Estilo de vida
14/08/2021 às 10:00•2 min de leitura
Era 1959 quando o Instituto Smithsonian recebeu uma carta da Sra. James Shirley C. Wade, oferecendo para vender uma tela de linho com o retrato a tinta de Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos.
O retrato era emoldurado por um halo de estrelas e com uma águia no topo da imagem, como se o carregasse, pairando de maneira vitoriosa. De seu bico escorria uma fita onde estava escrito: “T. Jefferson Presidente dos Estados Unidos. John Adams não existe mais”.
A imagem foi criada em meio a uma campanha eleitoral amarga que exigiu a intervenção do Congresso para entregar a vitória de Jefferson, tendo o sistema de votação tão falho quanto as leis vigentes.
Thomas Jefferson. (Fonte: Peoplepill/Reprodução)
Toda a eleição foi marcada pelos republicanos do lado de Jefferson acusando John Adams de conspirar para estabelecer uma nova monarquia alinhada com os britânicos. Por outro lado, os federalistas que lutavam com Adams apontavam que o "ímpio" Jefferson acabaria com a religião na república.
(Fonte: The Vintage News/Reprodução)
Apesar de todo o drama histórico por trás do retrato, a maior pergunta era: como a Sra. Wade possuía uma relíquia tão significativa para a história americana? De acordo com a mulher, seu filho Craig Wade, de 15 anos, com seu irmão Richard, descobriu a tela em uma vala em uma ferrovia perto de Pittsfield, Massachusetts, em 1958. Craig a levou para casa e simplesmente pregou-a na parede de seu quarto.
A família só percebeu a importância da tela depois que os irmãos passaram a se revezar para levá-la à escola e mostrar aos amigos. Quando um dos professores viu a imagem, ele recomendou que ela fosse apresentada a um museu local porque poderia ter muito valor para a história.
Foi a Sra. Wade quem levou a relíquia até um comitê de professores da Universidade de Harvard. Após um exame da obra, eles concordaram que o artefato era autêntico e deveria estar em um museu porque era um dos poucos artefatos que sobraram da eleição de 1800.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
“Todos nós, da Sociedade Histórica de Massachusetts, estávamos convencidos de sua autenticidade indubitável e o consideramos um item realmente notável”, relatou Luman Butterfield, editor-chefe do The Adams Papers, em entrevista ao The Smithsonian Magazine.
Após isso, várias instituições fizeram ofertas a Sra. Wade antes que ela mandasse sua carta ao instituto. Os jornais informaram que ela teria recebido uma proposta de US$ 100 — considerado um valor muito expressivo para a época.
Para adquirir a imagem, o museu procurou o advogado Ralph E. Becker, que usou seus contatos políticos e conseguiu que Clarence Barnes, o ex-procurador-geral de Massachusetts, aconselhasse a família Wade durante a negociação de venda do artefato. A princípio, a Sra. Wade pediu US$ 5 mil pelo objeto, mas cedeu à proposta de US$ 2 mil feita pelo Sr. Becker.
Craig e Richard Wade nunca souberam a relevância que tinha o achado. No final das contas, se não fosse pelas férias de verão, os dois garotos jamais teriam encontrado aquele tesouro nacional. No entanto, o mistério ainda prevalece sobre como o retrato histórico da eleição de 1800 foi parar em um buraco às margens de uma ferrovia.