Quem foi Madame Mao, a mulher mais temida da China comunista

13/10/2021 às 02:002 min de leitura

Jiang Qing, apelidada de Madame Mao pelo ocidente, foi a terceira e última esposa do temido líder comunista chinês, Mao Tsé-Tung. Revolucionária para uns e radical para outros, ela fez seu próprio caminho rumo ao topo.

Jiang e Mao. (Fonte: Day Day News/ Reprodução)Jiang e Mao. (Fonte: Day Day News/Reprodução)

Jiang nasceu em 1914, batizada Li Shu-meng, mas adotaria vários pseudônimos ao longo de sua vida. Casou-se com Mao em 1939, dez anos antes de ele se tornar presidente. Contudo, é mais lembrada por liderar a Revolução Cultural, iniciada em 1965.

Rumo ao poder

Em 1949, a República Popular da China havia, finalmente, se estabelecido. Nessa época Jiang Qing se manteve distante dos olhares do público e aparecia ocasionalmente como anfitriã em eventos culturais ou recepcionando visitantes estrangeiros.

Mao e Jiang em 1946. (Fonte: Getty Images/ Post Magazine/ Reprodução)Mao e Jiang em 1946. (Fonte: Getty Images/Post Magazine/Reprodução)

A partir de 1963, no entanto, Jiang começou a ser mais ativa na política. Uma de suas primeiras iniciativas foi patrocinar um movimento teatral, que tinha a finalidade de adicionar formas de arte tradicionais com temas proletários. A reforma cultural encabeçada por Jiang cresceu aos poucos, culminando na Revolução Cultural que começou a varrer o país asiático em 1966.

Nesse mesmo ano Jiang chegou ao auge de seu poder e influência. Em 1966 conquistou muita fama, respeito e seguidores graças aos discursos inflamados que fazia em reuniões de massa e devido ao seu envolvimento com grupos de jovens radicais da Guarda Vermelha.

O terror revolucionário

Sendo uma das pouquíssimas pessoas em que Mao Tsé-Tung confiava, Jiang Qing acabou ficando com o posto de vice-chefe da Revolução Cultural. Com isso, obteve extensos poderes sobre o funcionamento da vida cultural chinesa.

Nesse cenário é interessante lembrar que a China é dona de uma cultura com milênios de história e, com a Revolução Cultural, o país viu milhares de casas serem invadidas. Quadros, instrumentos musicais e manuscritos foram destruídos. 

Estima-se que cerca de 7 mil monumentos históricos tenham desaparecido. Fora do campo patrimonial, milhares de pessoas foram torturadas e perseguidas, principalmente aquelas que tinham algum indício de afinidade com o confucionismo ou com o mundo ocidental.

Para se ter ideia do terror, em Guangxi, próximo da fronteira com o Vietnã, lanchonetes exibiam os corpos dos inimigos do Estado pendurados como carne de porco em ganchos. Quem quisesse comer, era só pedir um pedaço do humano morto. Diretores de inúmeras escolas também foram parar “na panela” pelas mãos dos estudantes, que depois comiam suas carnes.

O fervor inicial da Revolução Cultural, contudo, foi diminuindo ao mesmo tempo em que a importância de Jiang também era afetada. Ela voltaria aos holofotes por pouco tempo em 1974 como uma porta-voz e líder cultural da nova política do marido.

A gangue dos quatro

A Revolução Cultural de Mao usou e abusou do poder, atormentando a China ao extremo e mesmo assim ele não seria responsabilizado. O Partido Comunista chegou à conclusão de que era melhor reconhecer que a iniciativa havia sido terrível, e que Mao tinha culpa.

No entanto, em um misto de desvio de intenções e enganos, a culpa foi direcionada para a chamada Gangue dos Quatro, formada por oficiais do alto escalão do Partido que adotaram uma versão radicalizada da revolução.

(Fonte: AP/ BBC/ Reprodução)(Fonte: AP/ BBC/Reprodução)

Após a morte de Mao em setembro de 1976, a Gangue dos Quatro começou a perder poder. Cerca de um mês depois, seus membros (incluindo Jiang Qing) foram denunciados, expurgados do Partido e submetidos a julgamentos que mais pareciam espetáculos.

A defesa de Jiang alegou que ela agiu sob às ordens do marido, mas ainda assim acabou condenada à morte. No entanto, não foi executada e, em maio de 1991, foi encontrada morta aos 77 anos. Oficialmente, a causa da morte foi suicídio, mas há quem duvide dessa versão.

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