Ciência
23/12/2021 às 09:30•2 min de leitura
Muitas pessoas conhecem o notório Luís XIV, rei da França e de Navarra, por seu empreendimento milionário e histórico: o Palácio de Versalhes. Este foi construído na década de 1660 e abrigava toda a corte real em seus mais de 8 quilômetros quadrados de área, com 2,3 mil cômodos. No entanto, poucos sabem que o “Rei Sol”, como também era chamado, tinha um apetite voraz, diferente de tudo o que a realeza já viu.
Assim que se mudou para seu empreendimento, todos os rituais que ele fazia tinham comida como "convidado principal". Suas refeições eram dividas entre um café da manhã considerado leve, seguido de um almoço bem farto e depois o Grand Couvert, um jantar servido às 22h em seus aposentos, com a presença de membros da família, cortesãos, o público e até músicos. Era sempre considerado o evento do dia.
(Fonte: Maringa Post/Reprodução)
A média de pratos que Luís XIV ingeria por refeição era de 20 a 30, bem recheados — o que faz de uma "refeição leve" no café da manhã um simpático eufemismo. Ostras, salmão e sardinha compunham o cardápio básico, assim como a carne fervida com vegetais, o equivalente ao nosso arroz com feijão. Depois vinha pratos com canapés, como faisão, marisco, sopa e patês, e as frutas eram servidas em uma grande pirâmide bem-diversificada para limpar o paladar do rei, com o intuito de que ele se preparasse para os assados, como peru, pato, javali e frango.
Para que tudo isso fosse bem servido, eram necessárias 300 pessoas para preparar a comida. Os guardas escoltavam os banquetes da cozinha, localizada a cerca de 1 quilômetro de onde eram cozinhados, até a mesa. Nem todos os convidados comiam, muitos apenas iam prestigiar a comilança do homem e, quando ele terminava, os servos retiravam os pratos, mesmo que os outros não tivessem acabado.
(Fonte: IDN Times/Reprodução)
Segundo a princesa Palatina, sua cunhada, o rei poderia comer quatro pratos de sopa, um faisão inteiro, um perdiz, um prato grande de salada, duas fatias de presunto, carneiro ao molho de alho, uma bandeja de frutas e ovos cozidos. Tudo isso em apenas uma refeição. Como ele podia comer tanto?
O estômago é um músculo que pode se expandir ou contrair até 1 litro, dependendo do tamanho da pessoa. É possível que Luís tivesse uma dilatação devido ao excesso de comida que ingeria, porém, o que ele tinha a seu favor era que muitas de suas seleções eram saudáveis. Se fosse na modernidade, ele provavelmente não iria muito longe comendo desse jeito ou sofreria de fortes constipações, ainda mais porque ele seria certamente seduzido por opções nada saudáveis.
Contudo, essa conta veio durante a velhice, quando ele ficou gravemente acima do peso, e a perna dele acabou gangrenando. Alguns biógrafos acreditam que ele tenha desenvolvido diabetes tipo 2 devido à falta de exercícios, a escolhas alimentares e à obesidade.
O coração embalsamado de Luís XIV. (Fonte: All That's Interesting/Reprodução)
Em 13 de agosto de 1715, Luís XIV morreu aos 76 anos, após 72 anos servindo como rei. Durante a autópsia, seu corpo foi dividido em três partes: corpo, coração e entranhas. O coração dele foi embalsamado e colocado na Igreja dos Jesuítas, em Paris.
Com o estopim da Revolução Francesa, o coração dele foi roubado e acabou em posse do Arcebispo de York, Lord Harcourt. Reza a lenda de que William Buckland visitou Harcourt em 1848 e pegou o coração mumificado, mas não resistiu à tentação e devorou parte dele.
Não se sabe ao certo se ele pediu permissão para fazer isso ou se foi tomado por impulso, afinal o geólogo era conhecido por ser obcecado por comidas estranhas, tendo jurado que comeria um pedaço de cada criatura do reino animal até o fim de sua vida.