Saúde/bem-estar
28/06/2021 às 04:00•2 min de leitura
Por volta de 4 ou 5 de maio de 1917, em meio a Primeira Guerra Mundial, 275 soldados alemães da R.I.R 111 de Württemberg ficaram presos no túnel Winterberg, localizado na montanha de Craonne (Aisne, França), na frente de batalha de Chemin des Dames da Segunda Batalha de Aisne.
O túnel, um buraco de 300 metros de comprimento e 20 metros de profundidade, era usado para abastecer a primeira linha de frente com homens, artilharia e munições. Quando as duas entradas desabaram pelo bombardeio dos franceses, os soldados alemães pertencentes ao 111º Regimento de Infantaria da Reserva de Baden, entraram em colapso nervoso. No ápice do desespero, muitos se suicidaram no mesmo dia, deixando seus cadáveres para que seus companheiros se alimentassem deles.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Sem perspectivas de salvação ou qualquer suprimento, a maioria morreu de sede e apenas dois foram salvos uma semana depois. Segundo o The Irish Times, nem as autoridades francesas ou alemãs demonstraram esforços para localizar o túnel de Winterberg e os cadáveres dos homens sepultados nele para retorná-los para suas famílias.
Em 2009, o historiador amador Alain Malinowski e seu filho Pierre, encontraram o túnel através de um mapa antigo e decidiram procurar pelo local de entrada.
(Fonte: LCI/Reprodução)
Mais uma vez, apesar de todo o alarde que a movimentação de pai e filho causou na mídia, o governo não demonstrou nenhum interesse.
Em 2020, cerca de 104 anos depois que os soldados foram deixados para morrer, os Malinowski começaram a cavar sozinhos a entrada do túnel, após 11 anos à procura do local exato.
Pai e filho escavaram centenas de latas de ração do Exército, máscaras de gás, duas metralhadoras, um rifle, baionetas, um sino e os restos mortais de dois soldados. Eles contataram as autoridades regionais para informar sobre o achado, porém 10 meses se passaram e eles não obtiveram nenhuma resposta. Então eles resolveram acionar a mídia.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Com isso, o sobrevivente Karl Fisser entrou em contato para falar sobre o desastre esquecido: “Todo mundo estava pedindo água, mas foi em vão. Alguns deliraram sobre resgate, outros por água. Um camarada deitou-se no chão ao meu lado e grasnou para que alguém atirasse nele”, relatou Fisser.
A dupla de escavadores obrigou os oficiais franceses e alemães a considerar publicamente a escavação dos restos mortais dos soldados, sendo que eles já rastrearam os descendentes de 9 homens que morreram no túnel de Winterberg.
Pierre Malinowski espera que as autoridades deem aos combatentes um enterro adequado após anos de negligência. Ele também tem esperança de que tudo o que for encontrado com os cadáveres se torne a maior reserva de material humano da Primeira Guerra de todos os tempos.
No final das contas, não é para menos que os alemães costumam chamar a Primeira Guerra Mundial de “a guerra esquecida”.