Louis Réard criou o biquíni que revolucionou a Guerra Fria

14/08/2021 às 11:002 min de leitura

Foi no verão de 1946, à sombra de um ataque nuclear, que surgiu o biquíni. Quando o engenheiro automotivo francês Louis Réard lançou o primeiro design moderno para a peça, o Vaticano o decretou como "pecaminoso", e vários estados dos Estados Unidos (EUA) proibiram seu uso em público.

Desde a década de 1930, a sociedade estava acostumada com o estilo europeu do maiô, que cobria tudo exceto uma faixa do torso.Então, a versão ousada de Réard, para algo que hoje é naturalizado, causou tanto estranhamento e vergonha que nem mesmo as modelos queriam usá-lo de tão expostas que se sentiam.

Foi por isso que o francês contratou a dançarina Micheline Bernardini para estrear sua criação em um concurso de beleza, em 5 de julho de 1946. Foi lá que Réard apelidou aqueles “quatro triângulos do nada” de “biquíni”, em referência ao atol da Ilha do Pacífico — que teve várias ilhas devastadas pelos experimentos nucleares da Operação Crossroads.

A guerra dos maiôs

(Fonte: Portal Pepper/Reprodução)(Fonte: Portal Pepper/Reprodução)

Réard, que assumiu o negócio de lingerie de sua mãe no início de 1940, divulgou que o seu "menor maiô do mundo" seria tão "explosivo" quanto os testes nucleares dos EUA que deslumbrava a todos. A comparação fazia sentido, visto que os designers haviam entrado em guerra entre si desde 1943, por causa da lei federal dos Estados Unidos que ordenava que o mesmo tecido sintético usado na produção da peça fosse reservado para a fabricação de pára-quedas durante a Segunda Guerra Mundial.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Mesmo com o fim do conflito, quando a peça mais barata e fácil de produzir de Réard chegou à indústria, a competição entre os designers de maiôs, em 1946, foi diretamente associada ao cenário da Guerra Fria e das armas de destruição em massa. Além disso, eles também viram uma oportunidade de capitalizar ainda mais o próprio produto sobre o mórbido medo da aniquilação nuclear que as pessoas sentiam.

Até o governo dos Estados Unidos tentou suavizar a imagem dos testes nucleares ao fazer homenagens às beldades de Hollywood nas bombas que produziam, como aconteceu com a atriz Rita Hayworth, que teve sua foto colocada sob a bomba da Operação Crossroads com a frase: “Linda, mortal e usando todas as armas de uma mulher”.

Uma revolução "explosiva"

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Foi naquela mesma semana que Réard anunciou seu biquíni, um exemplo duradouro de como a indústria se aproveitava da Guerra Fria, levando ao pé da letra o ditado de que “tudo é justo no amor e na guerra”. Na época em que a sexualização do corpo da mulher atingiu o ápice no país, a criação de Réard significou apenas um dos fenômenos do capitalismo do pós-guerra.

A Guerra Fria ficou marcada como o período em que os americanos mais adquiriram bens de consumo e todos os tipos de produto só venderam porque os anunciantes tentaram fazer sentido daquela iminente sensação de morte.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

O biquíni vendeu muito e se popularizou porque as mulheres deixaram de lado o medo de mostrar suas barrigas, apoiadas na possibilidade de que talvez não fossem ter a oportunidade de usar algo como aquilo com o fim do mundo tão próximo.

Era o mundo da moda adicionando plutônio na batalha entre o capitalismo e o comunismo.

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