Bushido: o código de honra samurai usado até hoje

12/12/2021 às 08:003 min de leitura

Símbolos das histórias de conquistas no Japão, os samurais foram uma classe de guerreiros que se destacou pelo cumprimento do dever e pelo comportamento honroso em relação à nação, dando a vida por seus líderes, colegas e familiares em momentos de crise e revolução. Essa ideologia constava em um código, conhecido como Bushido, que foi o pilar para a construção da mentalidade ética que serviu de base ao compromisso social japonês, estendendo-se à modernidade como forma de exaltação às virtudes.

(Fonte: Reprodução)(Fonte: Reprodução)

Consolidado durante os períodos Heian a Tokugawa (794-1868), o código do guerreiro Bushido consistia em um manual de práticas que transmitissem uma compreensão clara sobre o certo e o errado, dando sentido para a vida dos soldados por meio dos preceitos da Justiça (Gi), Coragem (Yuu), Benevolência (Jin), Educação (Rei), Sinceridade (Makoto), Honra (Meiyo) e Lealdade (Chuugi). Tais ideais foram herdados das doutrinas budistas, xintoístas e confucionistas, que enfatizavam a lealdade pessoal e adesão rigorosa à hierarquia social.

Apesar de a época medieval japonesa ter sido palco de traições e desonras, como aconteceu durante a Batalha de Sekigahara (1600) entre os lendários Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu, o Japão estava infestado pelos ideais de respeito ao mestre, seguindo os textos da "bíblia do samurai" revelados pelo Hagakure, livro escrito pelo guerreiro Yamamoto Tsunetomo (1659-1719).

Segundo a obra, se um samurai “apenas colocar seu mestre em primeiro lugar em importância, seus pais se alegrarão e os deuses e Budas darão seu consentimento. Para um guerreiro, não há nada além de pensar em seu mestre.”

(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

O código também estimulava a prática do seppuku — suicídio ritualístico — a guerreiros que tiveram derrotas vergonhosas ou que assumiram postura de covardia, sendo oficialmente levado para o Ocidente em meados do século XIX, ganhando notoriedade mundial quando compilado pelo cristão Inazo Nitobe no livro Bushido: The Soul of Japan

A alma do Japão

Nitobe era um dos muitos japoneses que optaram por encontrar suas oportunidades profissionais fora do país de origem. O jovem oriental, que aprendeu tudo sobre os costumes e as tradições de sua nação em seus estudos nos Estados Unidos (EUA), temia pelo fim das práticas de honra no Japão, visto que o atual centro asiático era amplamente visado por investidores e exploradores como alvo da expansão industrial e do abrigo de tecnologias inovadoras.

(Fonte: Reprodução)(Fonte: Reprodução)

Com o império de Meiji "Matsuhito, O Grande" entre 1867 a 1912, o caráter distinto do Japão passou a ser ameaçado, e tudo indicava que a era dos samurais estava chegando ao fim. Foi então que a obra de Nitobe, Bushido: The Soul of Japan, escrita em 1900, mostrou a europeus e americanos os fundamentos dos costumes orientais e de que forma era possível se identificar com o código do guerreiro, mesmo vivendo em realidades completamente distintas.

O texto compilado das virtudes serviu de base para uma revolução imperialista no Japão, que recrutou milhares de jovens para servirem a seu país e colaborarem para a expansão colonial, de forma a estabilizar a nação após uma depressão econômica agravada pelos conflitos internos. Assim, o Bushido foi amplamente incorporado nos manuais de treinamento modernos de militares e escolas públicas no início do século XX.

Resposta imediata

Em poucos anos, o Japão viu seu exército se fortalecer em meio a tentativas de golpe operadas por grupos de extrema esquerda, ocorridas em meados de 1930, ano em que teve início a política imperialista no país — com a anexação da Manchúria em 1933 — e culminou com as tensões da Segunda Guerra Sino-japonesa (1937-1945). Cada vez mais o governo apostava em figuras de liderança que soubessem se impor, de forma a motivar soldados e fazer valer o código do guerreiro moderno.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

O ápice da prática ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados lutaram até o último instante e não se renderam em frente ao fim iminente. “E no último ano da guerra tais atitudes contribuíram para uma 'orgia' de derramamento de sangue que nenhum dos lados poderia evitar, embora em meados de 1944 a derrota do Japão fosse inevitável e fácil de prever”, comentaram historiadores.

Quase 40 anos depois do embate, o Japão segue aplicando o Bushido em outras esferas sociais, apesar de ainda manter suas raízes nas artes marciais e no suporte às guerras. Com o crescimento econômico em meados de 1980, empresas já praticavam os preceitos da virtude, da lealdade e da ética no trabalho, tendo no livro de Nitobe as bases estruturais para o sucesso, bem como o bom relacionamento dentro e fora do país.

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