Ciência
05/10/2021 às 09:30•2 min de leitura
Muitas pessoas que passam pela Leinster Gardens, uma famosa rua do distrito de Bayswater (Westminster, Londres), especialmente os turistas, por vezes não percebem que há algo de errado com duas das casas do conjunto de prédios altos e ornamentados, de pórticos laterais de coluna iônica levemente projetados e encimados por varandas balaustradas, janelas de guilhotina flanqueadas por coríntias caneladas de meio diâmetro e cornijas de bordas brancas — tudo no melhor estilo da Era Vitoriana.
No entanto, aquele que for curioso o suficiente para se aproximar e observar com um olhar mais atento, perceberá que as janelas neoclássicas dos números 23 e 24 estão pintadas de branco de maneira uniforme, como que cobertas por um papel ou até mesmo feitas de papel. Além disso, a pessoa notará que não há caixas de correio em frente a ambas as portas. O motivo é simples: essas casas simplesmente não existem, são apenas fachadas.
(Fonte: Southern Highland News/Reprodução)
Sem teto, sem chão e sem paredes, ninguém, de fato, pode entrar nas casas 23 e 24 da Leinster Gardens. Mas por quê?
Para entender isso, é necessário voltar ao século XVIII, em meados da década de 1860, quando a Metropolitan Line (primeira linha de metrô do mundo) estava sendo construída e se expandindo para a região oeste de Londres, atravessando a área de Bayswater.
Grande parte da linha foi construída por meio do método "cortar e cobrir", ou seja, em vez de perfurar o túnel no subsolo, ele foi cavado de cima e depois coberto. Contudo, esse processo resultou na destruição sistemática de muitos edifícios, incluindo as casas no número 23 e 24 da Leinster Gardens.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
A maioria dos prédios demolidos pela construção da linha do metrô foram reconstruídos rapidamente, mas nessa rua da cidade foi diferente porque as autoridades propuseram que o local fosse um ponto de ventilação. Naquela época, os trens subterrâneos eram movidos a carvão e vapor, portanto precisavam liberar as emissões acumuladas dos comboios para o ar livre em intervalos regulares.
Visto que Leinster Gardens era uma região onde só morava a elite londrina, a proposta não agradou muito os habitantes locais até que chegassem ao acordo de que seriam construídas apenas fachadas de casas para que os trens pudessem passar atrás delas sem quebrar a estética.
(Fonte: Daily Mail/Reprodução)
Por muitos anos, o local foi alvo de pegadinhas e fraudes, como na década de 1930, quando um vigarista vendeu ingressos para uma turba de pessoas endinheiradas para um baile de caridade que aconteceria naquele endereço. Além disso, pizzas foram encomendadas e táxis chamados até que a indústria toda se tornasse consciente sobre a verdadeira natureza dos endereços. Atualmente, a Transport for London é a responsável pela manutenção das casas, que são a prova de que, em Londres, as coisas nem sempre são o que aparentam.