Estilo de vida
07/12/2021 às 12:00•2 min de leitura
Uma operação da Polícia Federal (PF) no estado do Amazonas têm afugentado centenas de garimpeiros ilegais que viajaram ao estado em busca de ouro. A maioria dos garimpeiros estava atracado no município de Autazes, a apenas 113 km da capital do estado, Manaus.
No mês de novembro, fotos e vídeos começaram a circular na internet mostrando centenas de balsas minerando ilegalmente no rio Madeira. As fotos foram divulgadas por ambientalistas da organização não governamental (ONG) Greenpeace. A entidade monitora crimes ambientais na região há anos.
Devido à repercussão negativa do fato, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou em nota que a Marinha e a Polícia Federal realizariam operações na região do rio Madeira para desestimular o garimpo.
Ambientalistas do Greenpeace, também em nota publicada no site oficial, questionaram a divulgação dessa informação, pois, segundo a ONG, teriam ajudado os garimpeiros a fugirem antes das autoridades chegarem, impedindo-os de serem levados à Justiça.
O preço da grama do ouro aumentou 48% no mercado americano. (Fonte: Shutterstock)
Vários fatores têm contribuído para o aumento do garimpo ilegal no Brasil: o preço da grama do ouro aumentou quase 50% desde 2018. Além disso, vender ouro garimpado ilegalmente é relativamente fácil.
Existem diversas empresas que compram ouro de forma legal. Para vendê-lo, o indivíduo precisa contar a origem do minério. Se ele disser que a origem é legal, vinda de um garimpo autorizado, a empresa pode comprar e revender o produto, inclusive exportando-o, visto que a palavra do vendedor já é suficiente para confirmar a legalidade da origem do metal.
Além disso, as falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) são recebidas pelos garimpeiros como um aceno à atividade mineradora, que já disse diversas vezes que o garimpo é um de seus hobbies. Bolsonaro também já chegou a defender mineração em florestas e terras indígenas, o que causa revolta em ambientalistas e moradores dessas regiões devido à contaminação das águas por mercúrio.
(Fonte: Folhapress)
De acordo com um estudo divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), houve uma queda significativa no número de multas ambientais aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A média anual de multas caiu 43,5% nos anos de 2019 e 2020, quando comparada à média de anos anteriores.
Esse fato também pode contribuir para o aumento do garimpo ilegal no rio Madeira, já que a fiscalização das atividades realizadas nele é de responsabilidade do governo federal, visto que se trata de um rio com divisa entre estados.
A mineração no leito do rio Madeira exige a presença de mergulhadores. Esses indivíduos derrubam os barrancos do rio e sugam essa terra usando bombas de sucção. Essa terra, então, vai para esteiras nas balsas onde o ouro é separado de resíduos. Acontece que não são raros os casos em que os mergulhadores são soterrados embaixo da água.
Contaminação por mercúrio pode inviabilizar a pesca, atividade fundamental para o sustento dos moradores da região. (Fonte: Shutterstock)
Para aqueles que sobrevivem, há o risco de contaminação por mercúrio — o elemento é necessário para separar o ouro das impurezas. Além de contaminar os mineradores, o material também contamina a água dos rios, acumulando-se em seres vivos, como peixes.
Isso gera uma contaminação em cadeia que prejudica a fauna, os pescadores, consumidores de pescado e a economia local. Além disso, a destruição do solo devido à mineração danifica a vegetação e impacta o ecossistema local.