Artes/cultura
27/06/2021 às 12:00•2 min de leitura
Na época em que Frances Perkins nasceu, em 10 de abril de 1880, em Boston (Massachusetts, EUA), as mulheres não tinham direito de possuir os próprios bens, assinar contratos, ter o próprio salário, tampouco o privilégio de votar como qualquer homem poderia.
Perkins cresceu à sombra de sua avó, Cynthia Otis Perkins, que a influenciou com suas ideias e vontade por reivindicação do lugar das mulheres em uma sociedade que as via como apoio para os cotovelos dos homens. Por outro lado, seu pai Frederick a educou da melhor maneira o possível, chegando a submetê-las até a aulas de grego.
Em 1902, ela se formou em Física pela Universidade Mount Holyoke de Massachusetts, porém foi em uma aula de Economia que o curso de sua carreira mudou. Ao ser solicitada pelo professor para observar as condições de trabalho nas fábricas da Nova Inglaterra, Perkins ficou horrorizada ao descobrir que nada protegia a vida e a saúde dos operários, de maneira que os riscos compensassem os possíveis ferimentos.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Determinada em mudar esse cenário, Perkins obteve seu mestrado em Economia e Sociologia pela Universidade de Columbia, em 1910, sendo nomeada à Secretária Executiva da Liga dos Consumidores da Cidade de Nova York.
Ela trabalhou para proteger mulheres e crianças que trabalhavam em fábricas, implementando cargas horárias de 54 horas semanais. Em 25 de março de 1911, houve um incêndio de grandes proporções na fábrica Triangle Shirtwaist, no Greenwich Village, ceifando a vida de 146 pessoas e expondo as condições precárias de trabalho.
Foi só com a tragédia que Perkins conseguiu levar seu projeto de reforma para uma escala maior, quando foi criado o Comitê de Segurança, do qual ela foi nomeada chefe por recomendação do próprio Theodore Roosevelt.
(Fonte: Peoples's World/Reprodução)
Foi assim que ela conseguiu criar e estabelecer o mais abrangente conjunto de leis que regem a saúde e segurança do trabalho nos Estados Unidos. Em 1918, Perkins tornou-se a primeira mulher a integrar um cargo administrativo no governo de Nova York ao entrar para a Comissão Industrial do estado, bem como a mulher mais bem paga em um cargo público.
Em 1933, ela foi a primeira mulher a integrar o gabinete do governo na história do país ao se tornar Secretária do Trabalho de Franklin D. Roosevelt, indo atuar diretamente da Casa Branca. Lá, Perkins desenvolveu e implementou a base do New Deal do então presidente, projetado para combater os efeitos da Grande Depressão.
No ano seguinte, o Congresso aprovou a sua Lei da Previdência Social. Em 1938, ela desenvolveu a Lei dos Trabalhadores, que estabeleceu o salário mínimo e a jornada máxima de trabalho, além de proibir trabalho infantil.
Com a morte de Roosevelt, em 12 de abril de 1945, Perkins renunciou ao cargo após anos de contribuições que mudaram a sociedade norte-americana, seguindo à risca sua ideia: “Um governo deve ter como objetivo dar a todas as pessoas sob sua jurisdição a melhor vida possível”.
Infelizmente, sua história segue ofuscada na narrativa dos Estados Unidos.