Sax, alegando que ele sofria uma perseguição de seus rivais digna da época da Idade Média.
Em 7 de fevereiro de 1894, o controverso e injustiçado gênio Adolphe Sax morreu na pobreza, aos 79 anos, em Paris. E, assim como muitos artistas e inventores de seu tempo, seu trabalho só foi glorificado nas décadas seguintes, fazendo dele uma espécie de "guru da música moderna".