Ciência
02/01/2022 às 11:00•2 min de leitura
Algumas pessoas passam suas vidas inteiras morando na mesma casa — enquanto muitos mudam de cidade ou até de país em busca de novas oportunidades e experiências. Mas quem se muda, geralmente, são as pessoas. Já no caso de Kiruna, na Suécia, quem está mudando é a cidade.
Toda a cidade de Kiruna — com suas casas, ruas e infraestrutura — está se movendo 3 km para o leste. Para entender como e por que isso está ocorrendo, continue lendo.
(Fonte: Forbes/Reprodução)
A história da mudança de Kiruna começa na virada do século XX, quando a mineradora Luossavaara-Kiirunavaara Aktiebolag (LKAB) começou a explorar reservas de ferro na Lapônia Sueca. Para acomodar seus trabalhadores e tornar a operação possível, a empresa estatal fundou uma nova cidade: Kiruna, criada em abril de 1900.
Durante as décadas seguintes, a cidade cresceu — hoje, abriga mais de 20 mil pessoas. Ela se tornou local de lançamento de foguetes, ganhou um famoso hotel de gelo e outros pontos que atraem turistas, como sua bela igreja. Além disso, Kiruna é a cidade mais ao norte da Suécia e, por isso, conta com fenômenos naturais como a aurora boreal e o sol da meia-noite.
Enquanto isso, os minérios continuaram sustentando a cidade financeiramente e se tornaram responsáveis por 90% da produção de ferro da União Europeia. Isso porque o minério extraído em Kiruna é incrivelmente mais puro que o de outras minas europeias.
O problema é que a mineração gera vários impactos ambientais e, em Kiruna, a maior ameaça é a erosão do solo. Como os depósitos de ferro estão em um ângulo de 60 graus, a retirada causa rachaduras no solo próximo da mina.
(Fonte: Forbes/Reprodução)
No início isso não era um problema, mas conforme mais e mais ferro foi sendo retirado, a erosão foi aumentando até chegar à cidade, comprometendo a estrutura dos prédios.
Em meados dos anos 2000 foi decidido que parte de Kiruna seria movida de lugar para que as atividades da mineradora pudessem continuar. Mesmo parecendo uma ideia estranha, a opção realmente era a mais viável, já que a LKAB é cerca de 20% da população. O prejuízo com a paralisação seria muito maior.
Depois de algumas propostas, o novo local foi definido em 2010, três quilômetros a leste da cidade original. Até mesmo um concurso internacional de arquitetos foi feito para escolher o novo plano da cidade. A proposta vencedora inclui um centro com nova prefeitura, praças e mais espaços de convivência — que recebeu a aprovação dos moradores.
A mudança começou em 2014, com a instalação da infraestrutura. Os moradores têm a opção de vender suas casas por 20% acima do valor de mercado ou ganhar uma nova casa na nova Kiruna. Estima-se que 6 mil pessoas precisarão fazer essa escolha e mudar de casa.
Enquanto isso, 21 prédios históricos — como a bela igreja de mais de 100 anos — terão de ser movidos para a nova Kiruna. Alguns são carregados em caminhões, inteiros, enquanto outros precisam ser reconstruídos, tijolo por tijolo.
A ideia é mover a cidade aos poucos, conforme cada região precisa se mudar para não ser prejudicada pela mina. O projeto pretende terminar todo o processo no final do século — quando a mineradora já terá investido, pelo menos, 1 bilhão de dólares na mudança da cidade.